SÃO PAULO (Reuters) – As entregas de fertilizantes no Brasil somaram 5,5 milhões de toneladas em agosto, à medida que o consumo de adubos no país indica uma recuperação em relação ao tombo registrado em 2022, quando os preços do insumo agrícola dispararam por conta da guerra na Ucrânia, de acordo com dados da Associação Nacional de Difusão de Adubos (Anda) publicados nesta sexta-feira.
As entregas, importante indicador de consumo, aumentaram 32,6% ante o mesmo período do ano passado, segundo os dados da associação.
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O volume entregue supera a melhor marca mensal registrada pelo setor, de julho de 2021, quando as entregas tinham atingido 5,059 milhões de toneladas.
Com o volume de agosto, o total entregue no acumulado de 2023 até aquele mês somou 28,6 milhões de toneladas, alta de 10,4% na comparação com o mesmo período de 2022.
No ano passado, as entregas de fertilizantes no Brasil somaram 41,08 milhões de toneladas, queda de 10,4% na comparação com 2021, quando o setor teve seu último recorde anual, com 45,86 milhões de toneladas.
Em 2022, produtores reduziram o consumo de adubo como forma de lidar com os custos mais altos, enquanto em 2023 a relação de troca com commodities agrícolas voltou a ficar mais favorável para o agricultor brasileiro comprar adubos.
A Anda não comentou a razão do forte aumento nas entregas em agosto.
A especialista da consultoria Safras & Mercado nesse mercado, Maísa Romanello, explicou que os preços dos fertilizantes colaboraram para o interesse de compra do produtor. Ela também citou a concentração da demanda antes do plantio de uma safra de soja que tem potencial de ser recorde no Brasil.
“Temos que considerar que no ano passado houve quebra de demanda devido aos preços recordes, o que levou a um grande estoque de passagem (de adubos) — o que também justifica a atual queda no volume importado”, afirmou ela.
“Neste ano, a demanda foi retomada com o retorno dos preços aos patamares ‘normais’ e necessidade de repor os nutrientes no solo”, acrescentou.
Para Romanello, outro fator para este recorde em agosto foi a concentração de demanda naquele mês.
“Vemos que em março e abril houve queda significativa no volume entregue comparado a 2022. Neste ano, os agricultores postergaram as compras, aguardando mais quedas de preço”, disse ela.
A analista ressaltou que a relação de troca teve o “melhor momento” em julho, quando os fertilizantes tiveram uma “queda significativa, o que pode ser uma justificativa para essa grande entrega em agosto”.
A Anda informou ainda que o Estado de Mato Grosso, líder nas entregas ao mercado, concentrou o maior volume entre janeiro e agosto, com 6,82 milhões de toneladas, ou 23,9% do total, seguido por Paraná (3,47 milhões), Goiás (3,7 milhões), Rio Grande do Sul (2,94 milhões), São Paulo (2,62 milhões) e Minas Gerais (2,41 milhões).
O Brasil, que importa cerca de 85% de suas necessidades de fertilizantes, elevou as importações em agosto para 3,26 milhões de toneladas, com avanço de 10,8%.
No acumulado de janeiro a agosto, o total importado foi de 23,62 milhões de toneladas, redução de 3,2% em relação ao mesmo período de 2022.
A produção nacional de fertilizantes intermediários encerrou agosto de 2023 com 611 mil de toneladas, retração de 4,9% ante o mesmo mês de 2022.
No acumulado dos primeiros oito meses de 2023, a produção nacional somou 4,37 milhões de toneladas, recuo de 13,6% em relação a igual período do ano passado.
*Por Roberto Samora