O termo “hype”, na moda entre descolados e afins, serve justamente para designar algo que está na moda e que é comentado por todo mundo. É justamente isso que acontece nas cidades do interior do país, ou mesmo nas grandes metrópoles, quando algum empreendedor abre uma cachaçaria: ela vira moda. Geralmente, além da produção vendida localmente, as cachaçarias têm como estratégia exportar para outros mercados.
É o que mostra o Anuário da Cachaça 2021, anunciado na noite de ontem (13), pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O número de municípios brasileiros com pelo menos uma cachaçaria registrada cresceu no ano passado. A quantidade de municípios passou de 586, em 2020, para 611 em 2021, o que representa 10,97% dos municípios brasileiros.
LEIA MAIS: Herdeiros da cachaça: como os Tápparo saíram de São Paulo para o mundo
“O Anuário da Cachaça é mais uma importante entrega do Mapa e retrata um setor em fase de retomada, ao conciliarmos os dados do levantamento com os números promissores que o IBRAC tem divulgado de crescimento da cachaça no mercado interno e externo, principalmente dos resultados parciais de exportação de 2022”, diz Carlos Lima, diretor executivo do IBRAC (Instituto Brasileiro da Cachaça), entidade representativa do setor.
Com a marca de 353 cachaçarias, Minas Gerais segue com maior número de estabelecimentos registrados, posição que já ocupava em 2020. O município de Salinas conta com o maior número: 16 estabelecimentos. Minas também possui o maior número de municípios, 207, com ao menos uma cachaçaria registrada. Além disso, é o estado com a maior densidade, com a marca de um estabelecimento para cada 60.315 habitantes.
Não por acaso, a Região Sudeste domina a produção de cachaça, com 620 estabelecimentos que representam 66,2% do total no país. Em seguida vem o Sul com 138, o Nordeste com 130, o Centro-Oeste com 39 e o Norte com nove estabelecimentos.
Em crescimento percentual, o maior aumento das cachaçarias ocorreu na região Sul, onde a abertura de 20 novas fábricas representou um crescimento de 16,9% em relação ao ano anterior. O aumento foi impulsionado pela abertura de nove novas cachaçarias no Rio Grande do Sul, nove em Santa Catarina e duas no Paraná. O Sul também foi a única região em que todos os estados mostraram crescimento no número de estabelecimentos registrados.
São Paulo, por sua vez, ocupa a segunda posição no ranking, com 143 cachaçarias. O estado registrou um aumento com a abertura de 15 novos estabelecimentos, ou aproximadamente um novo por mês, que correspondem a um crescimento de 11,7% em relação a 2020. Outro destaque é o Espírito Santo que tem quase a metade dos seus municípios (47,4%) com pelo menos uma cachaçaria. Apesar de ser o terceiro estado quanto ao número total de estabelecimentos, com 64 cachaçarias, se encontra na segunda posição na densidade cachaceira, apresentando um estabelecimento para cada 64.214 habitantes. As únicas unidades da Federação que se mantiveram com o mesmo número foram: Alagoas (3), Acre (1), Amazonas (1), Mato Grosso do Sul (1) e Rondônia (1).
Mas, apesar do aumento no número de municípios, de acordo com o Anuário da Cachaça, houve uma diminuição de 2% na quantidade de estabelecimentos produtores de cachaças registrados no Mapa: passou de 955 em 2020, para os atuais 936 estabelecimentos. No período, foram registradas 98 novas cachaçarias e outras 117 cancelaram seus registros, o que corresponde a uma redução líquida de 19 cachaçarias em relação ao ano anterior.
“Se avaliarmos desde 2018, primeiro ano da publicação do anuário, o número de estabelecimentos produtores de cachaça mostra uma leve oscilação ao redor de 943 estabelecimentos. Nesses últimos quatro anos, o único aumento de estabelecimentos registrados se deu de 2019 para 2020, quando passou de 894 estabelecimentos para 955, o que representou um crescimento de 6,8%”, diz Glauco Bertoldo, diretor do departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Mapa.
No entanto, em 2021 atingiu-se a marca de 4.969 registros de cachaças, sendo que desses, 810 continham mais de uma marca comercial no mesmo número de registro. “Isso ocorre porque, quando se tem produto idêntico dentro do mesmo estabelecimento, deverá ser utilizado o mesmo registro de produto para todas as diferentes marcas comerciais utilizadas. Assim, se considerarmos as diferentes marcas comerciais comercializadas sob o mesmo número de registro, chega-se a 6.795 produtos”, afirma Bertoldo. A média brasileira é de 5,2 registros de produtos por estabelecimento.
Em relação ao mercado global, que Lima, diretor executivo do IBRAC comemora, os números são alentadores. A exportação brasileira de cachaça cresceu 29,5% no volume exportado, 7.221.219 litros, e 38,4% no montante de exportações, US$ 13 milhões, em relação ao ano anterior. Em 2021, a cachaça foi exportada para 67 países, sendo o Paraguai e a Alemanha os principais destinos.
Os Estados Unidos foram o maior mercado de exportação para a cachaça, avaliado em US$ 3,5 milhões. Destaca-se também a Europa, com sete países entre os dez principais parceiros econômicos na compra de cachaça. O continente foi responsável por um mercado de US$ 6,2 milhões. A cachaça é um produto típico brasileiro, por isso não há importação deste produto.