A ferrugem asiática é uma praga para as lavouras do país. Na soja, ela pode levar a perdas de até 90%, enquanto os custos de manejo para os agricultores excedem US$ 2 bilhões (R$ 5,12 bilhões) por safra, somente no Brasil. Encontrar soluções que amenizem essa perda é um dos desafios para a pesquisa na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). e eles não estão sozinhos. A corrida contra a doença é global.
Na última quarta-feira (15), a Embrapa anunciou a publicação de um artigo com a participação dela e de outras instituições de pesquisa nacionais e internacionais sobre avanços obtidos com o sequenciamento e montagem de três genomas do fungo causador da ferrugem asiática da soja. Essa novidade pode ajudar no avanço da compreensão da adaptabilidade desta doença que é uma das principais dores dos produtores da oleaginosa.
“A ferrugem é um dos nossos maiores desafios fitossanitários, porque o fungo é capaz de se adaptar às estratégias de controle, seja pela perda da sensibilidade aos fungicidas ou pela quebra da resistência genética presente nas cultivares de soja”, explica Alexandre Nepomuceno, avalia o chefe-geral da Embrapa Soja (PR).
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A pesquisa, publicada pela Science Advanced, foi realizada pelo Consórcio Internacional do Genoma da Ferrugem Asiática da Soja, formado pela Embrapa, a Universidade Federal de Viçosa (MG) e outras 10 instituições e empresas, como as multinacionais Bayer e Syngenta. Uma das autoras do artigo, Francismar C. Marcelino-Guimarães, da Embrapa Soja, afirma que a pesquisa descobriu que o fungo apresenta um dos maiores genomas entre os fitopatógenos. Isto significa que a sequência completa de DNA (ácido desoxirribonucleico) do organismo causador da doença possui um grande número de células diferentes, informação nova que pode facilitar o entendimento sobre o fungo. “Verificamos ainda que o genoma é altamente rico em sequências de DNA repetitivo, dentre estes os elementos transponíveis, alguns destes ativos durante a sua interação com a soja, constituindo então atores importantes na variabilidade e adaptabilidade deste fungo”, explica Francismar.
Além de facilitar a compreensão científica sobre o fungo, os levantamentos podem ajudar empresas e agricultores a desenvolverem formas mais eficazes de manejo da oleaginosa, evitando a ocorrência e disseminação da doença.
“Com o genoma mapeado, podemos analisar o contexto da doença e o histórico de mutações, possibilitando que nos antecipemos às novas possíveis variações do fungo”, pontua Dirceu Ferreira Junior, líder de inovação aberta na divisão agrícola da Bayer para a América Latina. “A partir dessas informações, também conseguimos aperfeiçoar o manejo e as soluções contra o fungo, além de gerar insights para o desenvolvimento de sementes com tecnologias de proteção à ferrugem asiática.”
Para Nepomuceno, a parceria da Embrapa com o consórcio mostra como parcerias público-privadas podem agilizar a busca por soluções para os principais desafios da agricultura. “A participação dos nossos pesquisadores em iniciativas como a deste consórcio internacional revela que o investimento em pesquisa e inovação é o caminho para garantirmos a sustentabilidade do sistema produtivo de soja no Brasil.” (Com Embrapa)
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