As exportações de café solúvel do Brasil recuaram 4,7% no primeiro quadrimestre de 2022, para o equivalente a 1,22 milhão de sacas de 60 kg, com impacto de embarques menores para a Rússia e Ucrânia em função da guerra, informou hoje (13) a associação que representa o setor.
O desempenho negativo ocorre fundamentalmente pelo recuo nas compras de Rússia e Ucrânia, cujas importações do café solúvel brasileiro, juntas, caíram 66.572 sacas de janeiro ao fim de abril, afirmou a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).
A situação pode piorar, uma vez que o Brasil não registrou nenhuma exportação em abril para a Rússia, país que figurou no ano passado como segundo principal destino do café solúvel brasileiro, atrás apenas dos Estados Unidos.
A Abics estima recuo de 500 mil sacas equivalentes nos embarques este ano, ou cerca de 100 milhões de dólares a menos, caso a guerra continue.
“Considerando que nossas exportações totais recuaram 60.851 sacas no quadrimestre, essa baixa na performance até o momento se justifica pela quantidade que deixamos de exportar a essas nações do Leste Europeu desde o início do conflito”, disse o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima, em nota.
As exportações de solúvel do Brasil giram em torno de 10% dos embarques totais de café do país, que somaram mais de 40 milhões de sacas em 2021, sendo a maior parte de grãos verdes.
A guerra também vem tendo impactos nos embarques o produto in natura do Brasil.
A medida que a guerra se alastra, disse Lima, os impactos deverão ser significativos, uma vez que Rússia e Ucrânia são, tradicionalmente, grandes clientes do café solúvel brasileiro.
As duas nações são responsáveis por praticamente 13% do volume remetido pelo Brasil ao exterior, tendo importado, no ano passado, o equivalente a 534 mil sacas de solúvel, comentou o executivo.
A Ucrânia foi o sétimo destino das exportações brasileiras no ano passado.
Lima comentou que o colapso em que se encontra a Ucrânia e as consequências das restrições e sanções impostas à Rússia praticamente já paralisaram as importações desses países, afetando diretamente o produto nacional.
“Os russos não adquiriram nada do solúvel do Brasil em abril deste ano e os ucranianos apenas 519 sacas. No mesmo mês de 2021, por exemplo, eles haviam importado 30.759 sacas e 7.667 sacas, respectivamente”, ressaltou.
Diante de todos os impactos e consequências da guerra, o diretor da Abics revela que o setor de café solúvel do Brasil está “apreensivo e preocupado”, já que ainda continuam os gargalos logísticos, como escassez de contêineres e navios, e os altos custos da matéria-prima para exportar a todo o mundo.
No primeiro quadrimestre de 2022, o Brasil exportou seus cafés solúveis a 99 países, com os Estados Unidos sendo o principal cliente. Os norte-americanos importaram 234.717 sacas até abril, o que representa 19,2% do total. A Rússia, mesmo com recuo de 29,5% nas compras, ainda se mantém no segundo lugar, adquirindo 83.806 sacas, ou 6,9% do geral.
No mercado interno, o consumo de café solúvel no Brasil avançou 1,2% de janeiro ao final de abril. Os brasileiros consumiram o equivalente a 284.239 sacas no período.