A renda agrícola dos EUA deve cair este ano pela primeira vez desde 2019 em meio a maiores despesas de produção, uma queda nos pagamentos diretos do governo e à medida que os preços à vista de commodities agrícolas e pecuária recuam de máximas históricas, informou o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) ontem (7).
A renda agrícola líquida – que é uma medida ampla dos lucros na economia agrícola, de acordo com a agência – deve chegar a US$ 136,9 bilhões em 2023, em dólares nominais, uma queda de quase 16% em relação ao ano anterior.
A agência disse que a queda segue a renda agrícola líquida de 2022 atingindo uma máxima de US$ 162,7 bilhões, em dólares nominais, e US$ 140,9 bilhões em 2021.
Quando ajustada pela inflação, a renda agrícola líquida deve cair US$ 30,5 bilhões, ou 18,2%, em 2023 em comparação com o ano anterior.
À medida que a renda agrícola cai e as despesas aumentam, dizem os economistas, esse aperto pode tornar os produtores mais cautelosos para tentar expandir suas operações de produção agrícola ou gastar mais em maquinário ou terra, em um momento de baixa oferta global de grãos.
Grande parte da pressão de renda no setor agrícola veio dos preços mais baixos das commodities vendidas – principalmente milho e soja – e essa queda nos preços compensou as maiores quantidades vendidas, disse a agência.
O USDA também observou quedas nos preços recebidos pelos produtores pelas vendas de laticínios, suínos, frangos de corte e ovos de galinha. Prevê-se que o caixa recebido com gado permaneça relativamente estável em 2023.
Ainda assim, observou o USDA, a renda agrícola líquida deste ano deve ficar quase 27% acima da média de 20 anos, em dólares ajustados pela inflação.
Em dólares nominais, os custos de produção em geral devem aumentar 4,1%, disse o USDA. As despesas com juros sobre dívidas operacionais e imobiliárias, e gado e aves compradas, deverão registrar os maiores aumentos em dólares.
Certas despesas, incluindo fertilizantes, combustível e ração para o gado, devem diminuir, informou a agência.
Embora se preveja que a dívida do setor agrícola continue a aumentar, o mesmo acontece com o patrimônio agrícola, principalmente devido ao aumento dos valores de terras e equipamentos, disse Carrie Litkowski, economista do Serviço de Pesquisa Econômica do USDA.