No Brasil existem 175 milhões de aves poedeiras. Dessas, 95% estão em criação intensiva, uma condição cada vez mais questionada pelo consumidor, especialmente os que consideram o bem-estar animal em sua decisão de compra. Essa transição para sistemas mais amigáveis é necessária, mas vamos entender um pouco melhor.
As galinhas foram parar em gaiolas e não foi por acaso, diz o professor Matheus Paranhos, o maior especialista de bem-estar no Brasil. Houve uma questão produtiva, mas também de saúde, para evitar doenças nos animais e uma série de outras complicações. Além disso, há um constante aumento de demanda de alimento no mundo. Em 1980, éramos 4 milhões de habitantes. Hoje, somos 8 milhões de habitantes.
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A cadeia produtiva fez a lição de casa para abastecer essa demanda de alimento. A questão agora está em caminhar para mudanças, ampliando o bem-estar dos animais. Empresas preocupadas com a implantação do ESG, cada vez mais, aderem a compromissos oficiais contra os sistemas intensivos.
Na prática, empresas de hotelaria, varejo e produção de alimentos se comprometeram a comprar exclusivamente ovos provenientes de galinhas livres, segundo a análise que avalia as empresas e sua exposição em risco no ESG. No setor global de alimentos, o bem-estar animal é um dos itens que se apresenta cada vez mais forte para as questões ESG no Brasil.
É importante que o consumidor entenda que essas mudanças não acontecem da noite para o dia. Não basta abrir as gaiolas. Isso geraria um problema para os animais e para as pessoas. É preciso tempo de adaptação e investimento para que essas mudanças se efetivem e a produção continue responsável, garantindo a saúde do alimento.
Esse tempo e investimento precisam ser considerados. Porém, também está claro que as práticas e o bem-estar animal ligados ao ESG serão cada vez mais norteadores desta e de todas as cadeias produtivas.
* Carmen Perez é pecuarista e entusiasta das práticas do bem-estar animal na produção animal. Há 14 anos, trabalha intensivamente a pesquisa na fazenda Orvalho das Flores, no centro-oeste do Brasil, juntamente com o Grupo Etco, da Unesp de Jaboticabal e universidades internacionais. Foi presidente do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA) em 2017/2018.
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