O mercado brasileiro está mais bem preparado para uma futura janela de ofertas de ações (IPOs) de empresas do agronegócio, um setor ainda com pouca representação na bolsa B3 considerando o tamanho do segmento para o PIB do Brasil, avaliou hoje (29) o CEO da Boa Safra , Marino Colpo.
“Acredito muito na próxima janela (de IPOs),” disse Colpo, executivo da empresa de sementes e uma das mais novas do setor a entrar na bolsa.
Ao participar de painel do Agro Forum, promovido pelo banco BTG Pactual hoje (29), ele começou dizendo que ainda existe uma distância “grande” entre a avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, e o campo.
Mas complementou que mais e mais participantes do mercado passam a ter em suas equipes especialistas no agronegócio, um segmento que responde por cerca de 25% do PIB nacional, considerando as indústrias e serviços associados.
“Cada vez mais temos contato com gente especialista em agro dentro das casas. Isso já me acende uma luz, de que as ‘assets’ e os fundos de investimentos estão preparados para uma nova vinda do agro (para a bolsa)”, declarou.
Para o executivo, isso é importante para que o mercado compreenda a sazonalidade típica do setor, que muitas vezes impacta os resultados das empresas pelo próprio ciclo das safras.
Colpo comentou que ainda não é ideia da companhia fazer “follow-on” de ações.
Fábio Nazari, sócio do BTG Pactual que moderou painel com executivos de Jalles Machado e Agrogalaxy, entrantes recentes na B3, também mostrou confiança em uma nova safra de IPOs do agronegócio.
“O setor do agronegócio é pouco representado na bolsa brasileira, pelo que significa no Brasil e no mundo”, disse ele.
O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, indicou na abertura do evento que o banco quer continuar como parceiro importante do setor agropecuário.
“Na área de crédito, sempre apoiamos o agronegócio, gostamos muito do setor e nos últimos anos temos aumentado ainda mais a nossa participação neste mercado”, disse Sallouti, lembrando que a exposição de crédito do BTG no agronegócio é de quase 20 bilhões de reais, algo próximo de 20% do portfólio da instituição.
Em dois anos, o BTG liderou emissões de quase 11 bilhões de reais no mercado de ações para os clientes no setor, disse o CEO.
No período, o banco também realizou emissões de CRAs, debêntures e bonds para as empresas do agronegócio, com 29 emissões atingindo mais de 20 bilhões de reais.