O Catar não está apenas de olho no espetáculo do futebol que o Brasil pode oferecer nos estádios preparados para a Copa do Mundo, até 18 de dezembro. O Catar é um freguês também do agro brasileiro. Entre janeiro e setembro, o escaldante país do Oriente Médio importou do Brasil US$ 223,5 milhões (R$ 1,19 bilhão na cotação atual) em produtos do agro, recorde histórico nesta relação comercial, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Foram embarcadas 107,4 mil toneladas de produtos. Em 2021, o total exportado para o Catar também foi próximo, de 107,9 mil toneladas, por US$ 173,6 milhões.
Embora seja um país minúsculo, o Catar está na 48ª posição entre os países que mais compraram produtos do agro do Brasil, de um total de 204 importadores desde o início do ano. Para ter ideia do tamanho do país, é só dividir Sergipe em dois, o menor estado brasileiro. Ou juntar dois Distrito Federal, onde está Brasília, com seus 3 milhões de habitantes, muito próximo da população do Catar que é de 2,9 milhões de pessoas.
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Com alta tecnologia, esse país tenta produzir alimentos em condições de deserto, principalmente hortaliças. No mais, compra do mundo o que precisa. Não por acaso, a relação com o agro do Brasil não é nova. No final dos anos 1990, o país já era um importador, com compras em 1997, por exemplo, de US$ 18 milhões, quase tudo em carne. Foi a partir de 2011 que as compras do Catar superaram pela primeira vez os US$ 100 milhões, rompendo a barreira de US$ 200 milhões neste ano.
Há 21 segmentos da agroindústria que exporta para o Catar. Além de carne, são embarcadas bebidas, café, cacau, suco, cereais, chá e especiarias, fibras, lácteos, pescados, produtos florestais, soja, frutas, entre outros. Confira as 5 maiores exportações de 2022, considerando o período janeiro/setembro, de acordo com dados do Mapa:
1- Carnes in natura, industrializada e congelada
As carnes são o produto mais comprado. Neste ano, já foram embarcadas 96,6 mil toneladas por US$ 211,2 milhões, 94,5% do total geral. O frango representou a maior parte das compras: 90,7 mil toneladas, por US$ 177,9 milhões. Em seguida vem a carne bovina, com 4,9 mil toneladas por US$ 31,4 milhões. O Catar ainda comprou carne de ovinos, pato, peru e miúdos.
A grande virada desse mercado ocorreu em 2008, quando o país ultrapassou a marca de 50 mil toneladas, por ano, e não mais recuou, sempre com a carne de frango na dianteira. O Brasil responde por cerca de 70% do frango consumido no país.
2 – Produtos Florestais
Os produtos florestais, a segunda maior pauta de exportações ao Catar em 2022, renderam US$ 6,1 bilhões para 8,9 mil toneladas de produtos. Ao longo da história de compras, junto com as carnes, os produtos florestais são os que mantêm constância nessa agenda comercial.
Dentre os produtos florestais, a madeira é o principal item comprado. Foram US$ 5,8 bilhões para 8,6 mil toneladas. Entre as madeiras mais exportadas pelo Brasil estão o eucalipto e o pinus, que podem sair em toras ou serrados. Para o Catar, a maior parte dessa madeira vai como produto serrado, muito utilizado na construção civil. Entre as madeiras, os móveis vêm em seguida, com US$ 1 bilhão em vendas. Entre os demais produtos comprados pelo Catar estão borracha natural, celulose e painéis de fibra.
3 – Ovos e gorduras
A terceira maior exportação rendeu ao país, neste ano, US$ 1,9 bilhão para 1 mil toneladas de produtos, entre ovos e gordura animal e óleos vegetais. O mercado para esses produtos foi aberto nos últimos cinco anos e acelerou no ano passado, com vendas da ordem de US$ 887 milhões. A maior parte das vendas, de US$ 1,7 bilhão neste ano, foi de ovos.
4 – Produtos Alimentícios Diversos
Condimentos, molhos, temperos, sorvetes, produtos de confeitaria já renderam ao país US$ 1,5 bilhão. É, também, uma categoria de exportados de longa data da agroindústria brasileira, com anos em que essa linha de comércio já superou os US$ 2 bilhões.
5 – Café
Neste ano, o Brasil já enviou ao Catar 179 toneladas de café por US$ 1,1 bilhão, divididos entre o café verde e o café solúvel. A demanda pelo café brasileiro vem se recuperando, após dois anos (os da pandemia) com vendas abaixo de US$ 1 bilhão, o que até então foi raro, como mostra a série histórica da relação comercial entre os dois países. O Catar, em anos anteriores, comprava acima de US$ 2 bilhões de café no Brasil.