A safra de café do Brasil em 2023 foi estimada nesta quinta-feira (19) em 54,94 milhões de sacas de 60 kg, alta de 7,9% na comparação com 2022, com um aumento das áreas em produção assim como melhores produtividades em importantes regiões cafeeiras, apontou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu primeiro levantamento para a colheita deste ano.
Em apresentação dos números, o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, disse que o Brasil terá em 2023 um ano “atípico” da bienalidade negativa do ciclo do café arábica, uma vez que muitas áreas vão entrar em produção, principalmente em Minas Gerais, Estado que responde por 67% da lavoura dessa variedade no país.
Normalmente, a safra cai em anos de bienalidade negativa, mas devido a adversidades climáticas nos últimos anos, como seca e geadas severas em 2021, a entrada em produção de muitas áreas foi postergada de 2022 (de bianualidade positiva) para 2023, elevando agora a safra em determinadas regiões. O país produziu no ano passado muito menos que o potencial.
“Com o clima muito desfavorável em 2021, muitas lavouras não entraram em produção em 2022, e agora em 2023 quase 100 mil hectares (a mais) estão em produção, principalmente em Minas Gerais”, disse o presidente da Conab, que não considera que houve inversão de ciclo no país, maior produtor e exportador global de café.
A estatal projeta um aumento de 3,3% na área de cafezais em produção no país (cafés arábicas e canéforas), para 1,9 milhão de hectares em 2023. Apenas de arábica, são 1,5 milhão de hectares, sendo 1,1 milhão em terras mineiras.
Já as lavouras em formação tiveram uma redução anual de 11%, para 355,5 mil hectares, pois muitas delas entraram em produção.
Em anos de bienalidade negativa, como é o caso de 2023, geralmente acontece o contrário, as áreas em formação aumentam e as em produção caem.
Técnicos da Conab ainda foram confrontados, durante apresentação transmitida pela internet, sobre números maiores do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para a área de café em produção no Brasil, o que impacta em uma estimativa de safra total diferente.
Eles responderam que cada órgão tem a sua metodologia, e que a Conab busca aperfeiçoar as informações, inclusive dados sobre o consumo, que mexem no balanço de oferta e demanda.
Números da Conab sobre café são vistos por parte do mercado como subestimados. Algumas instituições que monitoram o setor, como o Rabobank, chegaram a projetar a safra de café do Brasil em 68,5 milhões de sacas.
A avaliação da Conab é que a colheita deverá se iniciar em março e ser concluída em novembro, sendo o pico dos trabalhos nos meses de junho e julho, “não havendo nenhum indicativo de atraso ou adiantamento”.
Produtividade
Segundo a Conab, após adversidades climáticas limitarem a produção do café arábica nas safras 2021 e 2022, a expectativa também é de recuperação nas produtividades, com o tempo favorável nas principais regiões produtoras, como Minas Gerais.
A safra de café arábica, que responde pela maior parte da produção do Brasil, foi estimada em 37,4 milhões de sacas, alta de 14,4% ante 2022.
Para o arábica, as estimativas iniciais da Conab apontam para uma retomada de produção em Minas Gerais, o que impacta positivamente sobre a perspectiva nacional. Essa melhora é projetada para o Sul de Minas e Triângulo Mineiro, com aumento de produtividade de 24,2% e 35,4%.
Apesar dessa alta, a produtividade média da safra do arábica no Brasil, estimada em 24,8 sacas por hectare, está distante dados melhores anos, como em 2020 (32,2 sacas/ha), quando o país teve uma safra recorde.
Em 2020, o Brasil colheu 48,7 milhões de sacas de café arábica, com a safra total (incluindo variedades canéforas) somando 63 milhões de sacas.
Para 2023, os canéforas (robusta/conilon) tiveram colheitas estimadas em 17,5 milhões de sacas, queda de 3,8% ante recorde de 2022.
Segundo a Conab, um inverno seco no Espírito Santo, maior produtor de conilon, deve pressionar a produção no Estado. A safra capixaba dessa variedade deverá cair 7,3% ante a temporada passada, para 11,46 milhões de sacas.