Daniel Steinbruch, Forbes Under 30 2022 (veja a lista completa aqui), já pode dizer que deixa um legado na pecuária brasileira. Não pelo volume de animais criados, mas pela crença de que encontrou seu espaço em um mercado ultracomoditizado no qual a agregação de valor por meio de produtos premium tem sido um desafio nas últimas décadas.
Marcas de carne premium, escala de produção e mercado consumidor nem sempre andaram na mesma cadência. Mas, se as histórias da verticalização da pecuária desse tipo de produto fossem contadas em um livro, Steinbruch estaria no capítulo dos vencedores. Criador de bovinos da raça japonesa wagyu desde 2006, na fazenda Querência, em Mogi Mirim, município a cerca de 160 quilômetros de São Paulo, ele se considera um aprendiz que aproveitou todas as lições para aprimorar o que sempre sonhou fazer. “Eu sempre quis ser criador de gado, desde muito cedo”, diz ele.
A pecuária convencional Daniel deixou para os demais membros da família Steinbruch, sucessores de terceira geração na produção de gado, além de empresários e banqueiros. Daniel é filho de Ricardo Steinbruch, atual presidente do conselho de administração do grupo têxtil Vicunha, um dos maiores do país, e também a partir de janeiro presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Das fazendas da família, saem cerca de 20 mil bovinos nelore e cruzados com outras raças, por safra, destinados ao abate, como ocorre com outros cerca de 40 milhões de bovinos no país, para o mercado interno e exportação.
Mas Daniel é de outra seara. Não se envolveu no negócio de commodity porque escolheu praticar uma pecuária de nicho, colocando no mercado um dos tipos de carne mais valorizados no mundo, vendida em restaurantes como uma iguaria que pode passar de mil reais o quilo, na mesa do consumidor. São produtos de uma pecuária diferente daquela do dia a dia, indispensável para a humanidade como fonte de proteína nobre, ou por ser o alimento que contém a maior concentração de ferro heme, a forma biodisponível para o organismo humano. Apreciar um corte de wagyu, no Japão, em Nova York ou em São Paulo, vai além da nutrição e está na mesma esfera de uma copertura dello escamone, ou picanha para nós, de um piemontês criado por oito anos na Itália. Ou um chuletón, uma enorme bisteca de boi adulto, no Asador Etxeabarri, em Axpe, na Espanha. Não por acaso, no dia 28 de setembro, a Starzen Company, criadora de wagyu no Japão, levou o prêmio de melhor bife do mundo no The World Steak Challenge, em Dublin, onde participaram churrasqueiros do mundo todo.
Leia mais: Como sair na lista Under 30 da Forbes Brasil
Essa é apenas uma parte da história, porque a pecuária não é uma atividade simplória de um lado ou apenas glamurosa de outro. É falso acreditar que nesse mundo da carne wagyu, ou de qualquer outra carne premium, todo bife vale ouro. “A verticalização da pecuária é muito complexa, porque é preciso vender o boi inteiro, dos cortes mais baratos aos mais caros”, diz Daniel, que, em média, fatura R$ 3,5 milhões mensais com seu negócio.
Ele vende ao mercado atacadista o quilo da costela por apenas R$ 20 (lembrando que o nobre prime rib quer dizer “costela de primeira”); uma raquete ou paleta sai entre R$ 100 e R$ 200, enquanto um bife ancho ou picanha pode ir a R$ 600 por quilo. Daniel consegue desmontar o boi em 29 cortes primários – uma peça de coxão mole, por exemplo –, que vão resultar em 102 cortes secundários, os ditos porcionados.
O abate atual é de 56 animais puros wagyu, por mês, de um total de 1,5 mil animais na fazenda que tem uma área de 800 hectares. A meta é chegar a 100 cabeças nos próximos três anos. A fazenda tem 350 hectares de pastagens divididas em piquetes de 10 hectares cada um e um confinamento de capacidade estática para 600 animais.
Fazenda de carne
Quem aprecia a carne produzida por Daniel em restaurantes como Pobre Juan, Cipriani ou na espetacular cozinha do francês Claude Troisgros, um dos grandes nomes da gastronomia brasileira, pode ter pouca ou nenhuma noção do intrincado processo de produção no campo e como se constrói um projeto ao longo do tempo. O de Daniel foi um caminho nem sempre em linha reta. Foi preciso resiliência e foco.
Quando Daniel decidiu, lá atrás, pelo wagyu, os primeiros animais comprados eram para produzir touros que seriam utilizados em cruzamento industrial em Mato Grosso do Sul.
Foram seis fêmeas e dois machos. Na época, como era impossível importar, eles vieram de um criatório da Bahia.“Foi uma compra difícil, porque o criador vendia pouquíssimos animais de alta genética”, afirma Daniel. Aliás, o início do wagyu no Brasil, trazido pelos japoneses da Yakult, foi um processo lento, porque mesmo no Japão o rebanho não é numeroso, e há restrições à saída de animais.
O fato é que, entre 2006 e 2010, ele tentou um modelo de cruzamento industrial de wagyu com outras raças, como angus, nelore, simental, procurando um modelo rentável que não acontecia. Por isso ele virou completamente a criação. “Mas eu sempre acreditei que a raça era essa: o wagyu. Nunca duvidei”, diz ele, lembrando um fato que marcou sua vida. “Convivi pouco com meu avô, que tinha ido ao Japão e conheceu a raça lá. Meu pai conta que ele falava que havia comido a melhor carne da vida dele.” O avô faleceu em 1993, um ano depois da importação feita pelos japoneses da Yakult.
A virada do negócio de Daniel foi apostar na carne de wagyu puro, sem nenhum cruzamento, mas que fosse apreciada pelos brasileiros. “Hoje é mais fácil, mas lá atrás, na literatura, o que tinha era justamente em japonês. Então, fomos ver a literatura do wagyu criado nos EUA e na Austrália”, afirma. Ele escolheu a Austrália pelo histórico de melhoramento genético, uma decisão que o Brasil tomou no ano passado, ao instituir um programa por meio da associação de criadores da raça.
Hoje, o país tem um rebanho de cerca de 7 mil animais da raça wagyu certificados, que pertencem a 44 criadores, de acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos das Raças Wagyu (ABCW). O abate total anual fica em torno de 4 mil animais. “Decidimos pela Austrália porque queríamos genética com avaliação – agora é uma questão de tempo para o Brasil também ter um banco de dados superior, como outros países. Chegaremos lá, com certeza.”
Genética na base do rebanho
Daniel fez duas importações, uma de 200 embriões e sêmen em 2018 e uma importação de 3,5 mil doses de sêmen em 2021. Foi assim que se deu a virada: aumentando o rebanho com genética por meio de FIV (fertilização in vitro). O plantel atual é de 700 fêmeas. Além disso, os machos, em vez de serem vendidos como tourinhos, passaram a ser castrados e criados para o abate.
Em 2013, Daniel deu um novo passo, ainda maior, mas decisivo na verticalização da sua pecuária. Até aquele momento, o rebanho destinado ao abate era vendido aos frigoríficos com marcas de carne premium, com bonificação de cerca de 10% sobre o preço da arroba. O criador de gado, então, montou seu próprio frigorífico e uma marca de carne, a Guidara. “Começamos a terceirizar o abate e a desossa e vender a carne. Mas, com a Guidara, passamos a ter o processo total”, afirma ele. Além dos animais próprios, ele também abate para outras marcas, como a Beef Passion, de Nhandeara (SP), projeto montado pelo produtor Antônio Ricardo Sechis, que também cria wagyu.
Essa já era uma outra carne, muito diferente daquela que tentava fazer no início da jornada. Era preciso pensar em um modelo para o Brasil. Em geral, o wagyu é desmamado e levado para o confinamento, um processo caro, mas que garante um “animal padrão japonês”. O marmoreio da carne, aquela gordura entre as fibras, mais a capa de gordura pode chegar a 12 milímetros, como ocorre no Japão. “A gente tinha esse gado no manejo, mas o mercado
brasileiro não está acostumado a ele”, afirma.
Na genética, a gente buscou animais com elevado marmoreio e desenvolvimento, mas o nosso foco principal agora é a conversão alimentar
No Japão, o consumidor come pequenas porções, em torno de 50 gramas a 100 gramas de carne, como sashimi, e está satisfeito, uma sensação provocada pela alta quantidade de gordura entre as fibras da carne. O brasileiro é da grelha e do churrasco, com porções de 350 gramas, em média. Servido assim, com tempo para a gordura esfriar entre o fogo e o prato, a carne se tornava dura, uma heresia em se tratando de wagyu. Em tempo: essa gordura é a saturada, aquela do bom colesterol e plena de ômega 3, 6 e 9. “E, além disso, o mercado queria contra-filé, o filé mignon e alguns outros poucos cortes. Para o resto, tínhamos muita dificuldade no início”, conta Daniel. “Animais com alto nível de marmoreio têm um mercado complicado no Brasil. Então, fomos em busca do que seria um nível de marmoreio excelente para o nosso mercado.”
A mudança do manejo foi replicar para o wagyu o modelo de desmama, pasto para a recria e só depois o confinamento, monitorando em cada etapa a condição corporal dos animais. Com isso, Daniel encontrou a fórmula para a sua carne. Hoje, os machos vão para o abate entre 26 e 27 arrobas, e as fêmeas que não serão mães, entre 22 e 24 arrobas, com rendimento de carcaça (que é carne com osso) de 56%, por volta de 3 anos de idade. Esses são índices ótimos na pecuária.
No confinamento, que antes era para a vida toda, agora os animais permanecem por até um ano, em média, com a cabeceira pronta aos 220 dias. Mas, o confinamento ainda é um desafio, porque Daniel quer diminuir o tempo de engorda no sistema. “Já diminuímos em 60%, mas podemos mais”, diz ele. As contas da fazenda mostram por que essa é uma meta na agenda. Hoje, o custo para alimentar diariamente cada animal no confinamento é de R$ 15,60, enquanto na recria dos piquetes o custo é de R$ 9,50 por dia. “Na genética, a gente buscou animais com elevado marmoreio e desenvolvimento, mas o nosso foco principal agora é a conversão alimentar. Quanto um animal come para produzir um quilo de carne.”
O aprendizado do manejo alimentar, uma ciência da nutrição que representa o maior custo de uma fazenda, provocou mais uma mudança a partir de 2018. Com uma receita da melhor composição da carne do wagyu de raça pura estabelecida, o aprendizado trouxe de volta para o sistema o que Daniel havia abandonado: a criação de animais cruzados de wagyu, que ele realiza com a raça angus e para os quais também encontrou mercado com sua marca própria. “Voltamos para o animal cruzado, mas criando uma linha de carnes para esses animais”, diz. “E aí, para o consumidor, é uma questão de gosto. O importante é
que ele saiba o que está comendo. Nossa tarefa é entregar uma experiência, e ela é sempre uma evolução. É uma questão natural.”
Veja outros destaques da Lista Under 30 2022:
INDÚSTRIA E EMREENDEDORISMO
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Foto: Victor Affaro DANIEL STEINBRUCH, 30
Ele mora em uma fazenda no município de Americana, a cerca de 140 quilômetros da capital paulista, metrópole que ele pouco frequenta. Em vez de seguir os caminhos da família, que tem sua principal atividade na indústria têxtil, ele literalmente fez o “caminho da roça” com destino a Mogi Mirim, a 60 quilômetros de Americana, onde está outra fazenda, a Querência. É lá que Daniel montou um negócio próprio, que começou do zero e hoje é referência na pecuária. A decisão pela criação de bovinos não começou ontem. Desde muito cedo, ele sabia que estaria ligado à terra, produzindo alimentos e vivendo do seu projeto de vida. Daniel se tornou um criador da raça de bovinos wagyu, de origem japonesa, para vender carne premium em butiques e restaurantes de alta gastronomia. A criação começou em 2006; em 2013, ele criou a marca Guidara Meat & Co. (A reportagem com os detalhes de sua criação de gado pode ser conferida a partir a página 54). A família tem fazendas que já estão na terceira geração, em um processo iniciado pelo avô. Foi esse ambiente que influenciou a decisão de Daniel de ter seu próprio negócio. Desde criança, ele acompanha as transformações da pecuária brasileira, um setor que somente com exportações deve fechar 2022 com um crescimento da ordem de 20%, ficando acima de US$ 12 bilhões. Daniel achou seu espaço, não pensando em exportação – pelo menos, por ora –, mas apostando em carne que pode ser comparada a uma iguaria na cozinha. Seu negócio rende em média R$ 3,5 milhões por mês.
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Foto: Victor Affaro VICTOR MEIRELES, 30
Muitos empreendedores pensam em vender suas empresas e ir à Bahia aproveitar o Sol e o mar. Victor Meireles fez isso, mas não no sentido mais frequente. Em 2017, aos 25 anos, ele vendeu sua participação na empresa de tecnologia que havia fundado. A companhia educava desenvolvedores e elaborava aplicativos. Com os recursos, o empreendedor, nascido em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, resolveu comprar um terreno no sul da Bahia e construir alguns imóveis como investimento. “Meu pai atuou no setor de tecnologia e sempre realizou eventos por lá, em Salvador e na Ilha de Comandatuba”, diz ele. “Minha ligação com a região é antiga.” Mesmo que sua intenção original não fosse criar uma incorporadora, o bom resultado o impeliu nessa direção. Atualmente sua empresa, a Nampur, incorpora e constrói vilas de alto padrão para uso ou para investimento. Ela encerrou 2021 com R$ 980 milhões em Valor Geral de Vendas (VGV) acumulado desde sua fundação.
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Foto: Divulgação GABRIEL FERREIRA, 29
Como muitos adolescentes que superaram a obesidade, o empresário Gabriel Ferreira aprendeu cedo a prestar atenção no que come. Quando começou a praticar crossfit, percebeu que os suplementos alimentares não preenchiam suas necessidades calóricas. Isso mudou quando descobriu barras de proteína, produzidas nos Estados Unidos. “Ao contrário das barrinhas que existem no mercado, essas não contêm cereais e possuem proteínas extraídas do leite”, diz Ferreira. Cada vez que viajava, voltava com a mala repleta desses produtos. Daí a ideia de produzir aqui mesmo, iniciada em 2018. Ferreira diz que a estratégia para sua empresa, que hoje fatura R$ 2 milhões por mês, é caminhar para segmentos mais tradicionais do mercado de alimentos, como doces encontrados nas prateleiras dos supermercados Brasil afora. Com uma diferença importante nos ingredientes, claro. “Vamos reconstruir essas guloseimas adicionando proteínas e retirando açúcares, para que elas fiquem mais saudáveis sem se afastar da preferência dos consumidores”, diz ele.
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Foto: Divulgação GRÉGORY PARISOTTO REICHERT, 27
O gaúcho de Passo Fundo costuma dizer que aprendeu a usar computadores antes mesmo de ser alfabetizado. “Me criei em cima de um IBM Aptiva, comprado por meu pai”, diz ele. Curioso, Reichert vivia fazendo experiências com a máquina. “Até a hora que meu pai se cansou de trocar as fontes de alimentação queimadas e disse que não pagaria mais pelas bobagens que eu fazia.” A saída foi tentar consertar o computador por conta própria. Depois os computadores dos amigos. Isso se tornou um hobby, que virou negócio. Aos 18 anos, o empresário abriu uma assistência técnica e logo passou a comprar e a vender máquinas. Descobriu um nicho de mercado. “Os computadores de prateleira não atendem às necessidades de alguns compradores, como escritórios de arquitetura.” Montando máquinas sob medida, a Razor deverá faturar R$ 22 milhões em 2022. A companhia se financia por meio de captações coletivas, os crowdfundings. Captou R$ 6,2 milhões em duas rodadas, congregando 580 pequenos investidores.
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Foto: Divulgação CARLOS DANNIEL FREITAS INHEIRO, 29
Mestre em biologia e doutorando em biotecnologia, o manauara desde cedo viu a Floresta Amazônica com olhos muito específicos. Filho de um pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), Pinheiro sempre teve em mente que só é possível manter a floresta em pé se a biodiversidade for transformada em produtos com valor agregado. Há cinco anos, ele e o sócio, Amaral Netto, criaram a Biozer, que produz cosméticos e medicamentos fitoterápicos usando produtos locais. Entram na composição extrato de açaí, e óleos de copaíba, andiroba e as menos conhecidas pracaxi e patauá. “As sementes são
coletadas em seis comunidades no estado do Amazonas, a fábrica e os laboratórios ficam em Manaus”, diz ele. O faturamento da startup, que tem certificação de boas práticas pela Anvisa e certificação halal, para o mercado muçulmano, aproxima-se de R$ 1 milhão por ano. Segundo Pinheiro, o interesse internacional é grande. “A Amazônia é uma das palavras mais pronunciadas no mundo”, diz. -
Foto: Divulgação ANTÔNIO OLIVA, 25
Tudo (ou quase) é festa para Antônio Oliva. O empresário e DJ diz acreditar que a fome de diversão da clientela ainda não foi saciada. “O entretenimento segue em alta após a pandemia”, diz ele. “Com a covid, as pessoas aprenderam a valorizar cada minuto da vida, e agora estão querendo curtir.” Ele é sócio do grupo PHD, que administra bares, restaurantes e baladas como Tetto Lounge e Disco, além de empreendimentos gastronômicos como Mr. Wong. Também segue na gestão do Camarote N1 na Avenida Marquês de Sapucaí. O setor está em alta. Segundo Oliva, sua empresa organizou 102 festas empresariais no fim de 2022. “Os eventos corporativos estão ganhando força”, diz ele. Não vai levar muito tempo para que esse segmento movimente tantos recursos como o carnaval, avalia o empresário. De olho no futuro, Oliva afirma querer replicar o sucesso do N1 em festas como o São João, no Nordeste, e em momentos como o da Copa do Mundo. “Vamos fazer festa quando todo o Brasil estiver torcendo pela mesma coisa.”
