O Brasil é um grande exportador de alimentos, fibras e bioenergia, mas também importa produtos do agro de outros países. No primeiro trimestre de 2023, o Brasil já comprou lá fora produtos que somaram US$ 4,470 bilhões (R$ 22,1 bilhões na cotação de hoje, a R$ 4,95 por dólar), um recorde para o período, de acordo com dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Entre janeiro e março, que são os dados mais recentes disponíveis, o aumento foi de 18,5% na comparação com o trimestre de 2022.
As importações brasileiras são muito inferiores às exportações (US$ 159 bilhões em 2022), mas elas também também bateram recorde no primeiro trimestre de 2023, ao somarem US$ 36 bilhões. Mas elas são importantes porque estabelecem uma relação comercial de mão dupla nas negociações comerciais, além do Brasil ser um grande mercado consumidor de 200 milhões de pessoas e cobiçado por outros países. Entre os mercados que mais vendem produtos de agro para o Brasil, sete países – tomando a União Europeia como um único bloco – se destacam com valores acima de US$ 1 bilhão. As importações brasileiras de produtos do agro vêm de cerca de 110 países.
LEIA MAIS: Agronegócio faz recorde para as exportações em março e no acumulado do ano
Em todo o ano passado, as importações brasileiras de produtos agro também já haviam batido recorde, com um total de US$ 17,240 bilhões, ante uma faixa de compras que oscilou de US$ 13 bilhões a US$ 15 bilhões, por ano, na última década.
As importações brasileiras também são diversas, indo de cereais, como trigo, a bebidas, passando por produtos florestais, oleaginosas, pescados, frutas, lácteos. Mas há produtos inusitados nesta pauta de compras, como água mineral, com gastos de US$ 2,5 milhões, e mesmo tomates, uma fruta que o Brasil tem investido muito na última década. Entre preparados e conservas de tomate foram importados 23,9 mil toneladas, por US$ 22,3 milhões em 2022.
A Forbes separou os mercados com vendas ao Brasil entre US$ 1 bilhão a US$ 4,2 bilhões, no ano passado, no caso a Argentina
Confira quais são os sete países que mais exportam para o Brasil:
-
AimenSakhri/Guettyimages 1 – Argentina
Nos três primeiros meses de 2023, o Brasil já importou US$ 1 bilhão em produtos do agro argentino. Historicamente, a conta do gasto com produtos desse país tem ficado acima de US$ 3 bilhões, por ano, com recorde no ano passado, quando foram gastos US$ 4,249 bilhões, valor que corresponde a 24,6% das importações brasileiras de produtos agro.
Em 2022, assim como ocorreu em anos anteriores, os maiores gastos do Brasil na Argentina foram com cereais, farinhas e preparações. No ano passado foram US$ 2,343 bilhões, com destaque para o trigo. O Brasil é o maior cliente do cereal desse país, com compras de 4,5 milhões de toneladas por US$ 991,1 milhões em 2022.
A segunda maior pauta de compras é formada por produtos hortícolas, legumes e raízes, com destaque para batatas. Em 2022, foram US$ 181,4 milhões de preparados do legume. Os lácteos também se destacam nas compras brasileiras. O país importou US$ 228,3 milhões, dos quais US$ 124,3 milhões foram em compras de leite fluído.
-
Dulezidar_Guettyimages 2 – União Europeia
Os 27 países que integram a União Europeia, tratados como um único bloco de compras, exportaram US$ 953,1 milhões para o Brasil no primeiro trimestre de 2023 em produtos agro. Assim como ocorreu com a Argentina, as compras brasileiras na Europa foram recorde para o período. Elas cresceram 29,8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
Em 2022, o Brasil importou da Europa US$ 3,193 bilhões, 18,5% do total no período. Com produtos oleaginosos foram gastos US$ 483,3 milhões, com destaque para os azeites de oliva que somaram US$ 439,4 milhões.
As bebidas alcoólicas representam a segunda maior pauta de compras na Europa. Foram gastos US$ 415,3 milhões, com destaque para os vinhos (US$ 165,8 milhões). Também com valores importados da ordem de US$ 402,5 milhões estão os produtos florestais. O Brasil compra uma série de produtos desse setor, entre eles cortiça e madeiras laminadas, painéis de fibra, móveis e obras de marcenaria.
-
Daniela White Images/Guettyimages 3 – Paraguai
No primeiro trimestre de 2023, o Brasil importou do Paraguai US$ 283,3 milhões em produtos do agro. No ano passado, o país fechou US$ 1,563 bilhão em compras do vizinho, valor que representou 9,1% do total das importações. O ano de 2022 foi o segundo consecutivo em que as importações desse país ultrapassaram US$ 1 bilhão. O milho foi o principal produto comprado, principalmente por produtores de aves do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O preço do frete, em comparação com o milho cultivado no Centro-Oeste brasileiro, é o principal motivo da escolha.
O Brasil também tem comprado soja no Paraguai, sendo a maior parte em grãos. Do complexo da oleaginosa (farelo, óleo e grãos), com valores de US$ 203,3 milhões em 2022, os grãos responderam por US$ 178,1 milhões. Os maiores clientes são as esmagadoras do grão no Brasil.
