A norte-americana Bunge e a indiana UPL anunciaram hoje (30) um acordo para criar a Orígeo, empresa que combinará a experiência da trading e processadora de grãos da primeira com o portfólio de insumos e serviços agrícolas da segunda.
A Orígeo fornecerá soluções de ponta a ponta para agricultores da macrorregião MAPITOBAPA –nome formado pelas siglas dos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Bahia e Pará– e terá foco em cerca de 400 grandes produtores que atuam em 4 milhões de hectares, ou o equivalente a quase 10% da área de soja do Brasil.
O Norte e Nordeste, embora não sejam as principais regiões produtoras de grãos do Brasil, são as que têm registrado os maiores crescimentos de área, de cerca de 10% na última safra de soja, com o Maranhão avançando 18,6% e o Pará 13,3%, segundo números oficiais.
“É uma região de potencial enorme, região que tem mais de 13 milhões de hectares das culturas que a gente tem foco, produzindo mais de 22 milhões de toneladas… muito importante, de grandes produtores…”, disse o CEO da UPL Brasil, Rogério Castro, em entrevista à Reuters.
Mas ele ressaltou que a ideia é focar nos 400 produtores, “uma lista bem definida” para que a Orígeo possa desenvolver um plano de negócios com esses agricultores, que já trabalhavam diretamente com a Bunge, UPL ou com as duas empresas, que terão participação igualitária na nova companhia.
A Orígeo reforçará a atuação da Bunge em uma região na qual ela já tem a liderança na originação e processamento de soja, com duas fábricas, uma na Bahia e outra no Piauí, assim como a UPL, que está entre as maiores na venda de insumos como fertilizantes foliares, de biosolução, e agroquímicos.
Com a Orígeo, Bunge e UPL poderão atuar desde pré-plantio até comercialização e escoamento das safras.
“O escritório de Orígeo é dentro da fazenda, o time vai mapear oportunidades, ver qual é a melhor semente, o químico, o melhor fertilizante”, acrescentou o vice-presidente de Agronegócio da Bunge na América do Sul, Rossano de Angelis Junior, na entrevista.
Além de oferecer soluções de insumos, logística, financiamento e originação, as metas da Orígeo passam também por “visão futura de agricultura”, com preocupação grande em relação à sustentabilidade ambiental do negócio, um desafio adicional para terras em novas fronteiras agrícolas do Norte e Nordeste, de forte crescimento de plantio.
“Vemos muita sinergia em criar esta plataforma, inclusive para sustentabilidade, não só com produtos que levem esta sustentabilidade, por exemplo, produtos de biosolução, que ajudam o produtor a fazer uma agricultura de baixo carbono, mas também no estabelecimento de metodologias que possam ajudar o produtor a sequestrar carbono no solo, gerar créditos, vai ser uma jornada grande”, disse Castro.
Angelis Junior, da Bunge, disse que a nova empresa terá as mesmas metas de sustentabilidade ambiental, que no caso da multinacional norte-americana incluem desmatamento zero em 100% da originação de grãos a partir de 2025.
O negócio está sujeito ao cumprimento de condições precedentes costumeiras a este tipo de transação, incluindo sua aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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