DANIEL STEINBRUCH, 30
Ele mora em uma fazenda no município de Americana, a cerca de 140 quilômetros da capital paulista, metrópole que ele pouco frequenta. Em vez de seguir os caminhos da família, que tem sua principal atividade na indústria têxtil, ele literalmente fez o “caminho da roça” com destino a Mogi Mirim, a 60 quilômetros de Americana, onde está outra fazenda, a Querência. É lá que Daniel montou um negócio próprio, que começou do zero e hoje é referência na pecuária. A decisão pela criação de bovinos não começou ontem. Desde muito cedo, ele sabia que estaria ligado à terra, produzindo alimentos e vivendo do seu projeto de vida. Daniel se tornou um criador da raça de bovinos wagyu, de origem japonesa, para vender carne premium em butiques e restaurantes de alta gastronomia. A criação começou em 2006; em 2013, ele criou a marca Guidara Meat & Co. (A reportagem com os detalhes de sua criação de gado pode ser conferida a partir a página 54). A família tem fazendas que já estão na terceira geração, em um processo iniciado pelo avô. Foi esse ambiente que influenciou a decisão de Daniel de ter seu próprio negócio. Desde criança, ele acompanha as transformações da pecuária brasileira, um setor que somente com exportações deve fechar 2022 com um crescimento da ordem de 20%, ficando acima de US$ 12 bilhões. Daniel achou seu espaço, não pensando em exportação – pelo menos, por ora –, mas apostando em carne que pode ser comparada a uma iguaria na cozinha. Seu negócio rende em média R$ 3,5 milhões por mês.
ARQUITETURA, DESIGN E URBANISMO
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Foto: Victor Affaro MATEUS FERRARETO, 25, RUBENS STUQUE, 28
De chefe e estagiário a sócios na Eco Flame Garden, a parceria entre Rubens e Mateus evoluiu no desejo comum de empreender. Em 2020, lançaram ao mercado sua proposta para a decoração de ambientes externos: peças que “tropicalizam” a experiência de “fogueira no jardim”. Para casar versatilidade e sofisticação com praticidade e conforto, os acabamentos foram desenvolvidos com tecnologias para facilitar a limpeza, pérolas drenantes no enchimento e tecidos resistentes a raios UV, fungos e mofo. Para acompanhar o processo de inovação, a Eco Flame Garden foi a primeira empresa brasileira nativa digital do segmento com controle sobre todo o ciclo do produto, da fabricação à venda. O trabalho da marca já foi reconhecido por referências da arquitetura, como João Armentano e Paulo Jacobsen, e foi destaque em duas edições Casacor. Entre seus principais clientes, estão grifes de hospitalidade, como a Fazenda Boa Vista e a rede Six Senses Botanique. Em 2022, a receita da companhia saltou 160%, e a perspectiva é triplicar esse faturamento em 2023, para R$ 115 milhões, baseado no seu crescimento no mercado com novos produtos e lojas. Hoje, a Eco Flame Garden tem cinco lojas físicas e 15 espaços de revendas, inclusive no Uruguai e no Paraguai. Agora, os empresários se preparam para inaugurar lojas em Dubai e Miami. Sobre o futuro, a resposta da dupla é uníssona: “ser a maior marca de lifestyle outdoor do mundo”. Motivação que já está até no código de cultura da empresa.
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Foto: Divulgação DANIELLE KHOURY GREGORIO, 28
A arquiteta Danielle passou por escritórios como Andrade Morettin Arquitetos Associados, KAAN Architecten (Holanda) e Weindel Architekten GBr (Alemanha). Em 2019, iniciou pesquisa sobre a arquitetura tradicional dos povos ribeirinhos da Amazônia. O projeto de habitação social conquistou o primeiro lugar no Prêmio Enanparq 2020 Brasília, primeiro lugar no IE School of Architecture and Design Prize (Madri) e foi destaque no livro World Arch-Student Best Project Selection Book, da editora sul-coreana Archiworld Magazine, e na revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui. Venceu o Holcim Awards – Next Generation, a mais importante premiação para design sustentável do mundo. Seu trabalho recebeu o prêmio de US$ 25 mil na categoria regional (América Latina) e depois na global: bolsa de US$ 75 mil. Com a Khoury Arquitetura, Danielle incorpora nos projetos medidas para a construção de edifícios de baixo impacto ambiental. “No cenário de aquecimento global, não podemos mais projetar ignorando o clima, os recursos, a paisagem e a cultura local.”
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Foto: Divulgação LUCAS RECCHIA, 30
Em maio de 2023, Lucas Recchia estreia em Nova York com uma exposição solo das suas novas criações. E o evento é bem aguardado pelo mercado. Suas peças já foram cobiçadas pela designer de interiores Kelly Wearstler e pelo arquiteto Sig Bergamin. Ainda na faculdade, Lucas desenvolveu uma linha de mobiliário com vidro reciclado e fundido usando energia solar. O designer propõe uma subversão usando materiais nobres e sob a perspectiva escultórica. Foi o primeiro brasileiro no elenco da galerista italiana Rossana Orlandi. “Gosto da escolha de materiais, mas, principalmente, das formas que eles tomam nas suas peças. Há não só criatividade, mas pesquisa e conhecimento no trabalho de Lucas”, diz Rossana. No Brasil, ele é representado pela Firma Casa, da empresária Sonia Diniz, com a qual lançou a série Morfa, em 2019. “Quando desenvolvia minha primeira coleção, frequentei muito a Firma Casa e tive contato com o trabalho dos irmãos Campana, os quais a Sonia lançou. Foi assim que comecei a trabalhar com bronze e alumínio, além do vidro. Com ela, entendi qual caminho deveria seguir”, diz.
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Foto: Divulgação QUINTINO FACCI, 22
O arquiteto Quintino Facci estava ainda na faculdade quando venceu o prêmio de ambiente mais bonito da Casacor Ribeirão Preto 2021 com o ambiente Casa do Colecionador de Momentos, que lhe rendeu indicações a prêmios internacionais. No ano seguinte, foi convidado para participar da edição da mostra em São Paulo, o que o tornou o arquiteto mais jovem da história a integrar o elenco. À frente da QF Arquitetos, assinou projetos para o designer de joias Diego Candelero e para a estilista Alice Capella. Atualmente, o arquiteto se divide entre os escritórios de Ribeirão Preto (SP), do Jardins (na capital), e das recém-inauguradas unidades de Uberlândia (MG) e de Cuiabá (MT). Para 2023, Facci tem planos de abrir escritórios nos Estados Unidos, na África do Sul, na Itália e na França. “Quero levar meu conceito de que o cliente é a prioridade no processo. Busco trazer a essência dele para o projeto, e não imprimir a minha visão sobre a dele.”
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Foto: Victor Affaro GABRIELA MESTRINER, 30, NATALIA MINAS, 30
Fundadoras da Flipê Arquitetura, Gabriela Mestriner e Natalia Minas atuam há quatro anos em diversos segmentos do mercado. Com mais de 80 projetos no portfólio, a Flipê atua também em cenografia de eventos, com clientes como Ambev, Sephora e Lancôme. Já o braço de design, a Flipê Decór, tem mais de 20 peças de mobiliário à venda nas lojas Fólio Living, que foi idealizada junto da fábrica parceira. Em 2022, a receita ficou em R$ 1 milhão. “A Flipê vai começar a fazer arquitetura estrutural, área pouco explorada por jovens pela falta de oportunidade”, revela Natalia. O novo projeto complementa a proposta multidisciplinar da empresa. Em 2023, Gabriela e Natalia serão as mais jovens arquitetas a protagonizar a série Insight, da Globoplay, ao lado de grandes nomes da arquitetura, como Sig Bergamin e Patricia Anastassiadis. “Da nossa posição de criar para novos tempos, questionamos uma estrutura de mercado pouco igualitária e protagonizada por homens. Nossa maior busca é ser ferramenta de mudança”, diz Gabriela.
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Foto: Victor Affaro ERIK BONISSATO, 29
“Aos 19 anos, já tinha maturidade para compreender que o lugar que eu – um cara preto, pobre, homossexual e filho de mãe solo – ocupava naquele espaço hegemonicamente branco e elitizado já era algo de que eu devia me orgulhar”, diz Erik Bonissato sobre a sua vivência no Centro Cultural Aúthos Pagano, em São Paulo. Autodidata, tornou-se designer de móveis e de objetos de decoração. Seus esboços evoluíram com pesquisa até se tornarem sua primeira coleção: Silêncio, que marcou o lançamento da marca Bonni, em 2022. A série, composta por quatro peças, estreou na Casacor de São Paulo e chamou a atenção do mercado para o nome de Erik. “Silêncio é especial para mim por expressar como nos conectamos com a energia do lar”, reflete. A marca de design autoral trabalha ancorada nos conceitos de conforto, minimalismo e sustentabilidade. Parte do faturamento das vendas no site é direcionada à ONG SOS Mata Atlântica. O faturamento anual da Bonni já é estimado em R$ 1,5 milhão de reais para outubro de 2023.
MATEUS FERRARETO, 25, RUBENS STUQUE, 28
De chefe e estagiário a sócios na Eco Flame Garden, a parceria entre Rubens e Mateus evoluiu no desejo comum de empreender. Em 2020, lançaram ao mercado sua proposta para a decoração de ambientes externos: peças que “tropicalizam” a experiência de “fogueira no jardim”. Para casar versatilidade e sofisticação com praticidade e conforto, os acabamentos foram desenvolvidos com tecnologias para facilitar a limpeza, pérolas drenantes no enchimento e tecidos resistentes a raios UV, fungos e mofo. Para acompanhar o processo de inovação, a Eco Flame Garden foi a primeira empresa brasileira nativa digital do segmento com controle sobre todo o ciclo do produto, da fabricação à venda. O trabalho da marca já foi reconhecido por referências da arquitetura, como João Armentano e Paulo Jacobsen, e foi destaque em duas edições Casacor. Entre seus principais clientes, estão grifes de hospitalidade, como a Fazenda Boa Vista e a rede Six Senses Botanique. Em 2022, a receita da companhia saltou 160%, e a perspectiva é triplicar esse faturamento em 2023, para R$ 115 milhões, baseado no seu crescimento no mercado com novos produtos e lojas. Hoje, a Eco Flame Garden tem cinco lojas físicas e 15 espaços de revendas, inclusive no Uruguai e no Paraguai. Agora, os empresários se preparam para inaugurar lojas em Dubai e Miami. Sobre o futuro, a resposta da dupla é uníssona: “ser a maior marca de lifestyle outdoor do mundo”. Motivação que já está até no código de cultura da empresa.
ARTES DRAMÁTICAS
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Foto: André Valentim GIULIA BERTOLLI, 25
A atriz carioca começou seus estudos de teatro aos 13 anos. Após se formar em língua portuguesa pela PUC-Rio e em artes cênicas pela Casa de Artes das Laranjeiras (CAL), Giulia estreou profissionalmente nos palcos com a peça E se Mudássemos de Assunto?. Depois, debutou na televisão vivendo a personagem Valentina na primeira fase da novela O Sétimo Guardião – papel que coube à sua mãe, Lilia Cabral, no restante da trama. Em 2019, fez parte do elenco principal de Malhação: Toda Forma de Amar. No cinema, fez o curta-metragem A Lista, pelo qual ganhou o prêmio de melhor atriz no South Film and Arts Academy Festival, do Chile, além de ter escrito, dirigido e produzido o curta Só Mais Uma Frase, que foi indicado a 11 festivais e ganhou quatro prêmios, três deles na categoria melhor roteiro. Desde 2020, Giulia está em cartaz com a peça A Lista, que rendeu a ela a indicação de melhor atriz coadjuvante no Prêmio Bibi Ferreira 2022. “Essa indicação foi muito especial, não apenas pelo prêmio em si, mas por tudo o que ele simboliza. Cresci nas coxias dos teatros e foi assim que aprendi a estar preparada para o inesperado e, talvez a lição mais importante de todas, a de ter coragem de recomeçar todos os dias”, diz a atriz, que, em 2023, levará a produção para os palcos do Rio de Janeiro. Ela também escreveu o longa Me Leve Para Ver o Mar, previsto para ser rodado no segundo semestre.
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Foto: Maria Júlia Magalhães ALANIS GUILLEN, 24
A atriz e modelo nascida em Santo André, no ABC Paulista, começou a carreira participando de comerciais na infância até se formar pela Escola Nacional de Teatro em sua cidade. Em 2022, ela assumiu o desafio de interpretar a icônica Juma Marruá na refilmagem da novela Pantanal, exibida pela TV Globo no horário nobre, e conquistou o Brasil ao imprimir a sua personalidade na nova versão da trama, revivendo o papel que havia sido de Cristiana Oliveira em 1990. Para o trabalho, aprendeu a andar a cavalo e a manipular uma arma, coisas que nunca havia feito, e procurou a intérprete original para saber mais sobre a personagem. Além disso, estudou o comportamento das onças para trazer características do animal selvagem à sua interpretação – algo bem diferente do que ela já havia realizado na TV. Sua estreia nas telinhas foi aos 21 anos, como a protagonista Rita em Malhação: Toda Forma de Amar, exibida em 2019 e 2020.
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Foto: Gael Simonato NAYARA VEN NCIO, 21
Nascida em Limeira (SP), a atriz, cantora e bailarina certificada pelo Conselho Internacional de Dança (CID -Unesco) começou a carreira “por acaso”. “Em 2019, fiz a audição para Hadassa sem saber que era teatro musical. Não tinha noção de que eu sabia cantar”, diz a artista, que foi escalada como bailarina. “Depois da estreia vi que para mim não bastava apenas dançar ou só atuar ou só cantar, eu precisava fazer os três.” Após dois enormes sucessos nos palcos nacionais (além de viver a Rainha Ester em Hadassa, ela atuou como Miss Califórnia em Rua Azusa), Nayara passou a ser disputada pelas maiores produções do teatro musical brasileiro. Em 2023, ela fará sua estreia no musical Wicked, produzido pelo Instituto Artium de Cultura, em São Paulo. “Meu desejo é que muitas pessoas sejam alcançadas e transformadas pela minha arte. Quero continuar dando vida a personagens no teatro musical e aumentar o meu leque de atuação em áreas como dublagem, modelagem e televisão.”
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Foto: Helena Mello ALLAN OLIVER, 23
Roteirista, produtor, diretor e ator paulistano, Allan encantou-se pelo mundo dos musicais aos 15 anos, mesmo período em que abriu sua produtora, a Dagnus Produções, e aos poucos passou a desenvolver uma escrita direcionada ao público que queria atingir: os adolescentes até então pouco acolhidos pelas produções teatrais no Brasil. Com 19 anos, já estava roteirizando, produzindo e dirigindo musicais em grandes teatros da cidade, o que lhe rendeu indicações à versão brasileira do Broadway World Awards, em 2019 (com Só Se For a Dois), e aos prêmios Jovem Brasileiro e Arcanjo de Cultura, em 2021 (por Bullying, o musical, sucesso de público e crítica entre 2019 e 2021). Atualmente, trabalha na pré-produção e na direção do musical baseado em O Fantástico Mistério de Feiurinha, de Pedro Bandeira, e prepara o espetáculo Os Óculos Mágicos de Charlotte, baseado no desenho animado do Disney+ com personagem da ilustradora Suppa e músicas de Miguel Falabella.
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Foto: Alinne Volpato JOVANI FURLAN, 29
Primeiro brasileiro a se tornar bailarino do New York City Ballet – principal companhia de balé dos EUA, com 75 anos de existência, e uma das cinco mais importantes do mundo –, em fevereiro de 2022, o catarinense lançou sua própria marca de artigos de dança, a Furlan Dancewear, “com a missão social de apoiar meninos no Brasil que sonham ter uma carreira no balé” – 10% dos lucros são dedicados à causa. Por incentivo da avó materna, Jovani começou os estudos de dança aos 11 anos, no Bolshoi de Joinville (SC). Em 2010, participou da USA International Ballet Competition e ganhou uma bolsa integral para a Miami City Ballet School – três meses depois, já fechava contrato com o Miami City Ballet, onde ficou por oito anos e se tornou principal dancer. Em 2019, solicitou uma audição no New York City Ballet, que em 95% dos casos contrata bailarinos de sua própria escola, a School of American Ballet. “Fui o primeiro bailarino em 12 anos a ser contratado sem ter estudado na SAB.” Um ano e um mês depois, era promovido ao posto mais alto da companhia.
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Foto: Divulgação CAIO HOROWICZ, 26
O ator, diretor, dramaturgo e estudante de teatro ganhou projeção em 2022 como o protagonista de Lov3, série nacional do Amazon Prime Video. Mas a boa fama começou a se espalhar antes, em 2019, quando ele interpretou Alex na série Boca a Boca, produção brasileira da Netflix, coroando uma carreira que teve início quando o paulistano tinha apenas 16 anos e teve a oportunidade de trabalhar com os diretores Cao Hamburger e Charly Braun. No cinema, estreou aos 18 anos no longa Califórnia (Marina Person), com o qual venceu o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival do Rio de 2015. Aos 20, protagonizou A Torre (Sérgio Borges), ao lado de Enrique Diaz; e, aos 21, participou da coprodução argentina Sueño Florianópolis (Ana Katz). Aos 22, protagonizou Hebe – A Estrela do Brasil (Maurício Farias), ao lado de Andréa Beltrão e Marco Ricca, além de Sem Pai nem Mãe (André Klotzel). Atualmente, faz parte do elenco da série Da Ponte Pra Lá, a ser lançada na HBO Max.
