A crise alimentar global desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia se intensificou hoje, quando a Indonésia apertou as restrições às exportações de óleo de palma, somando-se a uma lista crescente de países que buscam manter suprimentos vitais de alimentos dentro de suas fronteiras.
O conflito na Ucrânia está ameaçando a produção global de grãos, o fornecimento de óleos vegetais e as exportações de fertilizantes, elevando os preços das commodities básicas e refletindo a crise nos mercados de energia.
O óleo de palma é o óleo vegetal mais usado no mundo, utilizado na fabricação de muitos produtos, incluindo biscoitos, margarina, detergentes e chocolate. Os preços do produto subiram mais de 50% este ano.
O ministro do Comércio da Indonésia, Muhammad Lufti, disse que as restrições às exportações visam garantir que os preços do óleo de cozinha permaneçam acessíveis aos consumidores.
O aumento dos preços ocorre em um momento em que a acessibilidade dos alimentos é um grande desafio, já que as economias buscam se recuperar da crise do coronavírus.
A tendência de preços também tem ajudado a alimentar um aumento mais amplo da inflação em todo o mundo.
A Rússia e a Ucrânia também são importantes fornecedores de óleos comestíveis, e contribuem com quase 30% das exportações globais de trigo.
A Ucrânia anunciou hoje que proibiu uma ampla gama de exportações agrícolas, incluindo cevada, açúcar e carne, até o final do ano.
O conflito não apenas interrompeu os embarques da região do Mar Negro, mas também compromete as perspectivas de colheitas à medida que os preços dos fertilizantes disparam e os estoques diminuem em resposta ao forte aumento no custo do gás natural — um componente-chave no processo de fabricação de muitos produtos.
Os futuros de óleo de palma da Malásia subiram para uma máxima histórica após o anúncio da Indonésia, enquanto os preços do óleo de soja saltaram para um pico de 14 anos.
Os preços do óleo de soja subiram quase 40% este ano.
Procurando por suprimentos
Rússia e Ucrânia são grandes produtores de óleo de girassol, respondendo junto por quase 80% das exportações globais, levando clientes como a Índia a lutar para garantir o fornecimento de alternativas como óleo de palma e óleo de soja.
Os futuros de trigo de Chicago subiram cerca de 60% até o momento este ano, ameaçando aumentar o custo de alimentos básicos, como pão.
A perda de dois grandes exportadores como Ucrânia e Rússia foi agravada pelas notícias de que a condição da safra de trigo no maior produtor mundial, a China, pode ser a “pior da história”, segundo o ministro da Agricultura do país.
As más condições de cultivo em partes afetadas pela seca das planícies dos Estados Unidos podem restringir ainda mais a oferta.