A Suzano está registrando no início deste ano um crescimento na demanda por celulose na China, conforme o país retoma atividades após o longo período de severo isolamento social contra Covid-19 e comemorações do Ano Novo Lunar em fevereiro, afirmaram executivos da companhia hoje (1).
“Na China, após o Ano Novo (Lunar), notamos otimismo nos clientes, com confiança em níveis maiores de produção”, disse o diretor executivo de celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, em conferência com analistas. “A demanda em janeiro foi maior que em dezembro e em fevereiro voltou a subir, para níveis próximos dos históricos”, acrescentou.
Segundo o executivo, a demanda por celulose na China deve alcançar níveis mais normalizados nas próximas semanas.
As ações da Suzano recuavam 1,65% às 16h45, enquanto o Ibovespa mostrava variação negativa de 1%.
A companhia divulgou na noite da véspera mais um resultado recorde, com salto no lucro líquido, enquanto o desempenho operacional medido pelo Ebitda disparou quase 30%, praticamente em linha como o esperado por analistas, segundo dados da Refinitiv.
O presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka, afirmou que a empresa pode reduzir o custo de produção este ano diante de um início de tendência de diminuição nos preços de insumos como produtos químicos e do petróleo, enquanto o custo de madeira “não deve aumentar” em 2023.
“A queda do petróleo gera menor custo de madeira por conta do transporte e a queda dos químicos reduz nosso custo variável. Se continuarem no patamar que estão agora em fevereiro, vamos começar a ver queda gradativa do custo caixa porque já estamos com custos menores do que no final do ano passado”, disse Schalka a jornalistas.
O executivo comentou que a América do Sul passa atualmente por falta de disponibilidade de madeira para a produção de celulose, após uma série de projetos de expansão de produção anunciados não apenas pela Suzano mas por rivais como Klabin e Bracell.
A situação tem encarecido o custo da madeira no mercado, mas não para Suzano, disse Schalka. “A Suzano depende muito pouco de madeira de mercado e tudo que precisa de madeira de mercado ela já contratou”, disse o executivo na conferência para jornalistas.
“Para nós, o custo de madeira não deve aumentar em 2023. O raio (de obtenção de madeira) no médio e longo prazos tem tendência de redução”, acrescentou.
“Nossa percepção é que existe uma limitação para novos projetos (de produção de celulose) decorrente de disponibilidade de madeira”, disse Schalka, cuja empresa prevê investir este ano R$ 18,5 bilhões, com boa parte do montante sendo dedicada a uma nova fábrica da commodity no Mato Grosso do Sul, o chamado “Projeto Cerrado”.
Questionado sobre as expectativas da companhia sobre o julgamento da compra de ativos de papel tissue da norte-americana Kimberly-Clark no Brasil, Schalka afirmou que a Suzano não prevê imposição de remédios pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
“Não temos nenhuma concentração de participação de mercado no Brasil, deveremos atingir 22% de ‘market share’ com essa aquisição e por isso não esperamos nenhum remédio”, disse Schalka a jornalistas. Segundo ele, pelo histórico de outras operações avaliadas pela autarquia, o caso deve ser julgado entre março e abril.