GIULIA BERTOLLI, 25
A atriz carioca começou seus estudos de teatro aos 13 anos. Após se formar em língua portuguesa pela PUC-Rio e em artes cênicas pela Casa de Artes das Laranjeiras (CAL), Giulia estreou profissionalmente nos palcos com a peça E se Mudássemos de Assunto?. Depois, debutou na televisão vivendo a personagem Valentina na primeira fase da novela O Sétimo Guardião – papel que coube à sua mãe, Lilia Cabral, no restante da trama. Em 2019, fez parte do elenco principal de Malhação: Toda Forma de Amar. No cinema, fez o curta-metragem A Lista, pelo qual ganhou o prêmio de melhor atriz no South Film and Arts Academy Festival, do Chile, além de ter escrito, dirigido e produzido o curta Só Mais Uma Frase, que foi indicado a 11 festivais e ganhou quatro prêmios, três deles na categoria melhor roteiro. Desde 2020, Giulia está em cartaz com a peça A Lista, que rendeu a ela a indicação de melhor atriz coadjuvante no Prêmio Bibi Ferreira 2022. “Essa indicação foi muito especial, não apenas pelo prêmio em si, mas por tudo o que ele simboliza. Cresci nas coxias dos teatros e foi assim que aprendi a estar preparada para o inesperado e, talvez a lição mais importante de todas, a de ter coragem de recomeçar todos os dias”, diz a atriz, que, em 2023, levará a produção para os palcos do Rio de Janeiro. Ela também escreveu o longa Me Leve Para Ver o Mar, previsto para ser rodado no segundo semestre.
ARTES PLÁSTICAS E LITERATURA
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Foto: Sattva Orasi LUIZA ROMÃO, 30
Paulista de Ribeirão Preto, Luiza escreveu o livro de poesias Também Guardamos Pedras Aqui (editora Nós), que recebeu o principal prêmio literário do Brasil, entre 4.290 obras inscritas: o Jabuti, de Livro do Ano (a conquista rendeu R$ 100 mil). Ela recebeu a notícia em Madri, onde estuda interpretação para cinema. “Na noite do prêmio, via a transmissão pelo celular. Era madrugada quando saiu o resultado. Estava sozinha em meu quarto e as três pessoas com quem divido apartamento dormiam – comemorei sem acordar ninguém. Chorei muito, não só no momento do anúncio do resultado, mas principalmente com as
fotos e mensagens das amigas, amigos e amigues que estavam no Brasil. Sem dúvida, foi, ou melhor, está sendo dos momentos mais emocionantes da minha vida.” Mais velha entre quatro irmãos (Chico, Caetano e Bethania) e filha de professores, Luiza cresceu estimulada a ler, escrever, dançar, encenar. “Aos 9 anos, escrevi uma série de poemas, imprimi e saí para vender na escola. Amava as histórias seriadas, como Harry Potter e a coleção Vagalume.” Aos 17 anos, trocou o interior pela capital para estudar artes cênicas na ECA/USP. Voltou a escrever em 2013, após conhecer os slams (batalhas de poesias autorais) e saraus. Foi ali que se descobriu poeta e conheceu os nomes que se tornariam suas referências na literatura nacional. Alguns nomes são Emerson Alcalde, Mel Duarte e Daniel Minchoni. Entre suas predileções estrangeiras, ela cita o trio: Bertolt Brecht, Elena Ferrante e Gloria Anzaldúa. Luiza também escreveu os livros Sangria, Coquetel Molotove e Nadine. Para o futuro, deseja apresentar o espetáculo Garotas Mortas (baseado em obra de Selva Almada) e assistir aos jogos do Palmeiras, na Rua Caraíbas. -
Foto: Divulgação LUÍZA FÁZIO, 28
Paulista de Santos, Luíza escreveu os roteiros de duas das séries de maior sucesso da Netflix Brasil, Sintonia e Cidade Invisível. Em 2022, foi selecionada para a residência literária International Writing Program, da Universidade de Iowa. Lésbica, Luíza teve a infância marcada pela proximidade do mar e por uma máquina de escrever – desde os 5 anos, escrevia pequenas histórias nela. “Vivi uma infância feliz, mas, como filha única, tive momentos de solidão. Quando me via sem ninguém para brincar, inventava histórias na minha cabeça. Minha criatividade se provou infinita.” Aos 13 anos, começou a jogar RPG no Orkut com amigas. “Virávamos madrugadas pensando em personagens, tramas, conflitos. O que fazíamos no Orkut era uma espécie de sala de roteiro.” Saiu do litoral aos 16 anos e fez jornalismo na capital, na Cásper Líbero. A entrada no audiovisual aconteceu como assistente na LB Entertainment. “Eles estavam prestes a começar a sala de roteiro de Samantha!, para a Netflix Brasil. Os roteiros deveriam ser traduzidos para o inglês. Pedi para ser a tradutora desde que pudesse estar na sala de roteiro. A partir dali, me apaixonei por esse mundo e as portas foram se abrindo”, diz Luíza, que aponta as seguintes produções como favoritas: Buffy the Vampire Slayer; a novela Roque Santeiro; e as séries Twin Peaks, Orange is the New Black e SKAM.
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Foto: Anna Cebey ELIAN ALMEIDA, 28
“Não cresci cercado por catálogos do Hélio Oiticica e Lygia Clark. Fui pela primeira vez a um museu porque fui escolhido o melhor aluno da turma por boas notas e bom comportamento, e ganhei o passeio”, recorda o artista que cresceu em Duque de Caxias (RJ), torcedor do Flamengo que sonhava em ser jogador de futebol e hoje se divide entre os ateliês de Paris e Ipanema (RJ). “Cresci em um território onde vi a violência de perto, escutei muito tiro, perdi amigos para o tráfico. Nunca passei fome, mas houve momentos de falta.” Filho de um pastor e de uma doméstica, Elian ficou no Rio até os 24 anos, quando partiu à França em um intercâmbio da Universidade Sorbonne. “Minha primeira exposição individual foi 2021 e, em um intervalo curto de tempo, muita coisa aconteceu na minha carreira, com exposições em grandes museus brasileiros e no mundo. Em 2022, fiz uma capa para a Vogue Brasil que é considerada histórica – e a obra foi parar no Instituo Inhotim (MG).” Para 2023, sua grande expectativa é a mostra individual que fará na galeria Nara Roesler, em São Paulo.
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Foto: Marcel Copola CAROL ITO, 30
“Minha grande conquista em 2022 foi receber o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Arte, pela reportagem em quadrinhos Três Mulheres da Craco, publicada na revista Piauí. Neste trabalho, falei com três mulheres cis e trans que vivem na Cracolândia para entender como elas enfrentaram a pandemia”, conta a paulista de Marília, de ascendência japonesa, italiana e espanhola. “A paixão por desenho nasceu aos 10 anos, com os mangás. Com o tempo, senti a necessidade de criar personagens e histórias. Criei um blog em 2014 para postar tirinhas e cartuns. Nessa época, vivi minha primeira crise depressiva e o desenho me ajudou a preencher as noites de insônia. Minhas primeiras tiras tinham personagens em forma de salsicha – era uma homenagem à minha paixão pelas salsichas em conserva dos botecos do interior (risos). Depois, passei a fazer mais quadrinhos autobiográficos.” Carol vive em São Paulo desde 2016 graças ao mestrado em ciência da informação na ECA/USP. Ela mora com Bob Marley, um vira-lata caramelo e simpático. Em 2020, iniciou a série Quarentiras, no Instagram da revista Tpm. A meta de 2023 é lançar dois livros: Siriricas Tristes e Outras (In)Felicidades e um HQ (ainda sem título) sobre depressão, ansiedade e positividade tóxica.
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Foto: Anie Barreto PAULA SIEBRA, 24
“Sempre quis ser pintora. Me lembro de já pensar nisso desde muito pequena. Quem me fez pintora foi minha mãe, que me fez acreditar que as minhas garatujas eram extraordinárias”, diz a artista nascida em Fortaleza (CE), representada pela galeria Mendes Wood desde 2021. “Eu tinha uma prima, Milla, que fazia algumas abstrações e mantinha um ateliê na Praça das Flores. Ao visitá-la, ficava encantada e aquilo se tornava um mundo.” 2022 foi especial para Paula. “Pela primeira vez, expus na minha cidade e estabeleci uma relação imensamente gratificante com artistas que admiro, em especial os silicogravadores de Majorlândia. Quando não está trabalhando, ela gosta de: “ler, ler, ler; cozinhar; ouvir Simon & Garfunkel; escrever meu diário; fazer pequenos arranjos de flores; assistir a The Office; ir à praia e andar a pé.” Suas exposições individuais: Ternura (Rio de Janeiro, 2019); Arrebalde (São Paulo, 2020); Arrebol (Nova York, 2020); Lembrança de Algum Lugar (Fortaleza, 2022); Noites de Cetim (São Paulo, 2022). Entre os artistas brasileiros favoritos: Amadeo Lorenzato, Victor Brecheret e Fulvio Pennacchi. Entre os estrangeiros: Félix Vallotton, Édouard Vuillard e Rinjiro Hasegawa.
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Foto: Divulgação EDUARDA LIBMAN, 17
Tinta acrílica e milhares de parafusos. Com esses elementos, a artista paulistana faz retratos que criam uma ilusão de ótica conforme o observador se move. O estilo da obra é resultado de uma extensa pesquisa de materiais feita por Duda a partir de um trabalho proposto pela escola Avenues (ela se forma no ensino médio em junho de 2023). Cada quadro leva de mil a 5 mil parafusos, e demora semanas para ficar pronto. Duda se destacou nas duas edições da SP-Arte em 2022. Em junho, na individual Alvorecer, na galeria Casa Rosa Amarela, expôs 23 retratos – e vendeu todos na faixa de R$ 6 mil a R$ 8 mil. “Sabia que seguiria uma profissão que permitisse a liberdade de criar. Quando eu era menor, me aventurava na cozinha e adorava servir as minhas receitas. Depois, comecei a me interessar por costura, criando e costurando modelos – por um bom tempo, achei que meu caminho seria a moda. Aos 9 anos, comecei a desenhar.” Entre seus artistas favoritos: Adriana Varejão, Panmela Castro, Dalton Paula, Lynette Yiadom-Boakye, Chuck Close, Alice Neel, Lucian Freud, Anselm Kiefer.
LUIZA ROMÃO, 30
Paulista de Ribeirão Preto, Luiza escreveu o livro de poesias Também Guardamos Pedras Aqui (editora Nós), que recebeu o principal prêmio literário do Brasil, entre 4.290 obras inscritas: o Jabuti, de Livro do Ano (a conquista rendeu R$ 100 mil). Ela recebeu a notícia em Madri, onde estuda interpretação para cinema. “Na noite do prêmio, via a transmissão pelo celular. Era madrugada quando saiu o resultado. Estava sozinha em meu quarto e as três pessoas com quem divido apartamento dormiam – comemorei sem acordar ninguém. Chorei muito, não só no momento do anúncio do resultado, mas principalmente com as
fotos e mensagens das amigas, amigos e amigues que estavam no Brasil. Sem dúvida, foi, ou melhor, está sendo dos momentos mais emocionantes da minha vida.” Mais velha entre quatro irmãos (Chico, Caetano e Bethania) e filha de professores, Luiza cresceu estimulada a ler, escrever, dançar, encenar. “Aos 9 anos, escrevi uma série de poemas, imprimi e saí para vender na escola. Amava as histórias seriadas, como Harry Potter e a coleção Vagalume.” Aos 17 anos, trocou o interior pela capital para estudar artes cênicas na ECA/USP. Voltou a escrever em 2013, após conhecer os slams (batalhas de poesias autorais) e saraus. Foi ali que se descobriu poeta e conheceu os nomes que se tornariam suas referências na literatura nacional. Alguns nomes são Emerson Alcalde, Mel Duarte e Daniel Minchoni. Entre suas predileções estrangeiras, ela cita o trio: Bertolt Brecht, Elena Ferrante e Gloria Anzaldúa. Luiza também escreveu os livros Sangria, Coquetel Molotove e Nadine. Para o futuro, deseja apresentar o espetáculo Garotas Mortas (baseado em obra de Selva Almada) e assistir aos jogos do Palmeiras, na Rua Caraíbas.
CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
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Foto: Alexandre Mazzo TACIANA PEREIRA, 28
Então estudante de bioengenharia em Harvard, a curitibana Taciana Pereira recebeu aplausos e 2 milhões de visualizações no Facebook quando discursou, como copresidente da Brazil Conference at Harvard & MIT de 2017, sobre a expressão “tinha que ser brasileiro”. “Quero desafiar a vocês e a mim a mudar o sentido dessa frase”, disse. “Quero ver pela primeira vez um Prêmio Nobel de um de nós. E, quando isso acontecer, eu quero ouvir no fundo: ‘tinha que ser brasileiro’.” O prêmio o Brasil ainda não ganhou. Mas Taciana avançou vários passos em sua trilha na ciência. Um dos mais recentes: levantou US$ 15 milhões para a Systemic Bio, empresa voltada à criação de miniórgãos humanos bioimpressos. “O principal objetivo é reduzir drasticamente o tempo de descoberta e aprovação de medicamentos, além de eliminar a necessidade de utilizar animais para testes em laboratório”, diz a brasileira, que é sócia e CEO da companhia. Taciana se mudou para os Estados Unidos em 2013, para estudar em Harvard com uma bolsa de 90%. Na faculdade, atuou em pesquisas com base em imunoterapia em busca da cura do câncer – doença que acometeu seus quatro avós. Ao se formar, entrou para a startup de bioimpressão 3D Allevi e, em quatro anos, tornou-se chief scientific officer, ampliando sua participação societária. Liderou a venda da startup para a 3D Systems, pioneira em impressão 3D com rendimento anual de US$ 600 milhões, e tornou-se vice-presidente e gerente-geral de bioimpressão da empresa compradora. Em 2022, apresentou o plano de abrir a subsidiária Systemic Bio, que tem faturamento estimado em US$ 100 milhões em cinco anos e a ambição de trazer escala para a produção de miniórgãos.
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Foto: Victor Affaro VERENA PACCOLA, 23
Quando criança, nos dias em que era permitido levar brinquedo para a escola, Verena Paccola aparecia com seu microscópio à pilha para investigar tudo que encontrava no caminho. “Eu brinco que nasci cientista”, diz a estudante de medicina da USP Ribeirão Preto. “Porque fazer ciência é fazer perguntas e ir atrás das respostas, e eu sempre fui inquieta.” Uma dessas inquietações a levou a se inscrever, em 2020, na primeira turma do programa Caça Asteroides, parceria do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações com o International Astronomical Search Collaboration (IASC/NASA) que propõe a pessoas comuns procurar asteroides analisando sequências de imagens do espaço. Verena ganhou notoriedade e um prêmio do ministério por encontrar 25 deles, sendo um considerado raro, com uma órbita diferente da maioria e uma chance, ainda que mínima, de colidir com a Terra. As descobertas ocorreram no período em que ela se preparava para o vestibular de medicina e se distraía olhando para as imagens do céu. Antes, já tinha se formado técnica de enfermagem na Unicamp, participado de uma pesquisa na área de neurociência computacional no Hospital Albert Einstein e composto a delegação brasileira na Assembleia da Juventude da ONU de 2019. “Me inscrevo em tudo que vejo”, diz. Agora, seus planos são se formar médica e incentivar mais meninas na ciência. Ainda não sabe se poderá nomear o asteroide que encontrou. Mas, se puder, já sabe como será: “Rochele, que é o nome da minha avó”.
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Foto: Divulgação ANA GARCIA, 27
Quando estudava relações internacionais na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, a goiana Ana Garcia ajudou a fundar a Brasa (Brazilian Student Association), que conecta e apoia estudantes brasileiros no exterior. Ali conheceu Roberto Sallouti, conselheiro e CEO do BTG Pactual. Anos depois, formada e trabalhando na Ambev, Ana seria chamada por ele para desenvolver o projeto de uma faculdade de tecnologia orientada por projetos, o Inteli – Instituto de Tecnologia e Liderança. Sem fins lucrativos, a instituição foi criada a partir da doação de R$ 200 milhões da família Esteves e com o apoio do BTG Pactual. Recebeu em 2022 seus primeiros estudantes: 210 alunos em quatro cursos de graduação, sendo que 50% das vagas são ocupadas por bolsistas. “Criamos o Inteli para ser a melhor instituição de tecnologia do Brasil”, diz Ana, que hoje ocupa o cargo de COO. “Para isso, precisamos atrair os melhores alunos e alunas – independentemente da sua condição financeira.”
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Foto: Divulgação BÁRBARA GOSZINIAK, 30
Engenheira ambiental, Bárbara Gosziniak desenvolveu uma garrafa para filtrar e esterilizar a água com luz azul. O projeto surgiu enquanto ela pesquisava um novo método de tratamento de água em seu mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto. Por causa dele, recebeu o prêmio nacional de inovação e tecnologia no programa Red Bull Basement em 2021 e, em 2022, o prêmio mundial de storytelling da final mundial na Turquia. “É uma tecnologia simples: uma garrafa que tem dentro led azul para fazer a esterilização e, na parte superior, um filtro de membrana para que não haja partículas criando sombra”, descreve a pesquisadora. “O sistema elétrico é carregado por energia solar, com a conexão de um power bank.” Assim que finalizar o mestrado, no primeiro semestre de 2023, Bárbara pretende se engajar na produção do equipamento, hoje um protótipo. “Quero direcionar essa garrafa para quem não tem acesso a água potável”, diz. “Mas também tenho recebido pedidos do público em geral para adquiri-la.”
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Foto: Divulgação BERNARDO PRECHT, 29
No primeiro ano da residência em cirurgia geral no Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, Bernardo Precht, de Niterói, começou a postar no Instagram seus interesses, um tanto para desviar o foco da pressão daquele período. Na interação com o público, descobriu que havia uma dor frequente em relação ao preparo para a residência. Viu ali uma oportunidade de mercado. “Eu tinha o respaldo de resultados bons nas provas, seguindo uma metodologia própria de estudos”, conta. “Surgiu então a ideia de criar um produto de mentoria.” Junto com dois sócios que também produziam conteúdo voltado para a carreira médica, ele fundou, em 2019, a plataforma Além da Medicina. No primeiro ano, havia 100 alunos. Em 2022, foram 4,1 mil, pagando por programas que custam de R$ 2,4 mil a R$ 15 mil e vão de preparação para provas a gestão do consultório. Nesse último ano, a healthtech foi adquirida por R$ 35 milhões pela Afya, ecossistema de educação em saúde, e hoje Bernardo é o head de produtos para residência dentro da empresa compradora.
