A safra e a exportação de soja, farelo e óleo do Brasil em 2023 serão maiores do que o esperado, de acordo com estimativas desta quarta-feira (22) da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que manteve a previsão para o processamento da oleaginosa, apesar de alterações na mistura de biodiesel a partir de abril.
A associação que representa tradings e processadoras no país estima agora a produção de soja –com colheita realizada em mais da metade da área plantada– em recorde de 153,6 milhões de toneladas, 1 milhão a mais em relação à última estimativa, do final de janeiro.
A estimativa representa um aumento de 18,2% ante a temporada passada, quando a safra foi quebrada no Sul pela seca.
“As projeções para o atual ciclo seguem otimistas apontando para uma produção recorde de 153,6 milhões de toneladas de soja em função, especialmente, da recuperação da tendência histórica de produtividade, além da expansão da área cultivada”, disse a Abiove.
A Abiove ainda elevou em 300 mil toneladas a previsão de exportação de soja do Brasil, maior produtor e exportador global, para recorde de 92,3 milhões de toneladas em 2023. Isso representaria um forte aumento na comparação com as 78,7 milhões de toneladas de 2022.
Mais óleo e farelo exportado
A Abiove ainda manteve a projeção de processamento de soja em um recorde de 52,5 milhões de toneladas, com aumento de 1,6 milhão de toneladas na comparação com 2022.
Isso acontece com expectativa de maior exportação de farelo e óleo de soja, apesar de a mistura de biodiesel ao diesel no país ter ficado abaixo do projetado.
Na projeção anterior, do final de janeiro, os números da Abiove levavam em consideração a possibilidade de um aumento da mistura de biodiesel ao diesel de 10% para 15%, na maior parte do ano.
Mas na semana passada o governo decidiu que o aumento vai ser mais gradual, passando para 12% a partir de abril –cerca de 65% do biodiesel foi feito com óleo de soja no Brasil em 2022.
Com uma mistura menor do que a esperada anteriormente, a Abiove reduziu a previsão de consumo interno de óleo de soja para 8,95 milhões de toneladas, versus 9,15 milhões de toneladas da projeção anterior.
Ainda assim, será um crescimento importante na comparação com o consumo de 7,18 milhões de toneladas de óleo de soja de 2022, quando a mistura de biodiesel foi de 10% ao longo de todo o ano.
O consumo de óleo de soja especificamente para a produção de biodiesel no Brasil deve aumentar 23,5% em 2023 ante 2022, para 5,8 milhões de toneladas, com a mistura maior de biodiesel, segundo estimativa da consultoria StoneX, divulgada nesta semana. O restante da demanda é para óleo de cozinha.
A Abiove ainda manteve projeção de produção de óleo de soja do Brasil em 10,7 milhões de toneladas em 2023, o que seria um aumento na comparação com os 9,9 milhões de toneladas de 2022, mesmo que a elevação da mistura tenha ficado abaixo do inicialmente esperado.
Isso pode estar associado a maiores exportações de óleo de soja do que o projetado inicialmente. A Abiove elevou as estimativas de embarques para o exterior para 2,15 milhões de toneladas, ante 1,75 milhão de toneladas na projeção de janeiro.
Ainda assim, as exportações de óleo ficariam abaixo do visto no ano passado (2,6 milhões de toneladas), quando foram impulsionadas por compras da Índia, em meio a preocupações com a oferta de óleos concorrentes da Indonésia e Ucrânia, de palma e girassol, respectivamente.
A revisão na previsão de exportação ocorre também em meio a uma quebra de safra na Argentina, maior exportador global do óleo e farelo da oleaginosa.
A Abiove, a propósito, elevou suas projeções de exportação de farelo de soja do Brasil para 20,7 milhões de toneladas, versus 20 milhões na previsão anterior e 20,35 milhões em 2022.
A alta para os embarques de farelo de soja ocorreu apesar de uma manutenção na produção desse derivado, estimada em recorde de 40,2 milhões de toneladas, versus 39 milhões de toneladas ano passado.