A Agrishow, maior feira de negócios do agro, divulgou neste domingo (30) que romperia com uma tradição. “Em virtude de toda a repercussão gerada pela cerimônia de abertura da 28ª edição da Agrishow, as entidades realizadoras do evento (…) optaram por não realizar a solenidade de abertura da feira, prevista para o dia 1º de maio”, informou a organização.
Maior evento econômico do agronegócio, a Agrishow é realizada em Ribeirão Preto (SP). Os realizadores são a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo) e SRB (Sociedade Rural Brasileira).
A feira é um grande evento de negócios, em que os principais fornecedores do setor expõem lançamentos, e sua cerimônia de abertura costuma ser concorrida, com a participação de políticos e autoridades, além de empresários e as principais lideranças do setor.
O cancelamento da cerimônia de abertura ocorre após uma saia justa entre o setor e o governo. Tradicionalmente, a abertura da Agrishow tem a participação do Ministro da Agricultura. E também tradicionalmente, o evento é palco de anúncios importantes para o setor, como a dotação de recursos públicos para o Plano Safra do ano.
Nesta edição, os organizadores do evento informaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria no palanque da inauguração do evento, e sugeriram a Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, que comparecesse no segundo dia da feira. Favaro se sentiu “desconvidado” e avisou que cancelava sua participação. “Sou muito tranquilo, entendi o recado. Talvez o fato de ter um evento político na abertura pudesse ter alguma animosidade”, disse Fávaro a jornalistas em Brasília na terça-feira (25).
A descortesia provocou constrangimento. Representantes de entidades como a Abimaq se desculparam com o ministro, mas não conseguiram reverter o mal-estar.
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A decisão teve repercussões nos dias que se seguiram. O Banco do Brasil anunciou que iria retirar seu patrocínio do evento. O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, disse que “na medida em que o evento perde sua característica institucional e na medida em que houve essa descortesia com o ministro e com o Banco do Brasil que iria acompanhá-lo no evento, não se justifica mais o patrocínio”.
No governo chegou-se a considerar a hipótese de o banco, tradicional financiador do agronegócio, retirar seu stand e não participar da feira. No entanto, a estimativa do próprio BB é que sejam gerados R$ 1,5 bilhão em negócios, por isso sua participação foi garantida.
Na sexta-feira (28), o banco informou que “estará presente na Agrishow por meio de sua atuação comercial para realização de negócios e atendimento aos seus clientes. O Banco do Brasil tomará as medidas cabíveis se, durante a feira, houver qualquer desvio das finalidades negociais previstas”