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Foto: Divulgação BERNARD CAFFÉ, 30
Fundada em 2018, a Jovens Gênios é uma edtech do Rio de Janeiro que usa inteligência artificial para melhorar a aprendizagem de alunos no ensino fundamental. “A gente criou um algoritmo que identifica defasagens e recomenda o que o aluno precisa estudar, e ele vai aprendendo no seu próprio ritmo, em um ambiente gamificado”, diz o CEO e cofundador Bernard Caffé. “Já impactamos 150 mil estudantes em mais de 300 escolas, privadas e públicas.” Ofertando o produto inicialmente para escolas de bairro, a Jovens Gênios desenvolveu uma estratégia de vendas que passa pela realização de olimpíadas, com participação gratuita, como forma de experimentação da plataforma. Com o tempo, a edtech obteve parcerias também com grandes grupos educacionais, como a Rede Salesiana, com escolas municipais de diferentes regiões do Brasil, e com a Fundação Bradesco. Em 2022, o faturamento, segundo Bernard, está em torno de R$ 9 milhões.
TACIANA PEREIRA, 28
Então estudante de bioengenharia em Harvard, a curitibana Taciana Pereira recebeu aplausos e 2 milhões de visualizações no Facebook quando discursou, como copresidente da Brazil Conference at Harvard & MIT de 2017, sobre a expressão “tinha que ser brasileiro”. “Quero desafiar a vocês e a mim a mudar o sentido dessa frase”, disse. “Quero ver pela primeira vez um Prêmio Nobel de um de nós. E, quando isso acontecer, eu quero ouvir no fundo: ‘tinha que ser brasileiro’.” O prêmio o Brasil ainda não ganhou. Mas Taciana avançou vários passos em sua trilha na ciência. Um dos mais recentes: levantou US$ 15 milhões para a Systemic Bio, empresa voltada à criação de miniórgãos humanos bioimpressos. “O principal objetivo é reduzir drasticamente o tempo de descoberta e aprovação de medicamentos, além de eliminar a necessidade de utilizar animais para testes em laboratório”, diz a brasileira, que é sócia e CEO da companhia. Taciana se mudou para os Estados Unidos em 2013, para estudar em Harvard com uma bolsa de 90%. Na faculdade, atuou em pesquisas com base em imunoterapia em busca da cura do câncer – doença que acometeu seus quatro avós. Ao se formar, entrou para a startup de bioimpressão 3D Allevi e, em quatro anos, tornou-se chief scientific officer, ampliando sua participação societária. Liderou a venda da startup para a 3D Systems, pioneira em impressão 3D com rendimento anual de US$ 600 milhões, e tornou-se vice-presidente e gerente-geral de bioimpressão da empresa compradora. Em 2022, apresentou o plano de abrir a subsidiária Systemic Bio, que tem faturamento estimado em US$ 100 milhões em cinco anos e a ambição de trazer escala para a produção de miniórgãos.
FINANÇAS
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Foto: Victor Affaro LUCAS CHAMADOIRO, 30
Chamadoiro é um “private banker”, profissional que orienta investidores com muito dinheiro a cuidar de seu capital. A carreira nasceu dos estudos. Ambicioso, o soteropolitano percebeu logo cedo que teria de procurar seu próprio caminho. Ele poderia estudar administração de empresas na UFBA, mas não se animou com a ideia. “Eu queria um lugar mais orientado ao mercado”, diz ele. Daí a decisão de vir para São Paulo e cursar a Fundação Getulio Vargas (FGV). Após se formar, foi trabalhar no Credit Suisse, onde atualmente é responsável por R$ 15 bilhões em recursos de clientes. Chamadoiro diz estar otimista com as perspectivas do setor. Segundo ele, os projetos mais bem-sucedidos serão os que conseguirem avançar para além do eixo Rio-São Paulo. “É preciso criar uma ‘awareness’ no Brasil sobre o que é o mercado de private bank”, diz Chamadoiro. “Esse será um negócio de customização, eu costumo dizer que não é ‘high tech’, é ‘high touch’, e o desafio é ganhar escala sem perder esse sentimento de exclusividade que hoje é
oferecido para o cliente.” -
Foto: André Valentim MARIO AUGUSTO DE SÁ, 25
A maioria dos adolescentes de 14 anos quer ter um canal no YouTube. Nascido em 1997, Mario Augusto de Sá cuidava de vários nessa idade. Ele fundou, ao lado dos amigos Victor Trindade e Gabriel Soares, o canal Neagle. Sá não aparecia, mas cuidava dos negócios. “Deu tão certo que criamos uma agência de influenciadores digitais”, diz ele. Além do retorno econômico, o canal proporcionou um conhecimento em primeira mão das necessidades da Geração Z. Sá foi estudar engenharia da computação e, ao lado de um professor, criou a fintech Trampolim em 2018. A empresa foi adquirida pela Stone dois anos depois, e os recursos foram destinados a colocar em prática um banco digital voltado ao público que ele conhece tão bem. “O NG Cash oferece serviços financeiros para a geração dos 12 aos 24 anos”, diz ele. “Queremos ser a primeira conta digital desses usuários.” A NG Cash é uma instituição de pagamentos. Oferece transferências por meio de Pix, recargas de celulares, compras de créditos em jogos e serviços mais tradicionais, como pagamento de boletos e cartões físicos e virtuais. Os cartões são apenas na modalidade pré-pago, sem oferecer empréstimos. A empresa emprega 60 pessoas e já recebeu dois aportes de capital semente dos fundos Andreessen Horowitz e Monashees. O futuro, diz Sá, é evoluir na escala regulatória. “Queremos manter os clientes da Geração Z no nosso ecossistema, permitindo que eles controlem a vida financeira e dos investimentos.”
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Foto: Divulgação TACYO MUNHOZ, 29
Lágrimas fizeram Munhoz, então com 22 anos, abrir mão de uma carreira sólida e empreender. Ele nasceu em uma família de baixa renda e foi criado pela mãe (que faleceu cedo). Obteve um emprego no Bradesco aos 18 anos. Dedicado, aos 20 anos foi promovido e se tornou o gerente mais jovem da organização. Dois anos depois, assessorou uma cliente de 62 anos a obter um financiamento imobiliário. A meta era comprar o primeiro imóvel para deixar para a filha. “A senhora caiu no choro e isso virou uma chave em mim”, diz ele. “Muitas vezes por razões burocráticas, o gerente nega um financiamento imobiliário e destrói o sonho da vida de uma pessoa, que é comprar a casa própria.” O empresário criou uma fintech que facilita a intermediação desses empréstimos. Atuando em parceria com os bancos, a Oito reduz a burocracia, compara preços e torna o processo mais ágil. Em 2022, a empresa intermediou a concessão de R$ 1,1 bilhão nesses empréstimos, faturando R$ 74 milhões em comissões.
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Foto: Divulgação JOÃO PAULO SANCHES MAIA, 29
Quem quer ser bem-sucedido na Faria Lima tem de suar a camisa. Maia levou esse princípio à risca. Ele iniciou sua trajetória no mercado financeiro ainda quando cursava administração de empresas na FGV. Após vencer uma competição de pesquisa, teve sua primeira experiência no Vale do Silício em 2014, quando aprofundou seu interesse por empreendedorismo. Após trabalhar por quatro anos no Bank of America Merrill Lynch, ele se juntou a dois colegas de faculdade para fundar a Shift Capital. O primeiro investimento, com capital próprio, foi na Shift Fitness, que concentra a operação de rede de academias BlueFit na região Centro- Oeste. Quatro anos após seu lançamento, a rede possuía oito unidades, um pipeline para inaugurar mais sete ao longo de 2023 e um faturamento de R$ 60 milhões por ano. No início de 2022, a empresa se fundiu à rede BlueFit. Maia assumiu a direção da nova companhia, que emprega cerca de 3 mil pessoas e está entre as cinco maiores do país.
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Foto: Divulgação BIANCA JUNQUEIRA PEREIRA, 29
Estudante de escola pública e formada em direito e administração de empresas, Bianca começou sua carreira de empreendedora vendendo balas. Fundou sua primeira startup em 2017 e a segunda em 2018. As iniciativas não deram certo, mas proporcionaram experiência e traquejo para fundar a terceira, chamada Portão 3. O nome tem razão de ser: foi a terceira iniciativa, e o objetivo do negócio é gerir viagens corporativas – o portão refere-se aos portões de embarque nos aeroportos. Porém, a experiência não serviu para evitar um risco inesperado. “O primeiro protótipo ficou pronto quando começou a pandemia”, diz ela. “O momento foi o pior possível.” No entanto, ela e os sócios decidiram continuar. Deu certo. “Fomos para além das viagens; agora estamos na gestão de pagamentos e de tudo o que tem a ver com colaboradores na rua”, diz ela. A Portão 3 tem como clientes corporações como a seguradora SulAmérica e a rede de pagamentos Credipago.
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Foto: Divulgação ANA CLARA MARTINS, 24
O mercado financeiro ainda é um ambiente inóspito para as mulheres. E essa tendência é ainda mais forte no capital empreendedor. O ecossistema que reúne fundadores de startups e seus financiadores, em geral fundos de venture capital e investidores-anjo, também é majoritariamente masculino. Por isso faz diferença ter mulheres no comando das empresas. “Não apenas como sócias ou executivas, mas como CEOs”, diz Ana Clara Martins, sócia do fundo de venture capital Atlantico. Mineira de Belo Horizonte, ela cursou o ensino médio em uma escola americana na Suiça. Estudou ciências políticas e engenharia de produção na universidade Stanford, na Califórnia. A decisão de voltar ao Brasil em 2019 deveu-se ao bom momento do mercado de capital empreendedor. “Vi muita gente chegando, pessoas empreendendo e fundos investindo, e quis fazer parte disso.” O Atlantico tem uma estratégia de butique. Com um patrimônio de cerca de R$ 400 milhões, o fundo investe, em média, em 15 empresas. O fundo não revela nomes nem valores.
LUCAS CHAMADOIRO, 30
Chamadoiro é um “private banker”, profissional que orienta investidores com muito dinheiro a cuidar de seu capital. A carreira nasceu dos estudos. Ambicioso, o soteropolitano percebeu logo cedo que teria de procurar seu próprio caminho. Ele poderia estudar administração de empresas na UFBA, mas não se animou com a ideia. “Eu queria um lugar mais orientado ao mercado”, diz ele. Daí a decisão de vir para São Paulo e cursar a Fundação Getulio Vargas (FGV). Após se formar, foi trabalhar no Credit Suisse, onde atualmente é responsável por R$ 15 bilhões em recursos de clientes. Chamadoiro diz estar otimista com as perspectivas do setor. Segundo ele, os projetos mais bem-sucedidos serão os que conseguirem avançar para além do eixo Rio-São Paulo. “É preciso criar uma ‘awareness’ no Brasil sobre o que é o mercado de private bank”, diz Chamadoiro. “Esse será um negócio de customização, eu costumo dizer que não é ‘high tech’, é ‘high touch’, e o desafio é ganhar escala sem perder esse sentimento de exclusividade que hoje é
oferecido para o cliente.”
ESPORTES
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Foto: Victor Affaro BIA HADDAD, 26
Quando criança, a paulistana estava dividida entre ser jogadora de tênis ou professora de matemática – pelo jeito, deu certo optar pela primeira alternativa: em agosto de 2022, com vice-campeonato do WTA 1000 de Toronto, ela saltou do 82º lugar do ranking para o 15º, a melhor colocação da história de uma brasileira. “Um momento muito especial do ano foi quando ganhei meu primeiro WTA em Nottingham, não somente pelo título, mas pela forma como eu e minha equipe estávamos lidando com o dia a dia, trabalhando muito duro.” Em seguida, a jogadora, que tem entre suas principais armas o saque e o forehand, venceria outro WTA 250, em Birmingham. Com esses excelentes resultados, em dezembro, a tenista foi premiada pelo jornal britânico Daily Express por ter apresentado a melhor evolução no ranking mundial na temporada. Bia cresceu dentro do clube Sírio, em São Paulo, onde frequentou a escola e teve contato com várias modalidades: judô, ginástica artística, natação, futebol e tênis. “Fisicamente, Bia sempre foi diferenciada, um pouco maior que as crianças da mesma idade”, analisa Laísa, sua mãe e professora de tênis. Quando não está jogando, Bia gosta de tocar violão e piano, além de ler e conhecer a cidade por onde
está passando. Para 2023, a meta é “seguir evoluindo para chegar entre as 10 melhores do mundo”. Bia tem o sonho de ganhar um Grand Slam. “Mas, mais do que isso, quero contribuir de alguma forma para a vida de pessoas, especialmente as crianças.” -
Foto: Divulgação ALANA MALDONADO, 27
Em novembro de 2022, Alana conquistou o título de bicampeã mundial paralímpica do judô em Baku (Azerbaijão), ao vencer a turca Raziye Ulucam na categoria até 70 kg para atletas da classe J2 (baixa visão). A atual campeã paralímpica nasceu em Tupã, interior de São Paulo, e hoje vive na capital, onde treina no Palmeiras em dois turnos. “Eu não tinha muita esperança em ser atleta profissional, mas, em 2014, após ser campeã brasileira, ingressei na seleção brasileira e, a partir daí, foi a realização de um sonho.” Quando não está treinando, Alana gosta de descansar, visitar a família, ver filmes e sair com a namorada para ir ao shopping. “Sou mais caseira, mas também gosto muito de praia.” Ela começou na modalidade por influência da avó, que trabalhava em uma academia de judô. “Eu ficava com meus avós para meus pais irem trabalhar.” Em 2023, Alana vai brigar para seguir líder do ranking mundial. “Me sinto uma atleta realizada, mas quero ser campeã dos Jogos Mundiais e dos Jogos Parapan, que são dois títulos que bati na trave, ficando com a prata.”
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Foto: William Lucas/Time Calderano HUGO CALDERANO, 26
Filho de professores – o pai de educação física e a mãe de inglês –, Hugo nasceu e cresceu no Rio de Janeiro até os 14 anos, quando se mudou para São Caetano do Sul (SP) para treinar tênis de mesa. Hoje, vive em Ochsenhausen (Alemanha), e os treinos são pesados: seis horas por dia, sendo quatro na mesa. Desde cedo, ele se viu como atleta – começou na modalidade aos 8 anos. A primeira competição internacional foi a latino-americano mirim, em 2008, quando conquistou o bronze nas duplas. “Considero que uma das minhas forças é a parte mental, muito importante no tênis de mesa. Posso dizer que meu estilo de jogo é bem agressivo.” Ele gosta de praticar e assistir a outros esportes, principalmente basquete e tênis (também curte xadrez e brincar com cubo mágico). Entre os momentos marcantes de 2022, ele cita dois títulos: uma etapa do circuito WTT, na Tunísia, e o Campeonato Pan-Americano, no Chile. “Em 2023, as minhas principais competições serão o Mundial e os Jogos Pan-Americanos, além da liga japonesa e as etapas do circuito internacional. Quero buscar o tri no Pan e espero novamente estar na briga por uma medalha no mundial.”
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FELIPE DRUGOVICH, 22
Paranaense de Maringá, Felipe jamais vai esquecer o ano de 2022: ele se transformou no primeiro piloto brasileiro a vencer o Campeonato de Fórmula 2 da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Em 14 etapas (28 corridas, já que são duas corridas por fim de semana), ele foi o piloto com mais vitórias na temporada (5) e levantou o caneco com uma etapa antecedência, em Monza. “Na verdade, o ano foi muito especial também por outros dois motivos: fui o primeiro piloto a ganhar as duas corridas de uma etapa, em Barcelona (o que não é nada fácil, já que o segundo grid é invertido); e pela vitória de Mônaco, onde fiz a pole e ganhei a corrida, em um lugar em que o Senna é tão respeitado”, diz o piloto, que é fã de Ayrton Senna (1960-1994) e Niki Lauda (1949-2019) – fora do automobilismo, o tenista Roger Federer é seu ídolo. Felipe entrou no mundo da velocidade aos 5 anos, competindo de autorama; depois, vieram os carrinhos de RC (rádio-comando) e, em 2008, acelerou um kart. “Em 2011, quando ganhei o Brasileiro de Kart, achei que seria possível viver do esporte”, diz Felipe, que saiu do Brasil em 2013 e hoje vive em Desenzano del Garda (norte da Itália). Em 2023, será o terceiro piloto da Aston Martin na Fórmula 1. “Meu sonho é ser campeão da F1 – bem simples (risos).”
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Foto: Divulgação ENDRICK, 16
O craque do Palmeiras que virou a principal sensação brasileira no mercado internacional de futebol em 2022 fechou o ano nas manchetes graças à segunda maior transação da história do futebol brasileiro: ele foi negociado com o Real Madrid por 72 milhões de euros (ficou atrás apenas de Neymar, que trocou o Santos pelo Barcelona por 88 milhões em 2013). O Real Madrid prevaleceu sobre outros gigantes europeus, como Chelsea e PSG, interessados no atacante canhoto. Ele fará as malas para a Espanha em 2024, sete anos depois do gol de bicicleta decisivo na final do Paulistão sub-13, contra o Santos. Endrick
Felipe Moreira de Sousa é o único atleta da história do Palmeiras a ser campeão em todas as categorias, incluindo a profissional. A estreia no time de Abel Ferreira aconteceu contra o Coritiba, em 6 de outubro de 2022. No segundo jogo dele, contra o Athletico, marcou duas vezes na vitória por 3 a 1. Ele nasceu na pequena Valparaíso (GO). Douglas, seu pai, foi faxineiro no Centro de Treinamento do clube para arcar com as despesas do filho em São Paulo. -
Foto: Divulgação FRED BIONDI, 22
Em janeiro de 2022, Fred assumiu a primeira posição entre os golfistas amadores brasileiros (e segundo da América do Sul) ao conquistar o vicecampeonato do Latin America Amateur Championship (LAAC), na República Dominicana. “Não venci por pouco. Esse torneio foi um divisor de águas. A partir daí, venci dois torneios do calendário de college, e fiquei em segundo em outros dois.” Em junho, o golfista paulistano residente na Flórida desde os 14 anos marcou seu nome na história do golfe nacional: participou do 122º U.S. Open. Trata-se do primeiro amador do Brasil a se classificar para o Aberto dos Estados Unidos. “Foi um momento mágico jogar ao lado dos meus ídolos.” Fred joga golfe desde os 3 anos. “Comecei em São Carlos, onde meu avô tinha um campo de 11 buracos, mas só pensei em viver do esporte ao entrar no college. Graças ao golfe, ingressei na University of Florida. Hoje, sou 18º do mundo (ranking amador).” 2023 começa quente para Fred. “São três torneios muito importantes, além de ter como meta terminar meu ciclo amador em Top 5 no PGA University, pois isso me dará a oportunidade de jogar torneios profissionais.”
