Alimento e bebida, ou simplesmente F&B (food & beverage, em inglês), é assunto de todos para falar de tendências. O setor, como um todo, estuda novos produtos, foca em inovação, avalia a concorrência. Mas o que as grandes empresas veem quando olham para o futuro?
Em uma entrevista recente com Melissa Cash, CSO (diretora de estratégia) da Nestlé, foram discutidas quais são as tendências que a Nestlé está prevendo. À medida que entramos em um novo ano, este pode ser um bom momento para olhar para frente e considerar o que essa empresa vê no futuro. Confira os pontos principais:
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O snacking sobe
O setor de lanches cresceu tremendamente desde o advento da pandemia de Covid, possivelmente em grande parte porque as pessoas ficavam em casa com mais frequência e não saíam para tomar café da manhã, almoçar e jantar em restaurantes.
Talvez, o conceito de três refeições por dia tenha acabado com a pandemia. Seja qual for o motivo, os lanches se tornaram uma tendência ainda maior. Mas isso vai muito além de encontrar satisfação doce e salgada em barras de chocolate e chips.
“Smeals” (abreviação de lanches) tornou-se uma nova forma de se alimentar para algumas pessoas, embaladas pelo ritmo de vida agitado, com pegue e leve, ou dois pais que trabalham, além da inflação. E isso está levando a novos produtos, bem como a maiores impulsos para os produtos atuais que podem satisfazer a fome sem o preparo de refeições.
As refeições estão aqui
O Hot Pocket Deliwich da Nestlé, que revolucionou o “descongelar e comer”, é um exemplo. O produto é promovido com a frase: “O futuro do almoço está em um freezer próximo”. Você pode escolher entre opções como peru e Colby, queijo derretido, cheddar e presunto e pepperoni e muçarela.
As refeições, para serem bem-sucedidas, devem ser mais nutritivas e fartas do que o lanche típico, pois substituem uma refeição tradicional. Essa tendência também acelerou as vendas nas lojas C, onde predominam os conceitos de pegue e leve. As empresas de alimentos e bebidas precisam entrar nessa tendência para atender ao que o consumidor deseja.
Como Melissa mencionou, o consumidor da Nestlé é seu verdadeiro norte e, ao ouvir os desejos e necessidades do consumidor, eles podem oferecer produtos que oferecem mais. No momento, lanches ou refeições para viagem são algo que os consumidores desejam.
À base de plantas
Embora essa tendência – que estava em alta – tenha diminuído, o mercado de proteínas à base de plantas deve crescer para US$ 17,4 bilhões (R$ 90 bilhões na cotação atual) até 2027, de acordo com a MarketsandMarkets Research. Seja você vegano, vegetariano ou flexitariano, o veganismo se tornou um estilo de vida. Veggie Forward!
Os produtos de peixe alternativos à base de plantas são tão bons que os consumidores não precisam mais se preocupar com a qualidade e o sabor. E o futuro é ainda mais promissor, pois novos e melhores produtos são desenvolvidos a cada dia. P&D, conheça F&B.
Em toda feira, agora, tem um setor que oferta produtos à base de plantas. A Nestlé tem um grande portfólio de produtos à base de plantas, desde alternativas de frutos do mar até o vegano KitKat, ou KitKat V. O sensational VUNA é uma alternativa de atum feita a partir de seis ingredientes naturais. Wunda é uma alternativa ao leite, a partir de proteína de ervilha.
Alimentos e bebidas funcionais
Agora que “alimentos de humor” e “bebidas de humor” infundidos com CBD (canabidiol) e THC (Tetrahidrocanabinol) são mais comuns, eles se tornaram parte da categoria de alimentos funcionais.
Os consumidores estão especialmente conscientes, desde a Covid, que precisam cuidar de sua saúde e comer e beber produtos saudáveis e nutritivos. A água alcalina da Nestlé, Essentia, fez a empresa pensar sobre quais outros produtos similares poderiam ser tão bem-sucedidos e atraentes para os consumidores.
Direto ao consumidor
O DTC (direct-to-consumer) é uma tendência em empresas e setores. A Nestlé vende cápsulas de café via Nespresso.com. Não discutimos o DTC, mas acredito que a tendência é continuar a crescer em um ritmo vertiginoso.
Enquanto muitas empresas de alimentos e bebidas elogiam seus distribuidores, com o sucesso e a aceitação do e-commerce, algumas estão distribuindo seu próprio produto. Em muitas conversas com distribuidores, a impressão é que são apenas e tão somente transportadores de caixas e empresas de logística. Isto, se eles não oferecerem algo a mais para seus clientes.
Será que o grande F&B acabará resolvendo a logística para ir direto aos consumidores? Compramos tudo online. A economia de custo final para o consumidor seria algo não esperado mas bem-vindo, especialmente com a atual taxa de inflação, embora isso possa não acontecer em um futuro muito próximo. Mas está dado que o DTC também pode se tornar uma tendência crescente. Então, fique ligado, porque isso está se desenvolvendo.
* Louis Biscotti é colaborador da Forbes EUA, líder do grupo Marcum’s Food and Beverage Services e palestrante sobre finanças e negócios.