Os produtores de soja do Brasil, maior fornecedor mundial da oleaginosa, estão sem pressa de vender antecipadamente a safra 2023/24, já que os preços continuam pressionados e eles estão capitalizados após anos recentes de bonança, disseram duas consultorias do setor nesta segunda-feira.
A StoneX estima que 25% da nova safra de soja do Brasil, projetada para atingir cerca de 164 milhões de toneladas, foi vendida até o momento. Isso está acima do nível de 16,9% do ano passado, mas atrás das quatro temporadas anteriores.
Ana Luiza Lodi, analista de grãos da StoneX, disse que os preços da soja estão mais pressionados e que os produtores vêm “de safras muito boas”, o que significa que seus bolsos estão cheios.
Os agricultores do Mato Grosso, por exemplo, venderam antecipadamente menos de um terço de sua safra, que ainda está sendo plantada, segundo dados da StoneX. Ao mesmo tempo, os gaúchos e paranaenses comercializaram apenas 12% e 16%, respectivamente.
Ambos, que se posicionam como o segundo e o terceiro maiores produtores de soja do Brasil, dependendo da temporada, também se destacam por ainda terem cerca de um quarto de sua produção de soja “velha” ainda não vendida, de acordo com os dados da StoneX.
A consultoria Safras & Mercado estimou vendas de cerca de 35 milhões de toneladas da nova safra do Brasil até 6 de outubro, representando pouco mais de um quinto da produção estimada. Esse número é superior aos 18,8% do ano passado, mas está atrás da média de cinco anos de 30,6% para esse período da temporada.
Os fatores que levam ao atraso na comercialização não são novos, disse Luiz Roque, analista da Safras.
Ele observou que os produtores vêm de uma boa colheita, exceto no Rio Grande do Sul, atingido pela seca, de modo que eles estão se dando ao “luxo” de não ter de comprometer antecipadamente grande parte de sua safra 2023/24.
“E se soma a isto a questão de preços neste ano. Os preços recuaram bastante no primeiro semestre, e o produtor não quis vender”, disse Roque.