A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil dará um salto para cerca de 5 milhões de toneladas na segunda quinzena de março, antes do início da nova temporada em abril, projetou nesta sexta-feira (24) a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
Na mesma época do ano passado, o setor havia processado apenas 1,18 milhão de toneladas.
O forte aumento acontece com mais usinas em operação nesta segunda quinzena de março, em preparação para a nova safra 2023/24, que se inicia oficialmente em 1º de abril, indicou a Unica, que representa as indústria do centro-sul.
A Unica disse esperar que 36 unidades reiniciem as atividades da operação agrícola nesta segunda quinzena de março, usinas essas que deverão se juntar às 24 fábricas que operavam na primeira parte do mês. O número total deverá ser mais que o dobro do visto na segunda parte de março do ano passado.
“Tais retornos ao status de operação por parte dessas unidades, em conjunto às atuais unidades em operação, devem resultar em um incremento de moagem de até 5 milhões de toneladas ao final de março, estimado com base no respectivo ritmo histórico de processamento industrial”, afirmou a associação em nota.
Com essa moagem na última quinzena da safra 2022/23, a moagem do ciclo completo deverá somar 548 milhões de toneladas, alta de 4,7% na comparação com temporada passada, fortemente afetada por seca e geadas.
Na nova campanha, ao contrário, analistas têm citado chuvas mais abundantes para projetar uma safra próxima de 600 milhões de toneladas no centro-sul, com crescimento esperado de mais de 5% ante o ciclo atual.
Isso seria um aumento de dezenas de milhões de toneladas em 2023/24, o que ajuda a explicar por que algumas usinas estão antecipando os trabalhos em 2023/24.
A Unica ponderou que o retorno das unidades à operação pode sofrer alterações a depender das condições climáticas de cada região canavieira.
Mas destacou que na primeira quinzena de abril mais unidades estarão moendo cana. “Ao término deste mês (abril) é esperado que cerca de 80% das unidades ativas estejam em operação no centro-sul”, destacou.
Na temporada passada, enquanto aguardavam os canaviais ficarem mais produtivos, várias unidades começaram a moagem de cana mais tarde.
A Unica citou ainda que o alto índice de chuvas no fim do verão, que beneficiou os canaviais, mas atrasou por outro lado o cronograma de colheita da cana-de-açúcar.
Houve um “leve atraso em relação às expectativas iniciais”, disse a Unica, destacando ainda que o clima úmido “também impactou a colheita de grãos cujo resultado pode ser uma maior sobreposição entre o período de safra da cana, junto à soja e milho”.
Uma parte cada vez mais importante da produção de etanol do Brasil tem no milho a matéria-prima.
Ainda com poucas usinas operando na primeira quinzena de março, a moagem no período atingiu somente 608,29 mil toneladas, mas já um aumento importante versus as 142 mil toneladas de igual época de 2022.
A produção de açúcar na primeira quinzena de março seguiu incipiente, somando 15,57 mil toneladas.
No acumulado desde o início da safra 2022/2023, a fabricação do adoçante totaliza 33,58 milhões de toneladas, alta anual de 4,74%.
Na primeira metade de março, o setor fabricou 264,58 milhões de litros (+57,44%) de etanol. No acumulado da safra, a fabricação do biocombustível totalizou 28,53 bilhões de litros (+4,10%).
Vendas
As vendas de etanol pelas unidades produtoras do centro-sul do Brasil totalizaram 982,76 milhões de litros na primeira quinzena de março, queda de 10,15% em relação ao mesmo período da safra 2021/2022, informou .
O volume de etanol hidratado vendido no mercado interno totalizou 506,67 milhões de litros, recuo de 19,79% em relação ao mesmo período da safra anterior.
No agregado do atual ano-safra, a variação das vendas de hidratado “inverteu o sinal e agora reside em terreno negativo quando comparado ao ciclo agrícola passado”, com 14,84 bilhões de litros de hidratado, decréscimo de 0,18% em relação à safra 2021/2022, diante de uma gasolina mais competitiva em grande parte do país.
A venda de etanol anidro (misturado à gasolina) somou 424,89 milhões de litros na primeira quinzena, o que representa uma queda de 2,26%.