As entregas de fertilizantes aos agricultores do Brasil devem crescer para 44,5 milhões de toneladas em 2023, ante 42,7 milhões de toneladas previstas para 2022, com os preços mais baixos dos insumos ajudando produtores a investir na adubação das lavouras, estimou nesta quarta-feira (9) o Rabobank.
Mas o volume consumido no país, maior importador global de fertilizantes, ainda ficará abaixo do recorde de 45,8 milhões de toneladas do ano passado.
Em 2022, produtores reduziram a demanda por custos mais altos em meio a preocupações sobre a oferta pela guerra na Ucrânia.
Entretanto, à medida que os fertilizantes chegaram ao Brasil este ano, formando estoques, os preços foram pressionados, refletindo também as cotações globais, disse o analista do banco Bruno Fonseca.
“Os preços de fertilizantes estão em queda desde então, tiveram alta bastante grande (anteriormente)… mas essa queda não tem sido suficiente para atrair a demanda para um nível bom (em 2022)”, explicou ele.
Com os estoques de passagem para 2023 estão “bastante altos”, disse o analista do Rabobank, “isso vai favorecer o consumo” no próximo ano.
“O consumo ainda vai ser abaixo de 2021 em 2023, mas vai ter retomada, os níveis de preços vêm caindo, há tendência de redução, e tem tendência de preços bastante bons e atrativos no ano que vem, a relação de troca tende a ficar muito boa para o produtor”, acrescentou ele.
O Brasil tem importado cerca de 85% de seu consumo total de fertilizantes. Após fortes desembarques do insumo nos primeiros meses do ano, com o setor buscando se precaver de eventuais problemas de oferta, as importações ficaram mais fracas recentemente.
Milho na exportação
Se as condições climáticas seguirem favoráveis, o Brasil poderá produzir um volume recorde de milho em 2022/23, com a safra estimada em 126,6 milhões de toneladas, segundo o Rabobank, versus 115 milhões na temporada anterior.
Um aumento da oferta no Brasil e problemas logísticos em importantes exportadores, como os Estados Unidos, que enfrentam um baixo nível do rio Mississippi –canal de escoamento da produção até os portos–, deverão ajudar a impulsionar as exportações brasileiras do cereal, disse a analista Marcela Marini.
O Rabobank estima exportação de milho do Brasil em 2023 entre 44 milhões e 46 milhões de toneladas, o que poderia ser um novo recorde.
A título de comparação, no acumulado do ano de janeiro a novembro, o Brasil deve embarcar 37,9 milhões de toneladas, segundo números da associação de exportadores Anec, que consideram vendas externas de 6 milhões de toneladas neste mês.
Um consumo interno em 2023 de até 82 milhões de toneladas no Brasil deve impulsionar, juntamente com as exportações, um crescimento de 4,6% na área plantada com o cereal em 2022/23, para 22,6 milhões de hectares, segundo dados do Rabobank.
A maior parte do milho do Brasil, contudo, é semeado na segunda safra.
Já a safra de soja do país, que está sendo plantada, foi estimada em recorde de 148,8 milhões de toneladas, ante 148 milhões na previsão de outubro. Isso representaria um crescimento de 17% na comparação com a temporada anterior, afetada pela seca.
O Rabobank ainda estima um aumento de 3,9% na área plantada de soja, para 43,2 milhões de hectares.
A analista disse que a safra de soja está estimada em recorde, mas há riscos associados ao fenômeno La Niña, que pode provocar seca no Sul.
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