Inovabilidade. Sim, a palavra existe e é ordem na Syngenta, a multinacional chinesa, de origem suíça, de agroquímicos para as lavouras, e que tem o Brasil como o seu maior mercado global. “É inovação com sustentabilidade, pesquisa pura e aplicada”, explica Grazielle Parenti, head de negócios e sustentabilidade da Syngenta na América Latina e que, em 2021, foi destaque na Lista Forbes das 100 Mulheres Poderosas do Agro. “Os desafios que temos hoje não são somente do ponto de vista ambiental, social e de proteção de florestas, mas de produtividade e de estabilidade financeira para fazer as coisas acontecerem.”
No setor do agro há 28 anos, quando entrou como trainee da francesa Louis Dreyfus Company, em uma época em que o BI (business intelligence) era um conceito que carecia das ferramentas digitais para explodir como ferramenta de gestão – como ocorre nos dias atuais –, Grazielle fala sobre a necessidade de pesquisa não ser apenas um elemento de laboratório na Europa, por exemplo. Para ela, o movimento em busca da inovação é feito na fazenda, e de acordo com as especificidades de cada região do país.
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A Syngenta coloca em P&D (pesquisa e desenvolvimento) US$ 1,4 bilhão por ano, globalmente, em busca de soluções tecnológicas que respondam às várias demandas do campo para a proteção de lavouras contra pragas e doenças. É um trabalho gigante para os 76,6 milhões de hectares de grãos da safra 2022/23, como prevê para esse ciclo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentado em outubro. Sem contar as áreas de cultivos perenes e semiperenes, como café, frutas, florestais, além de hortaliças e verduras.
Não por acaso, entre os anos de 2018 e 2020, a Syngenta fez um movimento de incorporação de startups, seguido de uma verticalização dos negócios da inovação com a Syngenta Digital. São 6 milhões de hectares de grãos monitorados no Brasil, principalmente no Centro- Oeste, para um total de 30 milhões de hectares no mundo. “Competitividade no agronegócio não depende só de sol e chuva, ela vem justamente das suas melhores práticas e do desenvolvimento tecnológico”, conta Grazielle. “Exemplo são os insumos biológicos, que vão se complementar aos químicos, trabalhar em conjunto. As especificidades do clima, da biodiversidade, da saúde do solo são fundamentais e chaves para a agricultura.” E não apenas para as grandes culturas e grandes produtores. Grazielle cita parcerias com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para os cultivos de, por exemplo, mandioca e de feijão, visando a pequenos e médios produtores rurais.
“Todo mundo ganha com tecnologia no campo”, afirma. “A gente é uma referência em agricultura tropical e exportamos as boas práticas dessa agricultura.” Um exemplo é o plantio direto sobre a palha e sem revolver a terra, no qual o país é referência global: tem 32 milhões de hectares no sistema e estimativa de chegar a 60,6 milhões de hectares até 2030, cerca de 75% da área estimada de plantio até lá. E, claro, sem abrir áreas de floresta ou outra vegetação nativa. Somente o projeto Reverte, em parceria com o Itaú BBA, pretende recuperar 1 milhão de hectares de áreas degradadas, fazendo dessa área, hoje improdutiva, um oásis de cultivo de lavouras. Nos últimos 45 anos, o país já mostrou do que é capaz, levando a produtividade de sua agricultura a um crescimento de 400%, segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da USP. “Não podemos perder nenhuma oportunidade de apresentar lá fora o que a gente já faz em boas práticas de plantio direto de cobertura”, diz Grazielle.
*Reportagem publicada na edição 102, lançada em outubro de 2022