A Boa Safra, líder na produção de sementes de soja no Brasil, registrou lucro líquido de R$ 175,3 milhões no ano passado, alta de 37,1% ante 2021, em meio a um ganho de market share no mercado com agricultores buscando mais tecnologia nas sementes para garantir produtividade diante de custos elevados em outros insumos, disse um executivo da companhia à Reuters.
As sementes comercializadas em 2022 foram para o plantio da safra 2022/23 de soja, que está sendo colhida e teve despesa elevada principalmente pelos preços globais dos fertilizantes, que subiram nos primeiros meses da guerra na Ucrânia.
“O aumento da área plantada é importante no Brasil, mas grande parte do nosso crescimento foi em aumento de participação de mercado”, afirmou o diretor de Relações com Investidores da Boa Safra, Felipe Marques.
“O produtor cada vez mais está buscando semente de alta qualidade. Como o custo subiu da lavoura, a forma de ser mais produtivo é ter mais produtividade, e a semente é um dos principais insumos… O produtor paga para ter a melhor semente”, acrescentou.
Ele ressaltou que a semente da Boa Safra bateu recordes em seus níveis de germinação e vigor, de 95% e 92%, respectivamente, chamando a atenção do mercado.
Com isso, a empresa ampliou seu market share no setor de 6,1% em 2021 para 7,4% no ano passado, de acordo com balanço financeiro divulgado nesta segunda-feira.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado avançou 32,9% em 2022, para R$ 202,4 milhões.
A receita líquida, por sua vez, cresceu quase 70%, para R$ 1,04 bilhão.
Além do crescimento em volume de vendas, Marques disse que a comercialização de um portfólio mais tecnológico de insumos também permite uma precificação mais alta para os produtos.
A companhia comercializou 136 mil big bags de sementes em 2022, com capacidade produtiva para 170 mil. No ano anterior, as as vendas foram de 104 mil big bags, e a capacidade era de 130 mil.
Para 2023, a Boa Safra registrará um novo avanço na capacidade produtiva, que subirá para cerca de 200 mil big bags, disse o executivo.
“Esse incremento é possível graças à conclusão das obras do centro de distribuição de Sorriso, no Mato Grosso; de Balsas, no Maranhão; e da unidade de beneficiamento de sementes de Jaborandi, na Bahia. A empresa também avançou com as obras em Primavera do Leste, no Mato Grosso. Todas iniciativas previstas no plano de expansão traçado no IPO”, lembrou ele.
A oferta inicial de ações da empresa aconteceu em abril de 2021.
“E desde o IPO da companhia… ficou muito claro o posicionamento de atingir, em 2026, 360 mil big bags em capacidade produtiva”, comentou sobre a meta de crescimento operacional da empresa anunciada anteriormente.
Em relação ao cenário de mercado para este ano, Marques destacou uma mudança no comportamento do produtor rural, postergando as compras de insumos.
“Entramos com um ano um pouco mais desafiador… e de muita volatilidade nos preços do mercado internacional. Vemos os produtores sendo um pouco mais cautelosos na decisão de compra”, afirmou o executivo.
Se por um lado a comercialização antecipada da safra de soja passou a caminhar em níveis abaixo da média histórica, por outro, a compra de insumos para travar os custos também está mais lenta.
4º TRIMESTRE
Ainda de acordo com o balanço financeiro, o lucro líquido da Boa Safra disparou de R$ 30,87 milhões no quarto trimestre de 2021 para 105,3 milhões no mesmo período do ano passado.
O Ebitda ajustado saltou 171,3%, para R$ 118,78 milhões, e a receita líquida do trimestre aumentou 71%, para R$ 690,1 milhões, na comparação com os últimos três meses de 2021.
Marques disse que houve “um deslocamento da janela de comercialização do terceiro para o quarto tri”, que desencadeou resultados expressivos para o período.