Formulações de fungicidas em fase de registro no Brasil para uso contra a temida ferrugem asiática da soja deram melhores resultados em ensaios cooperativos conduzidos pela Embrapa do que os obtidos com alguns produtos que estão no mercado, afirmou um pesquisador à Reuters.
Os resultados indicam boa notícia para os produtores, uma vez que a doença fúngica pode reduzir a produtividade de uma lavoura de soja em até 90% se não for combatida.
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As formulações com resultados positivos estão na última fase para avaliação de registro, dependendo da finalização das análises por parte do Ministério da Agricultura, segundo o pesquisador Mauricio Meyer.
“Comparando-se os protocolos compostos por formulações de fungicidas sítio-específicos, observou-se que três formulações em fase de registro superaram a eficiência dos fungicidas registrados, testados no trabalho”, disse o pesquisador, ponderando que não foram testados no ensaio todos os fungicidas registrados nem todos os produtos em fase de registro.
A ferrugem da soja, além de ser a doença mais severa da cultura, respondendo por parte importante dos gastos dos produtores em agroquímicos, também demanda um manejo específico, como o cumprimento do chamado “vazio sanitário”, período no qual agricultores não podem plantar a oleaginosa, uma estratégia para reduzir a presença do fungo nos campos.
Com tais práticas e gastos que podem superar alguns bilhões de reais por ano em aplicações de fungicidas, o Brasil tem conseguido controlar a doença. Foram cerca de 300 alertas de focos de ferrugem no país 2022/23 até o início de abril, versus 380 no mesmo período da safra anterior, conforme dados do Consórcio Antiferrugem.
Contudo, novas formulações são necessárias, considerando as mutações do fungo que reduzem eficácia do controle por parte de alguns fungicidas, exigindo ainda a rotação de aplicação dos produtos para maior eficiência.
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Segundo o ensaio, as formulações em fase de registro que tiveram melhor desempenho são as compostas pelos produtos mancozebe, picoxistrobina e protioconazol, além de outra composta por oxicloreto de cobre, tebuconazol, trifloxistrobina.
O pesquisador acrescentou que o “propósito primário” das redes de ensaios de controle químico e biológico de doenças de soja é avaliar a eficiência agronômica de fungicidas, em aplicações sequenciais, para definir seus potenciais de uso na composição de programas de manejo das doenças.
“É ressaltado nas publicações que os resultados destes ensaios não são uma recomendação de controle”, observou.
As informações, geradas há mais de 20 anos nos ensaios, têm sido utilizadas nas avaliações de registros pelo Ministério da Agricultura e também como fonte de consulta às propostas legislativas, disse o pesquisador ao ser questionado se tais estudos poderiam ajudar na aprovação de um novo marco regulatório para pesticidas, que está parado no Senado.
Mas ele ressaltou que os ensaios não têm o “fim específico” de estimular os debates sobre uma nova legislação, cujo projeto busca entre outras coisas tornar mais célere a aprovação de pesticidas considerados mais modernos e eficazes.
Segundo Meyer, os ensaios estão limitados apenas à eficiência agronômica e orientação de composição de programas de manejo das doenças e da resistência a fungicidas.