BIA HADDAD, 26
Quando criança, a paulistana estava dividida entre ser jogadora de tênis ou professora de matemática – pelo jeito, deu certo optar pela primeira alternativa: em agosto de 2022, com vice-campeonato do WTA 1000 de Toronto, ela saltou do 82º lugar do ranking para o 15º, a melhor colocação da história de uma brasileira. “Um momento muito especial do ano foi quando ganhei meu primeiro WTA em Nottingham, não somente pelo título, mas pela forma como eu e minha equipe estávamos lidando com o dia a dia, trabalhando muito duro.” Em seguida, a jogadora, que tem entre suas principais armas o saque e o forehand, venceria outro WTA 250, em Birmingham. Com esses excelentes resultados, em dezembro, a tenista foi premiada pelo jornal britânico Daily Express por ter apresentado a melhor evolução no ranking mundial na temporada. Bia cresceu dentro do clube Sírio, em São Paulo, onde frequentou a escola e teve contato com várias modalidades: judô, ginástica artística, natação, futebol e tênis. “Fisicamente, Bia sempre foi diferenciada, um pouco maior que as crianças da mesma idade”, analisa Laísa, sua mãe e professora de tênis. Quando não está jogando, Bia gosta de tocar violão e piano, além de ler e conhecer a cidade por onde
está passando. Para 2023, a meta é “seguir evoluindo para chegar entre as 10 melhores do mundo”. Bia tem o sonho de ganhar um Grand Slam. “Mas, mais do que isso, quero contribuir de alguma forma para a vida de pessoas, especialmente as crianças.”
GASTRONOMIA
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Foto: Victor Affaro AMANDA ALBARICCI DE ANGELIS, 26, FÁBIO MUNNO, 30
Fast-food funcional, vegetal e carbono neutro. Essa é a proposta da Bloom Fast Good, startup que recebeu R$ 10 milhões da holding Nutramerica. “A marca reinventa o junk food e clássicos da indústria F&B (food and beverage), transformando-os em nutritivos, funcionais, 100% plant based e mantendo as características sensoriais já adoradas e culturalmente consumidas pelas pessoas”, diz Fábio Munno, CEO e cofundador
da Bloom. Amanda Albaricci de Angelis, sócia e CMO, complementa: “Ela é sustentável, com a maior redução possível de resíduos, embalagens em PLA (plástico biodegradável), composteira e compensação da pegada de carbono”. O desenvolvimento das fórmulas, com a proposta de entregar diferentes funções, como auxílio no foco, no relaxamento e na imunidade, foi feito em parceria com a Atlhetica Nutrition, empresa de suplementos alimentares da Nutramerica que foi fundada pelo pai de Amanda. Há ainda uma parceria de marketing com a Incrível, linha plant-based da JBS. “A gente quer construir junto uma categoria, afinal é um conceito novo”, diz Amanda. Com uma loja aberta no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, em junho de 2022, a Bloom deve inaugurar mais quatro unidades no início de 2023 – com o plano de chegar a 35 lojas ao longo do ano. -
Foto: Rodolfo Regini PEDRO FRADE, 29
Quando criança, Pedro Frade adorava ver Ana Maria Braga cozinhar na TV. Na hora de escolher a profissão, não deu outra: estudou gastronomia, primeiro em Belo Horizonte, depois na França, na Escola Superior de Cozinha Francesa. Em Paris, trabalhou no complexo gastronômico do chef Jean-François Piège (duas estrelas Michelin). “Ali fiquei enlouquecido com o business de confeitaria. É escalável, organizado”, conta. Na volta ao Brasil, retomou uma vaga no Glouton, em Belo Horizonte, depois se mudou para São Paulo e atuou no Tanit e no Vista. Durante a pandemia, ouvindo dúvidas que recebia pelo Instagram, lançou um curso on-line vendido rapidamente (“Tive retorno de 20 vezes o valor investido”), criou uma plataforma de aulas e hoje se encaminha para abrir uma escola com sede própria. Em maio de 2022, Pedro também e tornou chef-confeiteiro executivo do complexo Vila Anália, respondendo pela confeitaria, pela gelateria e pelas sobremesas dos restaurantes do local e chamando atenção da crítica especializada. Lançou ainda uma
nova marca, a One Bite Coffee. -
Foto: Divulgação BRUNA HANNOUCHE, 29
“Eu brinco que fiz direito para fazer bolo direito”, diz a pernambucana Bruna Hannouche sobre seu início na confeitaria. Isso porque foi na faculdade, para complementar a mesada, que ela começou a fazer doces para vender. Aprendeu na internet – no YouTube, no Pinterest e em aulas on-line. O negócio paralelo deu tão certo que chegou uma hora em que ela teve que optar entre o sonho de virar procuradora como o avô ou o empreendimento em confeitaria. Escolheu o segundo caminho, e hoje a Cake Hannouche, sociedade dela com a mãe, é referência em bolos de festa no Nordeste (fora que envia suas criações de avião Brasil afora). “O mercado aqui é muito tradicional, e eu quebrei isso”, diz. “Trouxe sabores diferentes – são mais de 20 no cardápio –, desenho os bolos digitalmente e uso uma impressora 3D para fazer miniaturas que o cliente pode eternizar na casa dele.” Bruna conta que acabou de fazer todos os bolos da próxima temporada do reality Casamento às Cegas da Netflix. Também está desenvolvendo uma plataforma de streaming que vai incluir cursos e mentorias.
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Foto: Divulgação NICHOLAS FULLEN, 29
Nicholas Fullen e o irmão, Gabriel Fullen, tinham dois restaurantes Oguru, no Itaim e nos Jardins, e estavam prestes a abrir uma nova casa, o Locale Caffe, em março de 2020, quando veio o lockdown e exigiu mudanças de planos. Ainda assim – ou justamente por isso –, os negócios da dupla cresceram. “Hoje temos oito operações em funcionamento e duas em obras”, diz Nicholas. “Recebemos de 28 a 30 mil clientes por mês e temos mais de 250 colaboradores.” Para expandir na pandemia, foram necessárias guinadas rápidas de estratégia. O Locale Caffe abriu focado em delivery e retirada de cannoli e drinks engarrafados. O rodízio japonês apelou para alternativas. “Fomos o primeiro grupo a lançar o voucher para uso futuro, por preço promocional”, afirma Nicholas. “Vendemos R$ 1 milhão em três dias.” Também houve investimento em delivery, com uma dark kitchen para as marcas Oguru Sushi e Poke by Oguru, e a abertura de novas casas: a Locale Trattoria e uma franquia Grand Cru no Itaim e um Oguru no Market Place – Iguatemi.
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Foto: Divulgação LUANA SABINO, 26
Paulistana da Freguesia do Ó, descendente de portugueses e baianos, Luana Sabino trabalhou em Nova York antes de cofundar em São Paulo o Metzi, restaurante de cozinha mexicana eleito o 27º melhor da América Latina segundo o ranking Latin America’s 50 Best Restaurants 2022. A história recheada de referências geográficas começa na infância da chef. “Praticamente nasci dentro da padaria da minha família”, diz Luana. “Quando eu era criança, ficava vendo meu avô fazer pão.” A menina cresceu interessada em cozinha, fez faculdade de gastronomia e trabalhou em restaurantes paulistanos como Arturito e Tuju. Recém-formada, resolveu buscar uma experiência fora do país. “Eu quis aprender mais do que tinha acesso aqui.” Então, pegou a lista The World’s 50 Best Restaurants e escreveu para todos os estabelecimentos americanos premiados. Um deles a aceitou: o Cosme, de cozinha mexicana. Ali, Luana se apaixonou por essa culinária e também por um colega, Eduardo Ortiz, com quem voltou para o Brasil. Os dois inauguraram o Metzi em setembro de 2020, em Pinheiros. Agora, preparam-se para começar um segundo negócio, uma taqueria.
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Foto: Divulgação CLEOFAS UCHÔA, 23
Na adolescência, Cleofas Uchôa vendeu bolo feito pela mãe com uma food bike em Copacabana. Depois, durante uma temporada de seis meses em Nova York antes de iniciar a faculdade de administração na PUC-Rio, conseguiu emprego em um restaurante brasileiro que tinha acabado de abrir, o TAP NYC (o nome é abreviação de tapioca, açaí e pão de queijo). Entrou como caixa, trabalhando poucas horas, e foi assumindo outras funções e aumentando a carga horária. Pouco antes de voltar ao Brasil, recebeu um convite do fundador do restaurante, Roberto Simonsen, para ficar pelo menos mais seis meses e tocar o negócio. Aceitou e já está lá há cinco anos, agora como sócio e COO. “Nos últimos anos, em um business em que vimos centenas fechando as portas ao redor, conseguimos sobreviver graças aos nossos clientes satisfeitos e ainda crescer, aumentando o aturamento para mais de US$ 2,5 milhões”, diz Cleofas. Durante a pandemia, houve fechamentos e aberturas de lojas da TAP. No momento, há duas em funcionamento, fora uma cloud kitchen, e o plano para 2023 é abrir uma terceira. “Queremos levar nosso conceito, nossos produtos e a brasilidade para o mundo.”
AMANDA ALBARICCI DE ANGELIS, 26, FÁBIO MUNNO, 30
Fast-food funcional, vegetal e carbono neutro. Essa é a proposta da Bloom Fast Good, startup que recebeu R$ 10 milhões da holding Nutramerica. “A marca reinventa o junk food e clássicos da indústria F&B (food and beverage), transformando-os em nutritivos, funcionais, 100% plant based e mantendo as características sensoriais já adoradas e culturalmente consumidas pelas pessoas”, diz Fábio Munno, CEO e cofundador
da Bloom. Amanda Albaricci de Angelis, sócia e CMO, complementa: “Ela é sustentável, com a maior redução possível de resíduos, embalagens em PLA (plástico biodegradável), composteira e compensação da pegada de carbono”. O desenvolvimento das fórmulas, com a proposta de entregar diferentes funções, como auxílio no foco, no relaxamento e na imunidade, foi feito em parceria com a Atlhetica Nutrition, empresa de suplementos alimentares da Nutramerica que foi fundada pelo pai de Amanda. Há ainda uma parceria de marketing com a Incrível, linha plant-based da JBS. “A gente quer construir junto uma categoria, afinal é um conceito novo”, diz Amanda. Com uma loja aberta no shopping JK Iguatemi, em São Paulo, em junho de 2022, a Bloom deve inaugurar mais quatro unidades no início de 2023 – com o plano de chegar a 35 lojas ao longo do ano.
MARKETING E PUBLICIDADE
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Foto: Victor Affaro GIULIA BRAIDE, 26, ARTHUR CHINI, 30
Fundada por Giulia Braide e Arthur Chini, a Messs é a empresa mais nova a liderar uma campanha nacional do WhatsApp, com a “Todo mundo pode cair em golpes, mas todo mundo pode evitar”, sobre segurança na plataforma. A cearense Giulia abriu a primeira empresa aos 18 anos, no ramo de mídias sociais. Em 2020, já em São Paulo, tornou-se diretora criativa da Messs, empresa que fundou com Arthur. Em 2022, foi considerada pela plataforma global WGSN a cara da Geração Z brasileira no mercado de publicidade. O gaúcho Arthur também vem de uma carreira na moda, com passagem como sócio e diretor comercial da Steal The Look. Em 2017, ele abriu a HAY, agência de marketing de influência e assessoria de comunicação. Ao lado de Giulia no comando da Messs, é diretor de estratégia. Nesses três anos, a empresa já assinou campanhas para marcas como Levi’s, Prada e Banco Neon. Para 2022, a projeção de faturamento é de R$ 2,3 milhões. A perspectiva para 2023 é um salto de 60% em receita, com a consolidação do grupo em três empresas: de comunicação e publicidade, a produtora, e de agenciamento e gestão de carreira de influenciadores. “Somos dois jovens que tiveram coragem de seguir no caminho oposto ao que todos estavam indo”, defendem, sobre a decisão de empreender.
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Foto: Victor Affaro RICARDO SILVESTRE, 26
Fundador e CEO da Black Influence, Ricardo Silvestre passou 10 anos convivendo com o racismo no mercado publicitário até chegar ao estopim: um burnout. “Não foi apenas a exaustão por excesso de trabalho, mas por estar em ambientes que me violentavam enquanto pessoa e profissional. Na minha recuperação, entendi que eu não tinha outra opção a não ser empreender.” Em 2019, fundou a Black Influence, referência em criadores e influenciadores negros na América Latina. Com uma agência antirracista, seu objetivo é gerar impacto social e aumentar a representatividade de pessoas negras na publicidade. “O mercado está evoluindo, mas a passos lentos. Ainda há muitas marcas com discursos superficiais e que se posicionam só para cumprir protocolo.” Ainda assim, o trabalho da Black Influence ganhou notoriedade. A agência tem projetos com Uber, Amazon Prime Video, Spotify, Pão de Açúcar e outras. Já Ricardo foi eleito uma das 100 personalidades negras mais influentes do mercado lusófono em 2021 pela Bantumen. Em 2022, figurou entre os 100 negros mais influentes do mundo pela MIPAD, iniciativa da ONU com a African Union, e foi indicado ao Caboré como profissional de negócios do ano, sendo o mais jovem da história do prêmio entre os nomeados da categoria. “O que me motiva é saber que esse trabalho, de fato, impacta pessoas como eu, que de alguma forma se sentem mais representadas e pertencentes a esses espaços, sentimentos que nos faltam em muitos aspectos.”
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Foto: Divulgação PAULO BENETTI, 29
Desde a fundação da Outplay Company em 2020, o CEO Paulo Benetti viu sua empresa se tornar referência no mercado de influenciadores e a maior especialista em campanhas de marketing para o metaverso no Brasil. Presente também nos Estados Unidos, a startup teve em seu primeiro ano um faturamento de R$ 8 milhões e fecha 2022 com R$ 30 milhões. “Foi um período repleto de desafios devido ao cenário econômico mundial, mas de muitas conquistas importantes. Vimos projetos relevantes ganhar fôlego, reforçando o crescente interesse no universo gamer”, destaca. Pesquisa recente da PwC apontou que, entre os
investimentos publicitários, o no universo gamer foi o que mais cresceu, em 33% comparado a 2021. “Tivemos grandes parcerias com empresas que querem se consolidar no nosso universo, dando palco para diferentes projetos, como o da Sabrina Sato, em que a sua influenciadora virtual Satiko inaugurou um restaurante no metaverso.” Em junho de 2022, a Outplay passou a compor a Spacecaps, holding de sete empresas relacionadas ao universo digital, entre elas a LOUD, uma das maiores organizações de e-sports da América Latina. -
Foto: Divulgação CHARLES OMOREGIE, 28
Executivo de marketing e tecnologia com mais de 10 anos de carreira, é reconhecido por premiações entre os melhores profissionais do mercado. Em 2018, Charles foi premiado pelo Instituto de Identidades do Brasil (ID -BR) pelo comprometimento com a diversidade e inclusão no mercado brasileiro. “No começo, as oportunidades para pessoas negras eram ainda mais escassas. Eu olhava ao redor e não me via representado nos meus pares ou em lideranças no mundo corporativo.” Atualmente como líder da área de produtos no Google, Charles é responsável por definir as estratégias de lançamento e comercialização de produtos para o mercado brasileiro. É ainda professor de planejamento de comunicação na Miami Ad School e uma das lideranças do Black Ads Academy, iniciativa que já capacitou mais de 3 mil jovens negros em marketing digital. “Quero expandir os espaços de representatividade no mercado com ações que permitam que mais pessoas tenham seus talentos reconhecidos e suas vozes, ouvidas.”
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Foto: Divulgação LUIZE ARAUJO, 27
Em 2016, Luize Araujo fundou a Motora, desde então com iniciativas como a “Mulher Cria” e a roda de conversa “Pretos Criam”, por meio da qual ela e suas sócias convidavam designers negros a compartilharem suas experiências no mercado. Em 2017, a diretora de estratégia da Motora deu início ao projeto “Designer Gráfica” para mapear a contribuição feminina na história do design brasileiro. Ainda naquele ano, foi selecionada como um dos 20 brasileiros com maior potencial de liderança no Brasil pelo programa Young Leaders of the Americas, criado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. “Desejo inspirar jovens talentos e sonho em ver lideranças mais diversas no mercado da criação”, reflete. Com sede em Salvador e um escritório em São Paulo, a Motora foi destaque na Bienal Brasileira de Design em 2019, mesmo ano em que Luize e suas sócias foram reconhecidas pelo Brasil Design Awards com duas medalhas, repetindo o feito em 2020, com mais uma medalha. Em 2022, receberam o troféu de prata no Latin American
Design Award. -
Foto: Divulgação GABRIEL DUARTE, 30
Gabriel Duarte começou no mundo dos e-sports em 2009 e, sete anos depois, tornou-se um empreendedor do ramo. Em 2016, criou a Cursor, uma das primeiras agências de marketing para esportes eletrônicos do país. Com um investimento do grupo Go4it, virou sócio da vertical de games. Atualmente como diretor de novos negócios na Final Level, que pertence à holding Go4it, Gabriel já desenvolveu campanhas para marcas como Elma Chips, Ame e Coca-Cola, ajudando a empresa a alcançar o faturamento de R$ 30 milhões em 2022. Também esteve à frente de projetos para grandes publishers, casos do lançamento de Arcane, série da Netflix, e Ruined King, spin-off de League of Legends. Ajudou a idealizar a Copa Rakin by Final Level, o maior campeonato independente de Valorant do Brasil, e o Gaming Hits, ação desenvolvida com a Resso e com a Universal Music Group que uniu influenciadores ao mundo da música. “O cenário de e-sports e games era restrito e estigmatizado quando decidi investir minha energia nele. Ver o que ele se tornou hoje me deixa profundamente orgulhoso, porque entendo que tudo foi recompensado.”
