As ações da São Martinho tinham variações modestas nesta terça-feira (20), após o grupo sucroalcooleiro reportar resultados trimestrais sólidos, mas guidance de produção levemente abaixo das expectativas, segundo relatórios de analistas.
A empresa estimou aumento de 7,4% na moagem de cana da safra 2023/2024 ante o ciclo passado, para 21,5 milhões de toneladas de cana, enquanto a produção de açúcar deverá avançar 14,4%, para 1,38 milhão de toneladas, e a fabricação de etanol terá aumento de 5,1%, a 944,9 milhões de litros.
A expectativa é de que o centro-sul do Brasil tenha novo aumento na safra 2023/24, iniciada em abril, com uma recuperação na produtividade após anos em que as lavouras sofreram com adversidades climáticas.
A equipe de analistas do Bank of American considerou os resultados do trimestre robustos, mas disse que as projeções para 2023/2024 ficaram um pouco abaixo das suas expectativas em razão da produção potencialmente menor de etanol de milho e maior capex devido à rolagem de parte dos investimentos para a nova safra.
“Apesar do momentum positivo, os benefícios de maior produção e preços parecem estar embutidos” afirmaram Isabella Simonato e Guilherme Palhares, do Bofa, reiterando recomendação “neutra” para as ações.
A previsão de moagem da São Martinho ficou 4% abaixo da projeção do banco, embora seja compensada por maior açúcar total recuperável (ATR) na cana, significando que a produção de açúcar e etanol deverá ficar em linha com a expectativa.
Já a XP Investimentos, que tem recomendação de “compra” para os papéis, afirmou que os números de moagem vieram 2% abaixo de suas estimativas, enquanto o ATR veio 1% inferior à expectativa.
“No entanto, as estimativas de Capex ficaram 31% abaixo de nossas estimativas e 2% abaixo ano contra ano em R$ 2,4 bilhões “, disse.
Por volta das 12h30, as ações da São Martinho tinham queda de cerca de 1%.
Resultados sólidos
A São Martinho reportou resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado de R$ 917,1 milhões no quarto trimestre do ano safra 2022/2023, alta de 19% em relação ao mesmo período do exercício anterior.
“O desempenho no período reflete, principalmente, o melhor preço de comercialização de açúcar — +27,8% — quando comparado com 4T22”, afirmou a companhia no material de divulgação do balanço. A margem Ebitda ajustada passou de 51,9% para 50,5%.
“Bons resultados puxados pelo desempenho mais forte do açúcar”, afirmaram analistas do Citi Gabriel Barra e Joaquim Alves Atie, em relatório a clientes.
De acordo com os dados divulgados na noite de segunda-feira, a receita líquida cresceu 22,2%, para R$ 1,8 bilhão, enquanto o lucro caixa saltou 55,5%, para R$ 340,6 milhões, com a alavancagem medida pela dívida líquida/Ebitda ficando em 1,05 vez, de 0,93 vez no exercício anterior.
Para analistas da XP Investimentos, a São Martinho mostrou resultados sólidos após um ano desafiador, apesar do efeito adverso do clima na produtividade, mudanças tributárias nos preços da gasolina que tiraram a competitividade do etanol e preços mais altos dos insumos devido à guerra Rússia-Ucrânia.
“As perspectivas do açúcar continuaram positivas, enquanto as exportações de etanol foram a solução para arbitrar o mercado interno mais pressionado, mitigando a maioria dos fatores negativos”, afirmaram, acrescentando que o início da safra de cana-de-açúcar no centro-sul do Brasil não foi suficiente para conter a tendência de alta dos preços do açúcar.
“Com uma parte substancial da receita garantida por preços mais altos do açúcar e produtividade maior, ainda há espaço para otimismo devido à queda dos insumos e ao início da operação da usina de etanol de milho”, avaliam Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP, conforme relatório enviado a clientes.
O fluxo de caixa operacional totalizou R$ 1,49 bilhão no ano safra 2022/2023, queda de 2,6% ano a ano.
A São Martinho ainda anunciou que o seu conselho de administração aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) no valor bruto de R$ 155 milhões, que será pago em 4 de julho.
A companhia realiza teleconferência sobre o resultado às 15h.