Começou ontem (10) e vai até 13 de maio, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o 39º World Nut and Dried Fruit Congress (Congresso Mundial de Nozes e Frutos Secos), espaço destinado a receber representantes dessas cadeias produtivas de 60 países. O evento é promovido pelo Conselho Internacional de Nozes e Frutas Secas (INC, na sigla em inglês), com sede na Espanha. Fundado há 38 anos, o INC reúne 80 países. Segundo a entidade, este é um mercado global que cresce a taxas médias de 7% ao ano.
O Brasil busca espaço no mercado de castanhas e nozes, com suas castanhas nativas no papel de porta bandeiras. O potencial de mercado está acima de US$ 1 bilhão para o país, valor que o Chile tem alcançado com facilidade em suas exportações.
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No ano passado, as vendas externas do Brasil alcançaram US$ 151,9 milhões no embarque de 27,3 toneladas (estão fora dessa conta as frutas secas). As castanhas do Pará e a de caju lideram as exportações, mas há outras castanhas e nozes brigando por um naco desse mercado, como o baru, a macadâmia, a macaúba e a noz pecã.
No caso da noz pecã, um fruto quase desconhecido na maior parte do país, e ainda pouco consumido localmente, o Brasil já é o quarto maior produtor mundial, atrás de Estados Unidos, México e África do Sul. Na safra encerrada, a produção de 6.000 toneladas representou um recorde. Cultivada nos estados do Sul, com o Rio Grande do Sul à frente com 70% da produção, os produtores esperam abrir mercado em Dubai.
Nove empresas brasileiras para vender nozes e castanhas confirmaram presença na feira. Não por acaso, depois de cerca de 15 horas de voo, Edson Ortiz, 52 anos, dono da marca de noz pecã Divinut, única representante da fruta no evento, desembarcou em Dubai disposto a abrir mercados.
A Divinut, com cadeia verticalizada – da fazenda ao consumidor – produz no município gaúcho de Cachoeira do Sul, em uma região de intenso cultivo de arroz e soja. Para manter de pé o projeto que já completou duas décadas, a marca faz parcerias com produtores da região na compra das nozes, montou um viveiro de mudas e presta assistência técnica.
Ortiz está de olho nas demandas da China e países do Oriente Médio. No primeiro dia da feira, ele já tinha agendadas três rodadas de negócios. No mercado internacional, de acordo com o executivo, a noz pecã é vendida por US$ 10,00 o quilo CIF, ou seja, todos os custos de transporte e seguro, até o porto de destino, ficam por conta do vendedor.
“São nozes descascadas, dentro de um padrão norte-americano do FDA, um padrão com largas exigências, normas e testes de laboratórios, tanto que já entramos no mercado europeu com esse tipo de produto”, afirma Ortiz.
Iniciada em 2020, as vendas para o exterior começaram pela Itália. Neste ano, elas foram para a Espanha.“O universo das nozes e castanhas é amplo, o mercado é dinâmico e está em constante expansão. Estamos em um excelente momento para buscar oportunidades no setor, fazer novos contatos e fechar negócios”
Mundo das castanhas e nozes
Um público de cerca de 1.100 profissionais da indústria desse segmento é esperado para o congresso mundial, único evento internacional exclusivamente dedicado à castanha e frutos secos.
Estão no programa uma série de mesas redondas dos produtos sob o guarda-chuva do INC, entre eles amêndoas, castanhas do Brasil, cajus, avelãs, macadâmias, nozes, pinhões, pistaches, nozes, amendoins, tâmaras, damascos secos, arandos secos, figos secos, ameixas secas, passas, sultanas e groselhas.
Nos últimos dez anos, a produção global de nozes e castanhas (base kernel, exceto pistache com casca) seguiu uma trajetória ascendente e atingiu mais de 5,1 milhões de toneladas na safra 2021/2022, uma queda de 6% ante o recorde da temporada anterior, mas 50% acima de dez anos atrás.
Amêndoas e nozes europeias representaram 32% e 19% da produção, respectivamente, seguido de caju (17%), pistache (15%) e avelãs (11%). As demais nozes, macadâmias, pinhões e a castanha do Pará somavam os 6% restantes.
O consumo global deste segmento, estimado em 5,2 milhões de toneladas por ano, aumentou a um ritmo médio de 210.800 toneladas por ano, na década.
Os amendoins alcançaram uma produção global de 50 milhões de toneladas nas duas últimas safras, volume 35% acima da safra 2012/13. As exportações totais de amendoins sem casca ultrapassaram 2,6 milhões de toneladas em 2020 (dados mais recentes), com uma taxa média de crescimento anual de 140.800 toneladas ao longo da última década.
As frutas secas também tiveram um mercado ascendente e forte. Foram produzidas no mundo 3,1 milhões de toneladas na safra 2021/22, para um consumo atual estimado em 3,2 milhões de toneladas, o que requer uma gestão apertada dos estoques de passagem. O crescimento representa um acréscimo médio de 63.900 toneladas por ano, em relação à década anterior.