As compras de carnes também vêm aumentando, por conta dos grandes investimentos de frigoríficos brasileiros neste país. Do total de US$ 218,7 milhões comprados em carne, pelo Brasil, US$ 217,2 foram de bovina in natura, sendo a maior parte já desossada.
-
Capelle.r/Guettyimages 4 – Chile
No primeiro trimestre de 2023 foram importados do Chile produtos no valor de US$ 349,8 milhões, valor superior a igual período do anterior. No ano passado, o Chile vendeu ao Brasil um total de US$ 1,380 bilhão em produtos, o equivalente a 8% das importações brasileiras do agro.Desde 2013, as importações de produtos do Chile estão acima de US$ 1 bilhão por ano. Nesse período, o país se tornou um grande comprador de pescados. No ano passado foram US$ 811,8 milhões, sendo que salmões frescos ou refrigerados somaram US$ 368,7 milhões.
O segundo setor com maiores compras foi o de frutas, incluindo nozes e castanhas. No ano passado, o Brasil comprou do Chile US$ 52,5 milhões em nozes e castanhas, US$ 44,6 milhões em uvas, mais US$ 36 milhões em maçãs e US$ 24 milhões em cerejas.
-
Anúncio publicitário -
Iryna Mylinska/Guettyimages 5 – China
Do agro chinês, o Brasil importou no primeiro trimestre deste ano US$ 296,4 milhões, sendo a maior parte de sua agroindústria. Não foi o valor mais alto do histórico de compras do país asiático, mas as aquisições atuais mostram uma retomada. O primeiro ano em que o Brasil importou acima de US$ 1 bilhão da China foi em 2010, rítmo que se manteve até 2019, com picos de quase US$ 2 bilhões. Mas, em 2020 e 2021, as vendas caíram abaixo desse valor. No ano passado, elas voltaram a crescer, com importações da ordem de US$ 1,113 bilhão, equivalentes a 6,5% do total do ano.A maior pauta de compras no país asiático é produtos florestais. Em 2022, o total foi de US$ 346,8 milhões, sendo a maior parte papel, principalmente cartão, kraft, carbono, adesivos, entre outros. A segunda maior pauta de produtos importados do agro chinês é de fibras e produtos têxteis, com valores da ordem de US$ 224,6 milhões no ano passado. Somente de vestuário de algodão, o Brasil importou US$ 151,8 milhões. Lembrando que o Brasil é um grande exportador de celulose para a China e no caso do algodão as vendas são ascendentes.
-
YesBrasil_Guettyimages 6 – Uruguai
O Brasil importou do Uruguai produtos do agro no valor de US$ 371,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, recorde histórico para o período. Desde 2010, o país tem importado do vizinho valores acima de US$ 1 bilhão.
No ano passado foram exatos US$ 1,030 bilhão, valor equivalente a 5,98% das importações brasileiras de produtos agro no período. Dois setores respondem pela maior parte das compras: cereais e lácteos. De cereais foram US$ 430,7 milhões, dos quais US$ 232,8 milhões em subprodutos da indústria de moagem. O malte representou a maior parte: US$ 232,5 milhões. Os lácteos representam o segundo maior grupo de produtos importados, somando US$ 219,2 milhões, dos quais US$ 175,8 milhões em leite fluído ou em pó.
-
DedMityay/Guettyimages 7 – Estados Unidos
Os EUA exportaram para o Brasil US$ 213,2 milhões em produtos agro no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 7,1% ante igual período de 2022. O Brasil tem diminuído as importações do agro norte-americano, mas ainda mantêm valores acima de US$ 1 bilhão. As importações já foram o dobro há uma década.No ano passado, o Brasil importou exatos US$ 1,030 bilhão, o equivalente a 5,98% das compras totais do país em produtos agro. Empatou com o Uruguai, ficando um pouco abaixo.
O Brasil tem uma pauta bastante diversificada com os Estados Unidos, incluindo cereais, produtos de origem animal e vegetal, bebidas, complexo sucroalcooleiro e produtos florestais. Esse último setor se destaca. Em 2022, respondeu pelas maiores compras: US$ 184,6 milhões, sendo celulose e papel os dois destaques.
1 – Argentina
Nos três primeiros meses de 2023, o Brasil já importou US$ 1 bilhão em produtos do agro argentino. Historicamente, a conta do gasto com produtos desse país tem ficado acima de US$ 3 bilhões, por ano, com recorde no ano passado, quando foram gastos US$ 4,249 bilhões, valor que corresponde a 24,6% das importações brasileiras de produtos agro.
Em 2022, assim como ocorreu em anos anteriores, os maiores gastos do Brasil na Argentina foram com cereais, farinhas e preparações. No ano passado foram US$ 2,343 bilhões, com destaque para o trigo. O Brasil é o maior cliente do cereal desse país, com compras de 4,5 milhões de toneladas por US$ 991,1 milhões em 2022.
A segunda maior pauta de compras é formada por produtos hortícolas, legumes e raízes, com destaque para batatas. Em 2022, foram US$ 181,4 milhões de preparados do legume. Os lácteos também se destacam nas compras brasileiras. O país importou US$ 228,3 milhões, dos quais US$ 124,3 milhões foram em compras de leite fluído.