A China está comprando de forma antecipada o milho da segunda safra do Brasil, conhecido como “safrinha”, em um momento em que os produtores sequer terminaram de semear o cereal no terceiro maior produtor mundial da commodity.
De acordo com comerciantes de grãos, a China comprou antecipadamente pelo menos 1,5 milhão de toneladas da safrinha, representando mais de 10% do total de vendas futuras do produto. Os produtores venderam cerca de 14 milhões de toneladas da safrinha até agora, disseram operadores.
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Parte do volume de milho já comprado será exportada a partir de julho. Outra parte será processada internamente, disseram operadores e um analista.
Além da China, os compradores do milho da safrinha 2023 do Brasil incluem o Japão e a Coreia do Sul, disse o analista.
O Irã também é um grande importador do milho brasileiro. Mas, ao contrário da China, não está comprando antecipadamente, de acordo com um dos operadores e o analista.
Estima-se que 5 milhões de toneladas do milho safrinha deste ano, já compradas de agricultores, sejam destinadas aos mercados de exportação, disseram os operadores e o analista.
Neste momento, os produtores ainda estão plantando o milho da segunda safra, que é semeado após a colheita da soja nos mesmos campos.
O excesso de chuvas atrasou a colheita da soja este ano, o que significa que alguns agricultures serão forçados a plantar seu segundo milho fora da janela climática ideal –que os analistas dizem terminar em meados de março. Desta forma, o milho safrinha do Brasil corre um risco maior de enfrentar eventos climáticos adversos à medida que a safra avança.
O Brasil planta milho o ano todo, mas a safrinha é a maior, chegando a representar de 70% a 75% da produção nacional em determinados anos.
Na ausência de eventos climáticos adversos, a segunda safra de milho do Brasil pode ficar em torno de 96 milhões de toneladas, permitindo que o país produza a maior colheita total da história.
Com base nas expectativas atuais do mercado para esta temporada, o Brasil pode ultrapassar os EUA pela primeira vez como o maior fornecedor mundial de milho, com o USDA projetando exportações brasileiras de 50 milhões de toneladas.