As chuvas que impulsionaram o plantio de soja no Paraná neste início do ciclo 2022/23 agora prejudicam os trabalhos, que tendem a ficar mais lentos nesta semana por conta da elevada umidade que dificulta a entrada das máquinas nos campos, segundo especialistas e meteorologistas disseram hoje (26)
Analistas privados têm estimado o plantio de soja do Brasil já realizado em aproximadamente 2% da área projetada para o maior produtor e exportador da oleaginosa, em ritmo à frente da média histórica para o período.
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Isso, em boa parte, devido ao forte avanço inicial no Paraná, atingido por chuvas antes mesmo da entrada oficial da primavera. No entanto, agora as precipitações são vistas como excessivas.
“No momento, estamos com bastante chuva pelo Estado, o que pode gerar um ritmo mais lento de plantio nesta semana”, disse o analista Edmar Gervásio, do Deral (Departamento de Economia Rural).
A chuva é benéfica para o que foi plantado, contudo.
“Nesta semana as chuvas vão ocorrer de forma persistente e com volumes expressivos entre Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, e devem impactar atividades no campo…”, disse a meteorologista Nadiara Pereira, da Climatempo.
Ela citou impacto para a colheita do trigo e de cana, além do plantio de milho e soja.
Segundo o analista Adriano Gomes, da consultoria AgRural, o Paraná puxou o plantio no Brasil, que poderia estar ainda mais adiantado, “não fossem as chuvas frequentes no Estado”.
Trabalhos acelerados da primeira safra em geral garantem uma boa janela climática de plantio de grãos para o inverno.
Em outras regiões produtoras do Brasil, as precipitações ainda estão irregulares e o plantio tem avançado em áreas que receberam chuva, como é o caso de Mato Grosso, completou Gomes.
A semeadura de soja em Mato Grosso, maior produtor nacional, teve início na semana passada e atingiu 1,79% da área total projetada até sexta-feira (23), apontou o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
Floradas no café
As chuvas desta semana em partes do Sudeste devem favorecer o desenvolvimento do plantio de grãos, como soja e milho, além de induzir floradas de café e laranja, disse o agrometeorologista da Rural Clima Marco Antônio dos Santos.
“A passagem da frente fria manterá o tempo instável e com possibilidade de chuvas a qualquer hora do dia, isso manterá condições ao pleno desenvolvimento das lavouras perenes, como café, cana, laranja… favorecendo (também) o plantio de safras como milho e soja, entre outras”, disse Santos.
Ele disse acreditar que as precipitações devem induzir o florescimento da laranja e café. Para a cana, devem atrapalhar um pouco o andamento da colheita, mas favorecem o desenvolvimento para a safra de 2023.
Para o café, Santos observou que as chuvas não atingirão o Cerrado mineiro de forma generalizada neste momento, o que deve acontecer a partir da primeira semana de outubro, chegando também aos cafezais do Espírito Santo.
“Para áreas de citros e café de São Paulo e sul de Minas Gerais, as condições de umidade já estão favoráveis para a florada. Tivemos boas chuvas na última semana e as chuvas desta semana devem garantir manutenção de umidade”, disse Nadiara, concordando que no Cerrado a irregularidade das precipitações é maior.