GIULIA BRAIDE, 26, ARTHUR CHINI, 30
Fundada por Giulia Braide e Arthur Chini, a Messs é a empresa mais nova a liderar uma campanha nacional do WhatsApp, com a “Todo mundo pode cair em golpes, mas todo mundo pode evitar”, sobre segurança na plataforma. A cearense Giulia abriu a primeira empresa aos 18 anos, no ramo de mídias sociais. Em 2020, já em São Paulo, tornou-se diretora criativa da Messs, empresa que fundou com Arthur. Em 2022, foi considerada pela plataforma global WGSN a cara da Geração Z brasileira no mercado de publicidade. O gaúcho Arthur também vem de uma carreira na moda, com passagem como sócio e diretor comercial da Steal The Look. Em 2017, ele abriu a HAY, agência de marketing de influência e assessoria de comunicação. Ao lado de Giulia no comando da Messs, é diretor de estratégia. Nesses três anos, a empresa já assinou campanhas para marcas como Levi’s, Prada e Banco Neon. Para 2022, a projeção de faturamento é de R$ 2,3 milhões. A perspectiva para 2023 é um salto de 60% em receita, com a consolidação do grupo em três empresas: de comunicação e publicidade, a produtora, e de agenciamento e gestão de carreira de influenciadores. “Somos dois jovens que tiveram coragem de seguir no caminho oposto ao que todos estavam indo”, defendem, sobre a decisão de empreender.
MODA
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Foto: André Valentim LAIZA DE MOURA, 22
Laiza de Moura tinha 18 anos e trabalhava em um pet-shop no centro do Rio de Janeiro quando foi abordada por um olheiro de modelos. Desse dia em diante, a vida da garota que andava anônima na Baixada Fluminense com seu 1,80 m e rosto marcante nunca mais foi a mesma. Ela foi escolhida por Anthony Vaccarelo para estampar a campanha da Saint Laurent e, atualmente, é considerada uma das modelos mais requisitadas do mundo. Laiza vive em Paris e já desfilou para marcas como Hermès, Alberta Ferretti, Dries Van Noten, Isabel Marant, Lowe e Sacai. Na lista de desejos ainda não realizados da carreira está trabalhar com as marcas Tom Ford, Bottega Veneta e Burberry. “Já realizei muitos sonhos e sei que represento esperança para meninas que, como eu, vivem em uma realidade muito distante desse universo da moda. Sou a representatividade em pessoa. Negra, periférica e LGBTQIA+. Quero que elas olhem para mim e saibam que é possível.”
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Foto: Victor Affaro MARINA RUY BARBOSA, 27
Quando estava na escola, Marina brincava que era dona de uma marca. Ela não sabia o
que venderia, mas o negócio já tinha nome: Ginger. O desejo de empreender seguiu guardado até que a pandemia chegou. Os trabalhos de atriz desaceleraram e deram espaço à materialização do sonho antigo. Em julho de 2020, ela lançou sua marca de roupas. “A Ginger nasceu da minha paixão por moda e de uma vontade de não fazer
o que está dentro da caixa. Não quero seguir uma fórmula do sucesso. Gosto de ter uma marca que assume riscos, que traz ousadia no modelo de negócio, na comunicação e nas peças”, diz ela. Sua primeira coleção esgotou em menos de 12 horas e, nos primeiros dias, reuniu quase 100 mil seguidores no Instagram. Ainda naquele ano, a Ginger teve crescimento de 1.010% em seu faturamento e lançou uma collab com a Schutz, do Grupo Arezzo&Co. Em 2021, a Ginger abriu no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, e, no ano seguinte, no Shopping Leblon, no Rio. Hoje ela está também em Curitiba e em 39 diferentes multimarcas do país. “Quando comecei, nunca tinha feito um business plan, mas me cerquei de pessoas competentes e descobri que o segredo é vender o que você acredita.” Em 2022, a empresa apresentou crescimento de 512% no faturamento nos seis primeiros meses comparado ao mesmo semestre do ano anterior. “Foi tudo muito rápido, mas aprendi a conciliar minha carreira de atriz com a de empreendedora. Entendi que podemos ser múltiplas. Quem foi que disse que a gente tem que ser uma coisa só durante a vida toda?” -
Foto: Divulgação AIRON MARTÍN, 30
Com apenas dois anos de marca, Airon Martín é o novo queridinho da moda nacional. Depois de cursar um ano de medicina, ele se mudou para São Paulo para estudar design no IED. Começou a trabalhar com o desenho de mobiliário e desenhava roupas secretamente. O desejo de expor as criações começou em um espaço de 30 metros quadrados, no qual exibiu um casaco, uma calça, uma cadeira, uma banqueta e a vontade de elevar a barra da força criativa nacional. Hoje ele comanda duas lojas próprias em São Paulo e já participou de três desfiles digitais e dois físicos da SPFW. A marca que ele batizou de Misci surgiu para “exaltar a potência que nasce da miscigenação de um mato-grossense com raízes familiares no Ceará e na Paraíba”. “O Brasil tem muita roupa e pouca moda. Quero fazer o público entender a importância da propriedade intelectual, ressignificar a indústria de forma mais sustentável e mostrar que também podemos fazer produtos premium”, diz Airon. Em 2023, ele pretende apostar nas exportações. Já é presença garantida em multimarcas francesas e deve lançar uma nova grife com posicionamento ainda mais exclusivo do que a que conquistou Sasha Meneghel, Bruna Marquezine e a socióloga e futura primeira-dama, Janja.
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Foto: Divulgação ANA CLARA WATANABE, 25
Desde quando apresentou seu desfile de conclusão de curso na Faap em 2019, Ana Clara Watanabe chamou a atenção do mundo da moda. Com um trabalho focado nos saberes manuais e na alfaiataria, ela fundou a Anacê, marca que tocou ao lado da ex-sócia Cecília Gromann. Com a marca, ela desfilou em duas edições on-line e uma presencial da SPFW, esteve na plataforma internacional Not Just a Label e na feira Who’s Next, em Paris. Depois de deixar a Anacê no início deste ano, ela virou uma potência criativa que leva estilo e pesquisa de design para marcas parceiras, como Animale, Insider e Dod Alfaiataria. “Ela entende muito de alfaiataria e tem um carinho especial pela construção do vestuário. Trata as formas, o caimento e as silhuetas de forma única e leva a essência familiar para as peças que cria. Ana Clara faz roupas que abraçam”, diz Juarez Tenório, dono da Dod Alfaiataria. Para 2023, ela planeja uma marca própria que pretende explorar não apenas roupas, mas também sua outra paixão, o mobiliário.
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Foto: Divulgação MAURÍCIO DUARTE, 27
Nascido em Iranduba, a 40 quilômetros de Manaus, Maurício foi o primeiro estilista do Amazonas a participar da SPFW. Mesmo sendo um indígena não aldeado, a origem familiar no povo kaixana guia suas criações de forma contemporânea quando ele explora o choque entre as raízes da floresta e a vida nos grandes centros urbanos. Seus pais cultivavam urucum e cuidavam de uma casa de farinha em uma região ribeirinha. Em 2016, Maurício se mudou para São Paulo para estudar moda na Faculdade Santa Marcelina. Começou a carreira vendendo suas criações na Avenida Paulista e hoje desfila sob o mesmo teto dos maiores designers do país. Em seus trabalhos, a floresta não está apenas nas estampas baseadas em pinturas indígenas ou nos trabalhos manuais que ele usa no ateliê. Ele opera também com a inclusão de outros artistas amazonenses e indígenas em áreas que permeiam a produção de moda, como nos filmes ou trilhas musicais que usa em desfiles. Maurício já participou de apresentações junto a artistas em Londres e Paris e diz que o propósito de suas roupas agênero é “perpetuar e honrar saberes ancestrais que jamais deveriam ter sido silenciados”.
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Foto: Divulgação LUÍSA MORATO, 27
Criadora da marca Camys (um apelido simpático para camiseta), Luísa Morato é uma advogada apaixonada por moda. A mineira iniciou sua trajetória fashion em 2013, quando fundou, com duas amigas, o blog de moda e comportamento Here We Glow, que saiu do ar em 2017. O sucesso com a comunidade digital encorajou o empreendedorismo no mundo físico. Em 2018 nasce a Camys com a ideia de criar o encontro perfeito entre moda e conforto. A marca nasceu com apenas um produto, uma camiseta em fio egípcio que teve 70 peças-piloto para chegar ao modelo ideal. Com quatro anos no mercado, ela expandiu a linha para moletons e jeans, abriu loja nos Jardins, em São Paulo, dobrou as vendas durante a pandemia, abriu um segundo ponto no Shopping JK Iguatemi, já tem um novo ponto previsto para 2023 e mostrou, com uma equipe quase 100% feminina (são apenas três homens na operação), que fazer o básico de qualidade não é simples, mas é essencial.
LAIZA DE MOURA, 22
Laiza de Moura tinha 18 anos e trabalhava em um pet-shop no centro do Rio de Janeiro quando foi abordada por um olheiro de modelos. Desse dia em diante, a vida da garota que andava anônima na Baixada Fluminense com seu 1,80 m e rosto marcante nunca mais foi a mesma. Ela foi escolhida por Anthony Vaccarelo para estampar a campanha da Saint Laurent e, atualmente, é considerada uma das modelos mais requisitadas do mundo. Laiza vive em Paris e já desfilou para marcas como Hermès, Alberta Ferretti, Dries Van Noten, Isabel Marant, Lowe e Sacai. Na lista de desejos ainda não realizados da carreira está trabalhar com as marcas Tom Ford, Bottega Veneta e Burberry. “Já realizei muitos sonhos e sei que represento esperança para meninas que, como eu, vivem em uma realidade muito distante desse universo da moda. Sou a representatividade em pessoa. Negra, periférica e LGBTQIA+. Quero que elas olhem para mim e saibam que é possível.”
MÚSICA
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Foto: ALEXANDRE MAZZO ANA CASTELA, 19
O nome dela é Ana Castela, mas muitos a conhecem como “boiadeira”. Isso porque a cantora de 19 anos – que em 2022 chegou ao número 1 da lista do Spotify com a música Pipoco, entre as 50 mais tocadas do país – aprendeu quase tudo o que sabe entre Sete Quedas (MS), onde nasceu, e a fazenda do avô, no Paraguai. “Cresci no campo e isso me fez criar um amor por cada ser que vive lá. Ter crescido em fazenda me tornou a boiadeira que hoje me chamam. Eu canto o que eu vivo e o que eu gosto de ouvir”, resume. Para transformar a música em hit, Ana contou com a parceria da cantora Melody e do DJ Chris no Beat. O resultado é uma mistura de sertanejo, funk e batidas eletrônicas que não sai dos alto-falantes do Brasil inteiro. Desde que foi lançado, em maio, o videoclipe já contabiliza mais de 171 milhões de visualizações no YouTube. “Nunca pensei que seria esse sucesso todo, e do dia para a noite. Isso é fruto do trabalho em equipe de todos os envolvidos”, explica. A artista adianta que tem vários planos para 2023. “Gravar um DVD está entre eles.” Ela também pretende lançar um álbum completo. “Por enquanto só lancei singles e fiz parcerias com outros grandes artistas, mas ainda não lancei um projeto só meu. Quero continuar cantando e levando alegria para a galera que curte meu trabalho e por meio dele também poder viajar e conhecer lugares incríveis.”
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Foto: Coniiin DJONGA, 28
Gustavo Pereira Marques estudou até o último semestre do curso de história na Universidade Federal de Ouro Preto, mas não se formou porque o seu som estourou Brasil afora e ele caiu na estrada para fazer shows. Desde 2017, o rapper nascido em Belo Horizonte (MG) lança discos anualmente, sempre no dia 13 de março: Heresia (2017), O Menino Que Queria Ser Deus (2018), Ladrão (2019), Histórias da Minha Área (2020) e NU (2021). Esses trabalhos resultaram em indicações e premiações importantes – Djonga foi o primeiro rapper brasileiro indicado ao americano BET Awards. Em 2022, ele lançou, no dia 13 de outubro, o álbum O Dono do Lugar, que esteve recentemente entre os 10 mais ouvidos no mundo, tanto no Spotify quanto no Deezer, além de ter sido destaque em um telão na Times Square, em Nova York. Djonga é também o fundador do selo musical A Quadrilha, que visa potencializar e profissionalizar o trabalho de artistas independentes de Belo Horizonte.
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Foto: Victor Affaro KAYBLACK, 22, MC CAVERINHA, 14
Aos 14 anos, Kauê de Queiroz Benevides Menezes, o jovem trapper MC Caverinha, já acumula parcerias com nomes de peso como Alok e Djonga. Os números envolvendo o seu trabalho são de gente grande: enquanto no YouTube são mais de 2 milhões de inscritos e 282 milhões de views, no Spotify ele supera 70 milhões de plays somente entre as cinco faixas mais ouvidas. O artista paulistano estourou aos 11 anos com a faixa Só Não Pisa no Meu Boot e atualmente mora em uma casa que comprou para a família aos 12, com o dinheiro do próprio trabalho na música – um feito e tanto para quem, além da pouca idade, viu a família ser despejada quando tinha 9 anos. O MC, irmão do também rapper Kayblack, começou suas composições no funk, mas foi no rap que deslanchou, ganhando inclusive o título de “príncipe do trap”. Kaique Menezes, o Kayblack, é um dos representantes da interseção entre o rap e o funk. Começou sua trajetória no funk, aos 12 anos, inspirado em artistas como Felipe Boladão e MC Neguinho do Kaxeta, e, em 2020, lançou seu primeiro single, Bandido Mau, que soma milhões de reproduções no YouTube. Inspirados no triste episódio da demolição de sua antiga casa, os irmãos escreveram Favelado Também Pode, cujo clipe entrou na lista dos mais assistidos no YouTube em 2019.
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PLÍNIO FERNANDES, 28
Paulista radicado em Londres, onde recebeu diploma de mestrado pela Royal Academy of Music, o violonista teve o primeiro contato com o instrumento ainda na infância, por meio de seu pai. Logo após os primeiros acordes, nunca mais parou de estudar. Aprofundou-se no violão clássico e, duas décadas depois, fez sua estreia em disco com Saudade, que alcançou o topo da parada de álbuns clássicos da Billboard assim que foi lançado, em julho de 2022 – ano em que assinou contrato com a Decca Gold, um dos maiores selos de música clássica do mundo. O trabalho conta com os convidados Sheku Kanneh-Mason no violoncelo em Bachianas Brasileiras No. 5: I. Aria (Cantilena), de Heitor Villa-Lobos; Braimah Kanneh-Mason no violino em Menino e a cantora Maria Rita em uma interpretação de O Mundo é Um Moinho. Além de ser embaixador da instituição filantrópica Music Masters, dedicada ao ensino de música nas escolas, Plínio tem uma agenda repleta de planos para 2023: “Concertos nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia e no Brasil, e ainda lançar o meu segundo álbum”, adianta.
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Foto: Divulgação JOSÉ IBARRA, 26, DORA MORELENBAUM, 26, JULIA MESTRE, 26, LUCAS NUNES, 27
Amigos desde a época da escola, os quatro músicos começaram a chamar a atenção após algumas participações nas lives temáticas da cantora Teresa Cristina no Instagram. A movimentação culminou no lançamento do disco de estreia do grupo Bala Desejo, Sim, sim, sim, em 2022 – mesmo ano em que a banda foi a vencedora do Grammy Latino de melhor álbum pop em português. Antes da formação do quarteto, cada músico seguia um caminho diferente em suas respectivas carreiras musicais: Dora (que é filha do violoncelista e maestro Jaques Morelenbaum e apontada como “a nova Gal Costa”) integrava o grupo vocal Zanzibar; Julia compunha músicas para seu trabalho solo; enquanto Zé (que saiu em turnê com Milton Nascimento) e Lucas estavam imersos nas produções do segundo álbum da banda Dônica. Quando decidiram morar juntos, a residência virou imersão. A concretização do Bala Desejo como grupo veio a partir do convite do Coala Festival para que a banda integrasse o line-up da edição de 2021, adiada pela pandemia. Com a impossibilidade do evento, surgiu a ideia da gravação de um álbum.
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Foto: Cauê Diniz GUIDO SANT’ANNA, 17
O paulistano Guido Sant’Anna começou a estudar violino aos 5 anos, com a ajuda da família, e depois sob a orientação de Marcia Uhlemann. Aos 7, fez sua primeira apresentação solo com orquestra, sob a regência do maestro Júlio Medaglia. Um ano depois, foi finalista do Concurso Prelúdio, organizado pela TV Cultura. Em 2018, aos 12 anos, Guido se tornou o primeiro brasileiro e sul-americano a participar da Yehudi
Menuhin International Violin Competition, em Genebra, (Suíça), e ficou em sexto lugar. Também recebeu o Prêmio do Público e o Prêmio de Música de Câmara, que lhe valeram convites para atuar em Londres (Inglaterra), Gstaad (Suíça) e Dubai (Emirados Árabes Unidos), bem como em festivais em Nova York, Moscou e Madri, além do empréstimo de um violino Iorio 1833 pela Fundação Caris. Em 2022, aos 17 anos, Guido venceu a 10ª edição do Concurso Internacional de Violino Fritz Kreisler, em Viena. Atualmente, é bolsista do Cultura Artística e toca um violino Jean Baptiste Vuillaume (1798-1875), gentilmente cedido pelo luthier Marcel Richters, da Áustria.
