A AgFoodVentures, que nasceu como aceleradora e consultoria estratégica de open innovation, está colocando no mercado uma plataforma de investimentos baseada na blockchain e focada no desenvolvimento de startups da cadeia de valor do agronegócio. A nova função veio também com a mudança de nome. Até então, a startup se chamava AgVenture Hub, criado em 2020 no município de Varginha, sendo o primeiro hub de inovação do Sul de Minas Gerais.
“A plataforma, além de ser pioneira e trazer a segurança e transparência da tecnologia blockchain, aplicará o conceito de smart money”, diz Alain Marques, fundador e CEO da AgFoodVentures. Marques também é líder do comitê de agfoodtechs da Associação Brasileira de Startups e membro do conselho da Agroven, clube de investidores agro no Brasil. “A iniciativa, além do aporte, oferece às startups o acesso a uma rede de investidores abertos a ajudar com mentorias e abertura de mercado, além de abrir oportunidade para qualquer pessoa aportar junto aos maiores especialistas do setor.”
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O executivo diz que a expectativa para esta nova fase do projeto é fomentar e acelerar boas startups de toda cadeia agfood. Além de atuar no país, a AgFoodVentures possui parcerias principalmente em Israel e no Vale do Silício. Também foi selecionada no programa IA²MCTI (Inteligência Artificial do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovações), com open innovation, investimentos e conexão com corporate ventures.
“Hoje, muitos investidores atuantes no setor do agronegócio não conseguem investir diretamente em startups AgriFoodTechs e muito menos ajudá-las no seu processo de crescimento”, afirma Marques. Do outro lado, as startups carecem de investidores “smart money”, ou seja, aqueles investidores que podem além de investir nas startups, também aplicar seu conhecimento e networking para ajudar as startups a crescerem mais rapidamente. Isso diminui riscos de ambos os lados.”
Em 2021, as agfoodtechs levantaram investimentos recorde de US$ 52 bilhões, de acordo com a mais recente edição do Relatório Anual de Investimento da AgFunder 2022. O valor representa um aumento de 85% em relação ao total de US$ 27,8 bilhões de 2020, indicando um mercado aquecido e uma demanda acelerada.
Os EUA continuam sendo o maior mercado do mundo para investimento em agfoodtechs, com 41% do capital investido e respondendo por 34% dos deals globais em 2021. O Brasil subiu várias posições em relação a 2019 e aparece como o 6º país que mais investe no setor, sendo o 5º com maior número de startups investidas.
No relatório Radar Agtech Brasil 2022, realizado pela Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens, foram mapeadas 1.703 agtechs ativas no país, 8,2% a mais que em 2020/21 (1.574). Somente atuando ‘depois da fazenda’ são 756 startups, a maioria (281) com alimentos inovadores e novas tendências alimentares, mais 123 empresas com marketplaces e plataformas de negociação e venda de produtos agropecuários.
“Se o Brasil é uma potência hoje no agronegócio, é graças aos cientistas e empreendedores que, utilizando de muita ciência, tecnologia e inovação”, diz Marques. “Hoje, com um modelo mais acelerado das startups, temos a chance de não só liderar a produção de commodities, mas também agregar valor com muita inovação tecnológica em toda a cadeia de valor do agronegócio, seja antes, dentro ou após porteira.”