A israelense Haifa Group, produtora de nitrato de potássio e soluções de nutrição vegetal, está em busca de empresas de fertilizantes para aquisição no Brasil, com o objetivo de tornar o país seu quinto hub global, onde produtos serão fabricados e fornecidos a demais subsidiárias no mundo.
O portfólio de produtos da Haifa conta com produtos como fertilizantes solúveis (para fertirrigação), aplicação foliar e adubos de liberação controlada em granulados para aplicação no solo, um segmento de produtos especiais que tem crescido, especialmente no momento em que o mercado de adubos tradicionais enfrenta as consequências da guerra da Ucrânia.
A Haifa trabalha em um dos mercados em que atua a brasileira Vittia, que tem produtos no segmento de fertilizantes foliares e vem observando bom crescimento da demanda.
“Idenficamos o Brasil como um agente de crescimento… vemos que há necessidade de ter uma produção local aqui”, disse hoje (20) o CEO global da Haifa, Motti Levin.
O país detém uma das 17 subsidiárias da companhia no mundo.
Com a planejada aquisição, a unidade brasileira passará de subsidiária à fábrica, juntando-se a outros polos produtores da Haifa localizados em Israel, França, Estados Unidos e Canadá.
“A Haifa está (com produtos) em mais de 100 países, com 17 subsidiárias, e temos fábricas só em 4, o Brasil será o quinto. E quando a gente tem fábrica em um país ele vira hub para o resto das subsidiárias”, disse à Reuters o diretor da companhia para a América do Sul, Gustavo Branco.
“Então nós vamos produzir aqui, para atender o mercado local e vender para outros países, o Brasil vai virar um exportador para nós… Temos parte da matéria-prima e a Haifa mandaria outra parte”, acrescentou.
Como subsidiária, a unidade brasileira está presente em oito Estados e atende seis países sul-americanos.
O CEO comentou que a empresa realizou este processo de fusões e aquisições em outros lugares do mundo e agora está com um pipeline de potenciais companhias que podem ser adquiridas no Brasil, já em negociação.
Ele não detalhou o investimento previsto para a transação e nem prazos, adiantou apenas que o fechamento deve acontecer “em breve”.
A Haifa ficou próxima de concluir uma aquisição no país em 2019, mas a pandemia do coronavírus interrompeu as negociações e a compra não foi concretizada.
Branco destacou que a construção de uma unidade brasileira poderia ser uma opção, mas as burocracias em torno do projeto tornariam o processo mais moroso.
“Para começarmos uma unidade do zero, precisaríamos de licenciamento ambiental, etc. Com (a compra de) uma empresa que já esteja funcionando, ganhamos muito mais tempo”, disse.
Em 2021, segundo o diretor, a unidade do Brasil teve faturamento de R$ 130 milhões, aumento de 42% no comparativo anual.
Para este ano, ele disse que a expectativa é de alta, mas evitou cravar um número devido aos gargalos logísticos que todo o mercado tem passado, com atrasos nas entregas de produtos importados causados pela pandemia e agravados pela guerra na Ucrânia.
Para 2023, Branco acredita que o mercado de fertilizantes especiais no país deverá crescer dois dígitos, em linha com a média de 35% registrada nos últimos anos.
O aumento de custos de produção para fertilizantes químicos causado pela guerra no leste europeu — visto que a Rússia e Belarus são dois dos maiores fornecedores globais — intensificou a procura dos agricultores por adubos especiais, afirmou Branco.
Amônia
O gerente comercial da Haifa, Isi Kela, afirmou à Reuters que a empresa está em processo de construção de uma fábrica de amônia em Israel, com 30% das obras concluídas. A expectativa é que a unidade esteja operacional em 2024.
“Isso vai permitir usar o gás de Israel e ter absoluta independência em todas as matérias-primas para poder produzir os fertilizantes”, disse ele.
O investimento estimado para a planta é de mais de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão) e novos aportes estão sendo feitos para que a unidade seja abastecida por energia solar.