ANA CASTELA, 19
O nome dela é Ana Castela, mas muitos a conhecem como “boiadeira”. Isso porque a cantora de 19 anos – que em 2022 chegou ao número 1 da lista do Spotify com a música Pipoco, entre as 50 mais tocadas do país – aprendeu quase tudo o que sabe entre Sete Quedas (MS), onde nasceu, e a fazenda do avô, no Paraguai. “Cresci no campo e isso me fez criar um amor por cada ser que vive lá. Ter crescido em fazenda me tornou a boiadeira que hoje me chamam. Eu canto o que eu vivo e o que eu gosto de ouvir”, resume. Para transformar a música em hit, Ana contou com a parceria da cantora Melody e do DJ Chris no Beat. O resultado é uma mistura de sertanejo, funk e batidas eletrônicas que não sai dos alto-falantes do Brasil inteiro. Desde que foi lançado, em maio, o videoclipe já contabiliza mais de 171 milhões de visualizações no YouTube. “Nunca pensei que seria esse sucesso todo, e do dia para a noite. Isso é fruto do trabalho em equipe de todos os envolvidos”, explica. A artista adianta que tem vários planos para 2023. “Gravar um DVD está entre eles.” Ela também pretende lançar um álbum completo. “Por enquanto só lancei singles e fiz parcerias com outros grandes artistas, mas ainda não lancei um projeto só meu. Quero continuar cantando e levando alegria para a galera que curte meu trabalho e por meio dele também poder viajar e conhecer lugares incríveis.”
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
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Foto: Victor Affaro CALLEBE MENDES, 25
Em 2014, aos 17 anos, Callebe Mendes criou sua primeira empresa. O apetite pelo empreendedorismo não parou por aí. Três anos depois, em 2017, fundou a Zapay, em Brasília, fintech que propõe soluções para economizar tempo e dinheiro dos proprietários de veículo. O ano de 2022 foi especial para a startup, que, além de manter parcerias com empresas como Sem Parar, Porto Seguro, Picpay, ConectCar, Itaú e Santander, viu o volume de transações crescer 150%, chegando a mais de R$ 600 milhões. “Nosso objetivo é finalizar o ano de 2024 sendo o primeiro unicórnio do Cerrado. O foco por trás desse valuation é a quantidade de pessoas que iremos impactar: mais de 2,5 milhões de clientes por ano e uma base de usuários muito superior”, afirma. Atualmente, a Zapay está avaliada em centenas de milhões de reais. “Quando fundei a Zapay, tinha em mente que o principal valor dela deveria estar em concordância com meu principal objetivo de vida: impactar positivamente a vida das pessoas. Neste ano, eu e meus sócios, Victor Mahon e Pedro Vogado, orientamos nosso time a continuar seguindo firme com esse objetivo”, destaca. E o empreendedor quer ir além do crescimento da Zapay tornando-se referência no segmento de fintechs. “Estou ajudando empresários e futuros empreendedores a desenvolverem suas próprias fintechs por meio do programa: ‘Construa sua fintech do zero.’”
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Foto: Divulgação JOTA JUNIOR, 29
Programador desde os 13 anos, Jota Junior fundou a Alude, proptech brasileira voltada à automatização de processos imobiliários, em 2019. Logo em uma de suas primeiras rodadas, em 2020, levantou mais de R$ 15 milhões com o endosso dos fundos de investimento Ribbit Capital, Y Combinator, Maya Capital e GFC. “O ano de 2022 foi o melhor da minha carreira e da Alude. Multiplicamos a receita várias vezes, desenvolvemos os produtos que vão sustentar nossa tese (como o de gestão de cobrança de aluguéis) e tudo isso feito com um time enxuto. No total, foram mais de 5 mil imobiliárias e corretores que consumiram produtos pagos em nossa plataforma.” Ele destaca a importância do resultado. “Muitas vezes, ao levantar uma rodada expressiva de um fundo de investimento com prestígio, o empreendedor acredita que aquilo é sinônimo de sucesso; ou gasta muito tempo se orgulhando do seu número de funcionários, ou quantas curtidas tem no LinkedIn. Tudo isso é irrelevante e, por vezes, nocivo se não existe a busca pelo resultado.”
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Foto: Divulgação NATHÁLIA BRANDÃO, 27
Atual responsável pela área de inovação de future beverages da Ambev, com a responsabilidade de contribuir na construção de uma nova categoria alcoólica no Brasil (os ready-to-drink), Nathália teve participação expressiva nos resultados da área dos últimos dois anos. A executiva é cofundadora da InnoWomen, uma liga de mulheres inovadoras que nasceu na Ambev com o objetivo de fortalecer a agenda do protagonismo feminino em inovação. “Em 2022, pude empreender no meu propósito que é ousar, criar futuros. É como encaro inovação e a maneira de conduzir a minha carreira e gerar valor nos negócios.” Também em 2022, Nathália se tornou professora da Conquer e reforça a satisfação em poder promover diálogos e furar as bolhas intelectuais. Os projetos não param por aí. Ela é cofundadora do projeto “asquartas”, um jantar-debate que reúne diferentes gerações e realidades. “Sempre me apeguei a sonhos grandes e em escala. Mas aprendi que existe um poder na microrrevolução, que é focar em transformar o ambiente a sua volta.”
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Foto: Divulgação JOÃO BORGES, 27
Natural de Salvador (BA), João Borges fundou, em 2021, a bayz, uma empresa especializada em criptogames. Hoje, tem 50 funcionários, mais de 140 milhões de alcance em suas redes sociais, além de 30 mil membros no Discord. No fim de 2021, levantou um seed round de R$ 21 milhões e, no primeiro ano de operação, alcançou um faturamento de mais de R$ 5 milhões. “O ano de 2022 foi o mais dinâmico e desafiador em minha carreira. Liderar uma empresa que cresceu tão rápido, especialmente em momentos turbulentos do mercado, me mostrou que nada melhor do que trabalho duro para construir um sonho grande.” Em médio prazo, seu foco está em tracionar ainda mais os resultados da startup, reforçando o pioneirismo no mercado de Web3. “Hoje somos uma das principais pontes para que grandes empresas e marcas consigam engajar sua comunidade utilizando blockchain. Ao liderar parte do movimento de disrupção de uma indústria tão grande, seu trabalho se torna ser, além de um desbravador, um mentor. Tenho planos para dar suporte a diversos projetos de educação.”
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Foto: Divulgação MARCELA QUINTELLA, 28
Cofundadora e COO da Education Journey, Marcela Quintella foi a primeira funcionária da Loft, startup unicórnio hoje avaliada em R$ 15 bilhões. Em 2020, criou, com seus sócios, Iona Szkurnik e Victor Szapiro, no Vale do Silício, a plataforma que conecta profissionais a serviços digitais. Em agosto de 2021, a Education Journey captou R$ 1,2 milhão em uma rodada pré-seed, chegando a um valor de R$ 26 milhões. “Foi um período de crescimento pessoal e profissional. Saí da zona de conforto, e, ao mesmo tempo, foi um ano de muitas conquistas. A Education Journey me mostrou que tudo muda o tempo todo. E a cada conquista temos uma sensação diferente.” Ela destaca a possibilidade de compartilhar conhecimento com outros empreendedores. “Conquistamos seis prêmios e participamos do programa de scale-up da Endeavor. Passamos da fase de teste do produto para a fase de growth, triplicamos nosso número de clientes e aumentamos nosso engajamento”, conclui, reforçando a importância da reinvenção para qualquer profissional.
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Foto: Divulgação CAIO BARBOSA, 25
Na virada de 2021 para 2022, Caio Barbosa, de Bangu (RJ), criou a Lumx Studios, empresa de NFT que atingiu R$ 2 milhões de receita com coleções de NFT de fevereiro a maio. Atualmente, fatura R$ 5 milhões. Possui mais de 20 colaboradores. Foi responsável pelo desenvolvimento da coleção de tokens da Reserva, que bateu recorde de vendas no início do ano. Caio iniciou a graduação em engenharia mecânica na UFRJ e, por influência familiar, migrou para o direito. Aos 16 anos, fez um e-commerce de roupas importadas cujo principal canal de vendas eram grupos de Facebook. Hoje atua também no B2B, desenvolvendo infraestrutura tecnológica e auxiliando marcas em suas jornadas na Web3. “Fundei minha primeira empresa sem experiência prévia de gestão. Em nosso segundo mês de operação, fomos capazes de gerar uma receita expressiva. Conseguimos criar um time de pessoas muito capacitadas e fechamos parcerias com empresas como Coca-Cola, Ambev e Meta. 2023 já mostra sinais de que será ainda maior para nós.”
CALLEBE MENDES, 25
Em 2014, aos 17 anos, Callebe Mendes criou sua primeira empresa. O apetite pelo empreendedorismo não parou por aí. Três anos depois, em 2017, fundou a Zapay, em Brasília, fintech que propõe soluções para economizar tempo e dinheiro dos proprietários de veículo. O ano de 2022 foi especial para a startup, que, além de manter parcerias com empresas como Sem Parar, Porto Seguro, Picpay, ConectCar, Itaú e Santander, viu o volume de transações crescer 150%, chegando a mais de R$ 600 milhões. “Nosso objetivo é finalizar o ano de 2024 sendo o primeiro unicórnio do Cerrado. O foco por trás desse valuation é a quantidade de pessoas que iremos impactar: mais de 2,5 milhões de clientes por ano e uma base de usuários muito superior”, afirma. Atualmente, a Zapay está avaliada em centenas de milhões de reais. “Quando fundei a Zapay, tinha em mente que o principal valor dela deveria estar em concordância com meu principal objetivo de vida: impactar positivamente a vida das pessoas. Neste ano, eu e meus sócios, Victor Mahon e Pedro Vogado, orientamos nosso time a continuar seguindo firme com esse objetivo”, destaca. E o empreendedor quer ir além do crescimento da Zapay tornando-se referência no segmento de fintechs. “Estou ajudando empresários e futuros empreendedores a desenvolverem suas próprias fintechs por meio do programa: ‘Construa sua fintech do zero.’”
TERCEIRO SETOR E EMPREENDEDORISMO SOCIAL
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Foto: RAUL KREBS LAURA DREBES, 19, CAMILY PEREIRA, 19
Saber que sua mãe não teve acesso a absorventes quando era jovem fez Camily pensar em um jeito de resolver a questão da pobreza menstrual. Além disso, a poluição ambiental causada pelos produtos tradicionais também incomodava a estudante. Já Laura estudava no laboratório da escola alternativas biodegradáveis aos plásticos sintéticos quando a professora Flávia Twardowski apresentou as duas. Antes mesmo de terminar o ensino médio, Laura e Camily criaram o SustainPad, um absorvente higiênico ecológico e acessível feito do pseudocaule de bananeira, açaí juçara, resíduos da indústria farmacêutica e sobras de tecido. A iniciativa deu tão certo que em agosto de 2022 as duas embarcaram para Estocolmo e receberam das mãos da princesa Vitória da Suécia o Prêmio Jovem da Água. Com um custo de R$ 0,02 e utilizando 98% menos água durante na produção, o absorvente criado por elas já está pronto para ser fabricado em escala industrial. Ambas receberam propostas nacionais e internacional após a premiação. “Nosso objetivo é ser uma tecnologia social. Estamos preocupadas não só com a questão ambiental, e sim que o produto chegue a quem realmente precisa e não tem como comprar. Esse é o grande diferencial do nosso projeto. Atendemos diretamente a questão da sustentabilidade, pois falamos de questões econômicas, ambientais e sociais ao mesmo tempo”, diz Laura.
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Foto: Divulgação ALEXANDRE VASSERMAN, 28
O administrador de empresas paulistano Alexandre Vasserman é o fundador da Infineat, uma filantech que oferece um serviço de gestão que coordena o processo de doação de alimentos de ponta a ponta, sendo o elo entre a empresa e as instituições parceiras, permitindo acesso diário a comida de qualidade para quem mais precisa. “Logo que comecei essa jornada de empreender a primeira filantech do Brasil, em dezembro de 2020, escrevi um objetivo pessoal: ser a maior referência nos temas fome e desperdício no Brasil em quatro anos e, no mundo, em 10 anos”, afirma o CEO. A Infineat já conseguiu redirecionar 1.070 toneladas de alimentos, correspondentes a 1,8 milhão de refeições complementadas. Atualmente, são 80 toneladas redirecionadas por mês, com crescimento de 12 vezes no último ano. Ao todo, já foram mais de R$ 10 milhões em valor de produtos. O objetivo de Alexandre é se tornar a maior plataforma de redirecionamento de alimentos e, assim, gerar mudança social e estabelecer um novo equilíbrio para o sistema alimentar global. “Quero usar meu conhecimento para ajudar a resolver um problema histórico inaceitável, que poucos tentaram e ainda ninguém conseguiu: a fome.”
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Foto: Divulgação JOSUÉ PEREIRA, 24
Josué Pereira nasceu e cresceu no povoado de Crasto, na cidade de Santa Luzia do Itanhy, interior de Sergipe. Por muito tempo, o local figurou na lista de um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. O cenário mudou com a chegada do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), um dos maiores projetos de investimento social privado do país. “Em 2013, iniciei um curso de programação e fui me interessando cada vez mais. Dois anos depois, comecei a reaplicar o conhecimento que obtive para os jovens da minha comunidade. Minha primeira turma teve 86 alunos”, lembra. Hoje, além de formar jovens programadores, ele montou a startup CITI2, que oferece serviços de TI e ajuda a colocar outros jovens no mercado de trabalho. “Passamos a ser exemplo para os jovens da nossa comunidade que teriam poucas oportunidades além das atividades locais, como pesca e agricultura. Com a empresa, conseguimos nossa própria fonte renda e ajudamos a comunidade a ver que a tecnologia pode mudar a vida das pessoas.”
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Foto: Divulgação GUILHERMINA ABREU, 29
Cofundadora e CEO da Embaixadores da Educação, organização sem fins lucrativos que impulsiona alunos de escolas públicas para que desenvolvam habilidades essenciais para o século 21 e acessem oportunidades em escala – com a missão de que a exceção se torne a regra no Brasil. Aos 18 anos, junto com outros alunos que também estudaram a vida inteira em escolas públicas, ela fundou o projeto. Atualmente, é também integrante do Global Shapers, iniciativa do Fórum Econômico Mundial. “Conquistamos ao longo dos últimos anos grandes parceiros ao mostrarmos nossa capacidade de entregar soluções inovadoras em escala. Idealizamos iniciativas como o Crie o Impossível, maior sala de aula aberta do país, com alunos de escolas públicas reunidos em estádios de futebol e com transmissão simultânea em escolas públicas em todo Brasil”, conta Guilhermina. Em sua última edição em 2022, o Crie o Impossível foi transmitido para mais de 200 mil alunos no ensino médio e reuniu escolas, professores, diretores, mídia, grandes marcas, executivos, artistas e ativistas.
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Foto: Divulgação GABRIEL MARMENTINI, 29
Aos 16 anos, Gabriel começou a trabalhar na pequena empresa de marketing e eventos de sua mãe, enquanto se preparava para entrar na universidade. Foi quando ela descobriu um câncer agressivo na laringe. O rapaz decidiu transformar a dor em uma luta coletiva por direitos, informação e qualidade de vida. Assim, em 2015, nasceu a ACBG (Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço), uma rede de sobreviventes, familiares e profissionais da saúde unidos na luta contra a doença. Entre suas conquistas, a inclusão da laringe eletrônica na tabela do SUS. No mesmo ano, Gabriel cofundou o Politize!, instituto de educação política que há sete anos ressignifica o conceito de política no Brasil e aproxima os jovens dele. Seus canais audiovisuais (vídeos, podcasts e redes sociais) têm mais de 260 mil seguidores. São mais de 300 vídeos publicados no canal do YouTube, somando mais de 10 milhões de visualizações, e o site atinge mais de 2,8 milhões de acessos por mês, totalizando mais de 79 milhões de acessos desde sua criação. “Liderar essas duas organizações da sociedade civil de relevância no cenário nacional é poder manifestar todos os meus conhecimentos e habilidades com significado e impacto social. Saber que a minha jornada reflete positivamente em milhões de pessoas só me estimula a seguir caminhando com foco e disciplina.
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Foto: Divulgação BIA MARTINS, 22
“Tenho como missão personificar a proposta de que fazer o bem é um bom negócio. Que o social dá lucro.” Essas são as palavras da jovem à frente da ONG Olhar de Bia, que já impactou mais de 400 mil pessoas. Com a proposta de atuar em rede formando líderes, a entidade transforma a vida de jovens e gera impacto social por meio de ações de combate à fome, capacitação profissional e emocional e geração de oportunidades, conexão com o mercado de trabalho, empreendedorismo e educação. Além de empreendedora social, Bia é palestrante e já ganhou vários reconhecimentos, como Mulher de Destaque pela Câmara de Deputados de São Paulo, Troféu Marco da Paz e Prêmio Destaque Empresarial como entidade do terceiro setor pela Associação Comercial. “Quero trazer o impacto social como uma metodologia sustentável para que empresas consigam investir em pessoas e iniciativas que transformem seu ecossistema, criando assim uma rede potente de empreendedores sociais e empresários que construirão juntos as principais estratégias para mudar o rumo do planeta”, finaliza.
LAURA DREBES, 19, CAMILY PEREIRA, 19
Saber que sua mãe não teve acesso a absorventes quando era jovem fez Camily pensar em um jeito de resolver a questão da pobreza menstrual. Além disso, a poluição ambiental causada pelos produtos tradicionais também incomodava a estudante. Já Laura estudava no laboratório da escola alternativas biodegradáveis aos plásticos sintéticos quando a professora Flávia Twardowski apresentou as duas. Antes mesmo de terminar o ensino médio, Laura e Camily criaram o SustainPad, um absorvente higiênico ecológico e acessível feito do pseudocaule de bananeira, açaí juçara, resíduos da indústria farmacêutica e sobras de tecido. A iniciativa deu tão certo que em agosto de 2022 as duas embarcaram para Estocolmo e receberam das mãos da princesa Vitória da Suécia o Prêmio Jovem da Água. Com um custo de R$ 0,02 e utilizando 98% menos água durante na produção, o absorvente criado por elas já está pronto para ser fabricado em escala industrial. Ambas receberam propostas nacionais e internacional após a premiação. “Nosso objetivo é ser uma tecnologia social. Estamos preocupadas não só com a questão ambiental, e sim que o produto chegue a quem realmente precisa e não tem como comprar. Esse é o grande diferencial do nosso projeto. Atendemos diretamente a questão da sustentabilidade, pois falamos de questões econômicas, ambientais e sociais ao mesmo tempo”, diz Laura.
