A adoção da soja Intacta2 Xtend deve atingir uma área estimada entre 10% a 15% do total a ser plantado no Brasil em 2023/24, projetou um executivo da Bayer, empresa detentora da biotecnologia que busca ofertar sementes mais produtivas para defender sua liderança no mercado.
A companhia alemã prevê um crescimento maior da adoção dessa tecnologia transgênica, que oferece tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato e também protege contra o ataque de lagartas, em momento em que a Intacta2 Xtend entra na terceira safra no Brasil na temporada 2023/24, cujo plantio está próximo de começar.
- Inscreva sua empresa ou cooperativa no Forbes Agro100 utilizando este link
- Siga a ForbesAgro no Instagram
O ganho de produtividade oferecido é um dos grandes trunfos do produto, disse o diretor dos negócios de Soja e Algodão da Bayer, Fernando Prudente, à Reuters. Uma amostra de produtores que utilizam a Intacta2 Xtend apontou que, em sua segunda safra de utilização em 2022/23, triplicou o número daqueles que conseguiram produzir mais de 100 sacas por hectare, versus uma média nacional de aproximadamente 60 sacas por hectare.
“De 150 agricultores (do Clube dos 100, organizado pela Bayer), a média ficou em 105 sacas por hectare… Com o campeão na Bahia colhendo 129 sacas. É algo que a gente vem confirmando o potencial produtivo… com isso, podemos crescer a produção para alimentar a população global na mesma área plantada”, disse Prudente.
Na safra passada, a adoção da soja Intacta2 Xtend ficou em torno de 2 milhões de hectares, afirmou ele.
Questionado se plantio da variedade havia sido abaixo das projeções iniciais de 4 milhões de hectares em 2022/23, o executivo disse que o uso teve uma “evolução normal”, ficando próximo da expectativa, de 5% a 10% da área. Mas reforçou que as perspectivas são de “crescimento exponencial, assim como fizemos com outras tecnologias”.
O Brasil plantou ao todo 44 milhões de hectares de soja na safra 2022/23, segundo dados estatal Conab, e analistas privados têm apontado um crescimento na área total para 45-45,5 milhões de hectares em 2023/24.
Levando em conta as projeções mais otimistas (das consultorias e da Bayer), a Intacta2 Xtend estaria presente em 6,8 milhões de hectares a nova temporada.
A maior oferta de sementes multiplicadas com a tecnologia também é outro fator citado pelo executivo para o avanço da área. A empresa conta com 163 variedades adaptadas para atender quase todas as regiões do maior produtor e exportador global da oleaginosa, contra uma oferta de 59 na safra anterior.
A disponibilidade representa a maior quantidade de germoplasmas já no primeiro triênio de lançamento de um produto, destacou a Bayer, que aposta na Intacta2 Xtend para reforçar sua liderança isolada no segmento, já que nos últimos anos vem enfrentando maior concorrência, como da Corteva.
“Temos conseguido manter a fatia de mercado, e com esse resultado de produtividade esperamos continuar crescendo e ter a maior participação do mercado”, afirmou Prudente, sem detalhar.
Prioridade para o Brasil
“Os números mostram como o mercado brasileiro é um dos prioritários da Bayer no mundo”, comentou o diretor, ressaltando que há lançamentos esperados para os próximos anos.
“A próxima década já está pronta, a terceira geração da Intacta já existe, já é plantada em testes, estamos na fase de aprovação, com previsão de lançamento na safra 2027/28”, disse o executivo.
Essa nova tecnologia traria tolerância para mais dois herbicidas, versus dois no produto atual, mantendo a capacidade de controle de lagartas.
Já quarta geração da Intacta também deve ser lançada após 2030, trazendo mais proteínas contra a lagarta e mais para herbicidas, disse Prudente.
“Hoje a Bayer Brasil é o segundo maior mercado após os Estados Unidos (para a empresa), e o principal fator é o potencial de crescimento”, disse.
Segundo ele, considerando a disponibilidade de áreas de pastagens degradadas, que podem ser convertidas em lavouras evitando desmatamentos, não há outro lugar no mundo com clima, solo e segurança jurídica para investimentos em biotecnologia com tal potencial para o desenvolvimento de negócios.
E que, por consequência, para ajudar a alimentar a população global, cuja demanda por alimentos é crescente, ao mesmo tempo em que há preocupações de que o desenvolvimento seja sustentável, disse o executivo.