José Luís Cutrale fundou a Sucocítrico Cutrale com seu pai quando tinha 21 anos
O bilionário José Luis Cutrale, conhecido como o “Rei da Laranja” do Brasil por ter construído um poderoso negócio de exportação de suco (e por ter irritado alguns produtores de laranja no caminho), morreu aos 75 anos na última quarta-feira (17). O empresário faleceu em Londres por causas naturais, segundo uma declaração de sua família.
Quando menino, Cutrale trabalhou para seu pai, um comerciante e produtor de laranja, no Mercado Municipal da Cantareira, em São Paulo. Em 1967, aos 21 anos, os dois fundaram a empresa Sucocítrico Cutrale.
O negócio cresceu e se tornou um das líderes do setor, exportando suco de laranja fresco e concentrado para o mundo. Seus clientes já incluíram os gigantes Minute Maid e Simply Orange. Em meados da década de 1990, a empresa comprou da Coca Cola plantas de processamento de laranja na Flórida.
A Sucocítrico Cutrale não divulga suas receitas, mas algumas estimativas ficam em torno de US$ 4 bilhões (ou R$ 20,7 bilhões).
Sucos, saladas e assistência médica
José Luis Cutrale era “um homem de poucas palavras e grande empenho, com forte capacidade de relacionamento interpessoal e brilhantismo nos negócios”, descreve o comunicado da família. Ele investiu em uma ampla gama de negócios, incluindo saladas, bebidas, lanches, logística, imóveis, serviços financeiros e assistência médica.
Em 2015, ele e o bilionário Joseph Safra (falecido em 2020) adquiriram a empresa de bananas Chiquita Brands International por US$ 1,3 bilhão. As receitas do grupo – agora chamado Chiquita Holdings – atingiram US$ 3,1 bilhões em 2020, o ano mais recente para o qual os registros estão disponíveis.
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Em 2016, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) divulgou, após um caso que se estendeu por 18 anos, que havia chegado a um acordo de US$ 88 milhões com vários produtores de suco de laranja acusados de conspirar para reduzir os preços pagos aos fruticultores. Os produtores incluíam a Sucocítrico Cutrale e outras cinco, segundo o Wall Street Journal. A empresa de Cutrale não se pronunciou sobre o acordo na época.
Em novembro de 2021, o escritório de advocacia do Reino Unido PGMBM (hoje com o nome de Pogust Goodhead), representando 1.500 produtores de laranja brasileiros, anunciou que uma decisão do Supremo Tribunal lhe permitiu avançar com uma ação na Inglaterra contra José Luis Cutrale e seu filho, por conta dos laços do empresário com o país, incluindo uma casa em Londres.
A ação busca indenização para os produtores, que alegaram que Cutrale participou de um cartel ilegal que suprimiu os preços e forçou milhares de pessoas a sair do negócio. A ação ainda não foi a julgamento.
Um porta-voz de José Luis Cutrale disse em um comunicado: “Este litígio é um exemplo de compra de fórum internacional por requerentes que tentam se livrar de processos brasileiros infundados e prescritos – onde eles não têm legitimidade – e implementar a lei brasileira no Reino Unido. Os esforços do PGMBM são apenas uma tentativa sofisticada, bem financiada, mas infrutífera, de ressuscitar alegações que já foram ouvidas no Brasil.”
José Luis Cutrale deixa a esposa Rosana, três filhos – Junior, Henrique e Graziela – e seis netos. A Forbes estimou sua fortuna em US$ 1,9 bilhão, o que o coloca em 1.579º lugar na lista de bilionários do mundo. Já no Brasil, ele ocupava a 31º posição.
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