WEB E E-SPORTS
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Foto: Divulgação VIRGINIA FONSECA, 23
Com mais de 41,2 milhões de seguidores no Instagram, a influenciadora é dona da marca WePink, criada em agosto e cuja receita foi de R$ 17 milhões já nos três primeiros meses de vida. Em 2022, Virginia foi reconhecida como Influencer do Ano pelo People’s Choice Awards, concorrendo com nomes como Arthur Aguiar, Iran Ferreira (Luva de Pedreiro), Gloria Groove, Vanessa Lopes, Jade Picon, Luísa Sonza e Yarley. “Foi um ano de consolidar a carreira e manter uma expansão acelerada dos negócios; foi o período de maior tendência para compras on-line, e isso reflete diretamente em minha dinâmica como influenciadora e empresária. Além da WePink e Talismã Digital, que é a minha agência, abri no segundo semestre a Maria’s Baby”, destaca. Virginia revela outros projetos para 2023. “As coisas já estão andando, sonhos que eu nem imaginava que tinha estão se realizando. Temos um reality saindo sobre a nossa família e nossa rotina. Eu, Joseph, nossas filhas, dona Margareth, Poliana, Leonardo, Manuzinha e muito mais para mostrar como funciona a nossa bagunça organizada.”
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Foto: André Valentim CASIMIRO, 29
Muito além da consagração de craques como Messi e Mbappé, a Copa do Catar também foi de recordes para um brasileiro em especial: Casimiro Miguel Vieira da Silva, também conhecido apenas como Casimiro ou Cazé. O streamer brasileiro acumulou destaques ao protagonizar um feito histórico: a transmissão da Copa do Mundo para o YouTube e a Twitch. Em parceria com a LiveMode, que fechou com a Fifa a transmissão dos jogos do mundial em redes sociais, Casimiro tem 5 das 11 lives mais assistidas da história do YouTube no mundo. O jogo entre Brasil e Croácia, por exemplo, chegou a 8 milhões de pessoas. Ele também se destacou em número de novos seguidores. Durante a Copa, o canal CazéTV no YouTube chegou à marca de 86,5 mil inscritos em apenas um minuto, recorde que era do MrBeast, maior youtuber do mundo, cuja marca era de 72 mil inscritos. O projeto mais importante da carreira de Casimiro lhe rendeu contratos com marcas como McDonald’s, CocaCola, iFood, Nubank e Unilever – e estima-se que ele tenha arrecadado mais de R$ 1 milhão somente com esse projeto. No início de 2022, Cazé já havia registrado outro feito histórico quando transmitiu, de forma exclusiva pela Twitch, o primeiro episódio do documentário Neymar – O Caos Perfeito, lançado pela Netflix.
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Foto: Divulgação RENAN PHILIP CAVALARI NISHIYAMA, 28
Criada em 2020, a 3C Gaming, cofundada e atualmente liderada por Renan Philip, é uma das maiores empresas especializadas em projetos de games e e-sports do Brasil. Somente em 2022, a 3C, responsável pelo agenciamento de Nobru (Under 30 2021) e Cerol, fundadores da organização Fluxo, movimentou mais de R$ 200 milhões, chegando a um faturamento anual de R$ 15 milhões. “Foi um ano extremamente desafiador para o mercado de games, com grandes movimentos na indústria, o fim de algumas plataformas de streaming e a desaceleração de investimento, bem como o shift dos consumidores em não se concentrarem mais só em poucos títulos (como era o caso do Free Fire)”, diz Renan. Esse contexto, segundo o empreendedor, demandou rápidas adaptações. “Espero continuar liderando o mercado de e-sports e passar a fazê-lo globalmente, no médio prazo, começando a impactar mais os países de língua espanhola com aquisições ou fusões, e a longo prazo com o mercado americano. Acredito muito que temos muito mais criatividade em modelo de negócio, em conteúdo, em como gerimos nossas marcas aqui no Brasil, e isso precisa ser levado para o resto do mundo como um diferencial.”
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Foto: Divulgação IGOR CAVALARI, 26
Junto com seu sócio, Thiago Marques (Mítico), ele criou, em 2020, o Podpah, um dos podcasts mais ouvidos do Brasil em 2022, segundo o Spotify. O projeto tem 6 milhões de inscritos no YouTube e uma média de 70 milhões de visualizações por mês. Em outubro de 2022, em entrevista à Forbes, Igor, Mítico e Victor Assis, CEO do Podpah, falaram dos investimentos em um hub de conteúdo em um estúdio de três andares em São Paulo. “Nós fizemos vários testes com a nossa audiência para entender como a ideia seria recebida por eles e as respostas foram muito positivas. Hoje o Podpah é o Mítico e o Igão, mas nós queremos que daqui a um tempo existam outros apresentadores que também venham à mente quando o público pensar na marca”, disse Victor. Segundo Igor, do ponto de vista de carreira, o objetivo é consolidar-se como comunicador para que as pessoas o enxerguem cada vez mais “como alguém que comunica, alguém que pode ser um porta-voz da comunidade, do nosso Brasil. E, quem sabe um dia, em um domingo, sábado, ser um dos grandes apresentadores do país. Quero cada vez mais poder fazer coisas grandes e trabalhar com comunicação para sempre, o que eu amo fazer. Quem sabe um dia eu não posso ser um Marcos Mion, um Faustão, o Igão?”
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Foto: Divulgação VIVI WANDERLEY, 21
Com mais de 30 milhões de seguidores nas redes sociais, a modelo, atriz, cantora e youtuber desenvolveu em 2022 projetos com várias marcas, entre elas Coca-Cola, Givenchy, Spotify, Sephora, Shopee, Bis, Renner, Nescau, Marvel, MasterCard, Multiplan, TikTok, Americanas, O Boticário e Multishow. Além disso, o ano também foi de projetos autorais. “Eu me senti preparada para dar um novo passo na minha carreira. Me lancei como cantora em dezembro, apresentando o single e clipe Playground, que em 10 dias passou de 2 milhões de visualizações no YouTube e 800 mil streams no Spotify. Fiquei muito feliz com a resposta do público e de cantores renomados”, diz a artista. Para o futuro, Vivi planeja fortalecer sua presença como criadora de conteúdo e expandir para o audiovisual. “Estou ansiosa para o lançamento de um trabalho incrível que estou filmando como atriz, em uma série que será lançada no segundo semestre de 2023. No longo prazo, estou projetando minha marca de maquiagem, que é uma coisa que eu adoro.”
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Foto: Divulgação FRANCINY EHLKE, 23
Ela está entre as maiores influenciadoras brasileiras, com quase 11 milhões de inscritos no YouTube e pouco mais de 15 milhões no Instagram. Seu canal está entre os principais de beleza. No ano passado, após um período de especialização na Make Up Forever, de Paris, uma das mais conceituadas instituições de beleza do mundo, Franciny lançou sua própria linha de maquiagem, a Fran. A marca faturou R$ 67 milhões em seis meses e atingiu o primeiro lugar em número de vendas na maioria das redes em que foi lançada. Apenas o kit em comemoração aos 23 anos da influenciadora vendeu mais de R$ 1,5 milhão em uma hora. “Foi o primeiro ano como gestora de uma marca e entendi muito sobre o poder do meu trabalho na internet e o quanto as pessoas desejam ter um produto que é meu. Isso é muito gratificante.” Em relação à carreira empreendedora, ela reforça a importância da resiliência. “Aprendi que nunca vamos conseguir atingir determinado objetivo usando a fórmula que outro empreendedor que obteve sucesso usou. Para despertar atenção, eu precisei trazer inovação, autenticidade e me arriscar para gerar mais alcance. A confiança faz toda a diferença.”
VIRGINIA FONSECA, 23
Com mais de 41,2 milhões de seguidores no Instagram, a influenciadora é dona da marca WePink, criada em agosto e cuja receita foi de R$ 17 milhões já nos três primeiros meses de vida. Em 2022, Virginia foi reconhecida como Influencer do Ano pelo People’s Choice Awards, concorrendo com nomes como Arthur Aguiar, Iran Ferreira (Luva de Pedreiro), Gloria Groove, Vanessa Lopes, Jade Picon, Luísa Sonza e Yarley. “Foi um ano de consolidar a carreira e manter uma expansão acelerada dos negócios; foi o período de maior tendência para compras on-line, e isso reflete diretamente em minha dinâmica como influenciadora e empresária. Além da WePink e Talismã Digital, que é a minha agência, abri no segundo semestre a Maria’s Baby”, destaca. Virginia revela outros projetos para 2023. “As coisas já estão andando, sonhos que eu nem imaginava que tinha estão se realizando. Temos um reality saindo sobre a nossa família e nossa rotina. Eu, Joseph, nossas filhas, dona Margareth, Poliana, Leonardo, Manuzinha e muito mais para mostrar como funciona a nossa bagunça organizada.”
VAREJO E E-COMMERCE
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Foto: Victor Affaro PEDRO FAVERY COSTA, 30
As palavras para definir a trajetória de Costa são relacionamento e diferenciação. Nos anos 1950, sua família fundou a rede Caçula de Pneus. Isso deu a Costa a oportunidade de conhecer a vida de empresário de perto. Ele começou a trabalhar na empresa aos 16 anos. Passou por diversos setores e, em 2013, aos 21 anos, optou pelo setor de alto desempenho: pontos bem localizados que atendiam marcas de luxo e veículos esportivos. Os negócios foram bem até 2018, quando, após alguns anos de pressão, a fabricante de pneus Pirelli, principal fornecedor, comprou o negócio. “Vendemos a empresa, mas mantivemos os imóveis; o negócio da família passou a ser a gestão do patrimônio imobiliário, e isso continua.” Costa aproveitou o relacionamento com os clientes e abriu outra oficina de alto padrão, a Stradale. “O chão não tem graxa, tem mármore travertino”, diz ele. A experiência em vários departamentos da Caçula, do comercial à logística, passando pelo back office, lhe permitiu conseguir eficiência e rentabilidade. “Costumo dizer que sou quase um pediatra, cuido de carros que são quase como filhos para os meus clientes”, diz. Do relacionamento nasceu a diversificação. “Eu sei o que os clientes gostam de fazer nos fins de semana, e desenvolvi um condomínio de luxo sob medida”, diz. O Villa Stradale fica em Piracaia, no interior de São Paulo, às margens da represa de Joanópolis. Segundo Costa, o lançamento em 2023 deverá elevar o faturamento para R$ 60 milhões, ante os R$ 16 milhões em 2022.
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Foto: Victor Affaro JORGE COSTA NETO, 28
Os atacarejos, híbridos entre os supermercados e as lojas de atacado, têm sido o segmento mais promissor do varejo. Eles caíram no gosto do consumidor por oferecerem preços mais baixos que o varejo e uma certa flexibilidade em relação ao atacado tradicional. “Atualmente, o atacarejo responde por cerca de 50% do faturamento do mercado de alimentos”, diz Costa Neto. Ele conhece o setor por dentro. Começou a trabalhar cedo. Desistiu de uma promissora carreira na natação para carregar caixas na mercearia fundada pelo avô em 1974 na cidade goiana de Ceres e que, posteriormente, foi ampliada por seu pai. Das caixas, ele passou a ser vendedor e posteriormente gerente de vendas, até chegar ao comando do grupo. Além do atacarejo, o grupo JC possui uma operação de vendas destinadas a pequenos comerciantes em seis estados. O faturamento previsto para o grupo em 2022 é de R$ 6 bilhões, um crescimento de R$ 1 bilhão em comparação com 2021.
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Foto: Divulgação ANDERSON SILVA, 28
Quando começou a estudar computação na USP em São Carlos (SP) em 2012, Silva
decidiu que queria trabalhar na melhor empresa de tecnologia do mundo. Na época, como agora, a candidata era o Google. Um desafio para ele, que não tinha fluência em inglês nem computador em casa. Filho de um operário e de uma faxineira, ele estudou a vida toda em escolas públicas e foi menor aprendiz na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). “Eu trabalhava de manhã, fazia Senai à tarde e estudava à noite”, diz. Determinado, Silva conseguiu o primeiro, depois o segundo estágio no exterior e estava pronto para o terceiro estágio no Google. Foi quando resolveu voltar ao Brasil. O motivo? “Senso de justiça. Quis retribuir: foi dinheiro público que pagou os meus estudos, do início até a graduação, passando por um intercâmbio no Canadá”, diz. Sua mais recente iniciativa é a Iglu, uma startup que presta serviços para lojas que querem criar ou ampliar seu comércio eletrônico. O principal sócio é o fundo de venture capital Canary, além de 14 investidores-anjo. -
Foto: Divulgação HAWAN MORAES, 29
Quanto vale a amizade? Para o carioca Hawan (pronuncia-se rauã) Moraes, vale muito: foi a receita do sucesso. O empresário fundou sua primeira startup aos 18 anos, com foco na tecnologia. Não deu certo, o que o fez questionar – muito – a própria capacidade. “Fiquei devastado, achei que eu era o pior empreendedor do mundo”, diz. Ao conversar com amigos na faculdade, tudo mudou. “Eles acreditaram em mim e eu recomecei.” Sua iniciativa seguinte foi tentar desenvolver um comércio eletrônico para uma varejista em 2013. Isso mostrou uma deficiência entre os fornecedores. “Há consultorias que desenvolvem planos de negócios, mas não colocam a mão na massa, e agências de marketing que são passivas e aguardam as orientações do cliente”, diz. Para fechar essa brecha, Moraes criou a Simples, empresa que presta os dois serviços. Para sua alegria, um dos clientes é o Flamengo, seu time do coração. A Simples gerencia o site loja.flamengo.com.br. “O clube nos contrata em vez de montar equipes de conteúdo e de tecnologia”, diz ele.
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Foto: Divulgação JOSÉ JOÃO CUNHA FILHO, 29
A família do empresário capixaba começou com uma atividade tradicional, a venda de tecidos para comerciantes e pequenas confecções. Cunha começou cedo nos negócios: fez sua primeira viagem à China aos 16 anos, auxiliando o pai nas conversas com os fornecedores de tecidos. A inserção na geração de energia solar ocorreu quase por acidente. Antes da pandemia, em 2018, em uma de suas viagens ao país asiático, o empresário adquiriu um lote de painéis solares. A intenção era gerar energia para abastecer a empresa. “Quando a carga chegou, meu pai e eu olhamos as placas e pensamos que era possível ganhar dinheiro vendendo esse produto também”, diz ele. “As placas se pagam em cinco anos e duram 25, então foi fácil convencer os clientes.” Os negócios prosperaram. Em menos de quatro anos, o faturamento das placas superou o lucro com os tecidos. “Eu pensava que minha empresa só faturaria R$ 1 bilhão quando eu tivesse 40 anos”, diz ele. “Agora devemos faturar R$ 1,2 bilhão em 2022, e eu ainda não fiz 30 anos.”
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Foto: Divulgação PATRÍCIA BONAFÉ TURMINA, 28
Ir buscar os pais no aeroporto depois de uma viagem pela Europa mudou a vida da administradora de empresas Patrícia e de seu irmão, o engenheiro Luís Fernando. No caminho de volta entre Porto Alegre e Passo Fundo, os pais mostraram a foto de um doce romeno chamado trdelník (não tente pronunciar). “Foi o que nós precisávamos para abandonar nossa ideia de tentar produzir uma máquina para fazer cachorros-quentes e passássemos a pensar no doce”, diz ela. Rebatizado de “trudel” e com marca registrada, a guloseima de massa assada no espeto lembra um churro. Apesar de parecer mais adequado para os meses de inverno, a versão com sorvete vende bem no verão, diz Patrícia. As vendas levaram os irmãos a franquear o produto. Atualmente, há franquias em 13 estados, e o negócio apresenta um desafio logístico diário para os irmãos. “Elaboramos a massa em Porto Alegre e a enviamos, congelada, para os franqueados”, diz ela. O faturamento previsto para 2022 é de R$ 28 milhões.
PEDRO FAVERY COSTA, 30
As palavras para definir a trajetória de Costa são relacionamento e diferenciação. Nos anos 1950, sua família fundou a rede Caçula de Pneus. Isso deu a Costa a oportunidade de conhecer a vida de empresário de perto. Ele começou a trabalhar na empresa aos 16 anos. Passou por diversos setores e, em 2013, aos 21 anos, optou pelo setor de alto desempenho: pontos bem localizados que atendiam marcas de luxo e veículos esportivos. Os negócios foram bem até 2018, quando, após alguns anos de pressão, a fabricante de pneus Pirelli, principal fornecedor, comprou o negócio. “Vendemos a empresa, mas mantivemos os imóveis; o negócio da família passou a ser a gestão do patrimônio imobiliário, e isso continua.” Costa aproveitou o relacionamento com os clientes e abriu outra oficina de alto padrão, a Stradale. “O chão não tem graxa, tem mármore travertino”, diz ele. A experiência em vários departamentos da Caçula, do comercial à logística, passando pelo back office, lhe permitiu conseguir eficiência e rentabilidade. “Costumo dizer que sou quase um pediatra, cuido de carros que são quase como filhos para os meus clientes”, diz. Do relacionamento nasceu a diversificação. “Eu sei o que os clientes gostam de fazer nos fins de semana, e desenvolvi um condomínio de luxo sob medida”, diz. O Villa Stradale fica em Piracaia, no interior de São Paulo, às margens da represa de Joanópolis. Segundo Costa, o lançamento em 2023 deverá elevar o faturamento para R$ 60 milhões, ante os R$ 16 milhões em 2022.
Reportagem publicada na edição 104 da Forbes Brasil, em dezembro de 2022