O setor agrícola do Brasil, especialmente produtores de milho, café e cana-de-açúcar, monitora uma massa de ar polar que deve avançar pela América do Sul na próxima semana, e a expectativa por ora é que o tempo chuvoso possa barrar eventuais geadas prejudiciais às lavouras, avaliou nesta quarta-feira (7) a Rural Clima.
Segundo o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, a massa de ar polar vai trazer temperaturas bem próximas de zero em algumas áreas, mas as principais regiões produtoras de milho, café e cana seriam poupadas de geadas, caso a frente fria estacionada ao Sul barre o fenômeno congelante.
Esta é a expectativa neste momento, e será preciso acompanhar a atualização dos modelos climáticos para a confirmação da previsão menos preocupante.
“Vai fazer muito frio, em regiões serranas de Santa Catarina pode ter chuva congelada e neve. No entanto, o fato de ter uma frente fria estacionada sobre a região Sul, isso vai impedir que a massa de ar polar gigantesca avance (para as principais regiões produtoras)”, disse Santos.
O tempo chuvoso costuma afastar a ocorrência de geadas.
As temperaturas mais baixas no Paraná, segundo produtor de milho do Brasil, deverão ser registradas entre os dias 17 e 19 de junho, com mínimas próximas de 2 graus Celsius no sul do Estado, segundo dados do terminal Eikon, da Refinitiv.
No Sul de Minas Gerais, principal região cafeeira do Brasil, mínimas próximas de 5 graus são esperadas entre os dias 19 e 20 – temperaturas essas acima do necessário para gear. Algo semelhante deve ocorrer no sul de Mato Grosso do Sul – o Estado é importante produtor de cana e milho.
A expectativa para este ano, neste momento, é de uma safra recorde de milho, assim com uma forte recuperação também na cana, e um crescimento na produção de café – eventuais geadas no parque cafeeiro poderiam impactar mais a safra do ano que vem.
Entretanto, segundo Santos, se o centro de alta pressão se desloca e consegue avançar para importantes áreas produtoras, geadas fortes poderiam ocorrer.
Segundo ele, na hipótese – por ora improvável – de isso ocorrer, o Brasil teria uma geada semelhante à registrada em 2021, quando lavouras de milho, café e cana foram severamente atingidas, gerando perdas aos produtores.
“Por enquanto não tem risco de geada a semana que vem… mas não tem por conta da frente fria (chuvas)”, afirmou.
Nos próximos dias, a situação da frente fria estacionada no Sul vai ser monitorada.
“Se essa frente se deslocar mais rápido do que os modelos estão indicando, a massa de ar polar pode avançar e entrar no Brasil”, gerando geadas, continuou o agrometeorologista.
“O risco para ter geada é mínimo, por conta da frente fria, mas tem que observar.”