O PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio deve registrar um recuo de 0,94% em 2023, ante 2022, segundo dados apresentados na manhã desta quarta-feira (6), pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Para 2024, a entidade projeta que o PIB do agro no ano poderá cair até 2%, ficando estável na melhor das hipóteses.
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Em valores, mesmo com o recuo, o PIB pode chegar a R$ 2,6 trilhões no ano, levantamento realizado em parceria com o Cepea/USP que inclui a movimentação antes e depois da porteira também. É o terceiro melhor PIB da série histórica iniciada em 1996, atrás apenas de 2021 e 2022. No entanto, o que a entidade pondera é que, apesar da produção recorde de grãos de 322,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, a margem de lucro do produtor brasileiro foi menor. “Não foi um ano (2023) fácil para a agropecuária brasileira”, disse João Martins, presidente da CNA.
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De acordo com o diretor técnico da entidade, Bruno Lucchi, a principal razão para o resultado negativo deste ano foi o comportamento desfavorável dos preços do agronegócio registrados em todos os seus segmentos. “Há resultados bastante negativos, inclusive na pecuária de leite com 67% de margem negativa, boa parte por causa de importações subsidiadas”, disse Lucchi.
Por outro lado, em relação aos insumos, depois da intensa volatilidade do mercado em 2022, principalmente em decorrência de conflitos geopolíticos entre a Rússia e a Ucrânia, suas cotações fecham 2023 a preços inferiores. Em relação aos fertilizantes, os potássicos foram os que mais sentiram a queda, justamente onde está a maior dependência externa do Brasil. No caso da soja, por exemplo, a commodity mais importante do mix Brasil, os fertilizantes representaram 32% do COE (Custo Operacional Efetivo), que, junto aos defensivos (24%) e às sementes (10%), somam quase 70% do desembolso dos sojicultores.
Agro brasileiro no tabuleiro internacional
Para 2023, a estimativa da CNA é que as exportações fechem o ano em cerca de US$ 164 bilhões, valor 3% acima de 2022. O Brasil colheu safras recorde de soja, milho e cana, o que impulsionou as vendas externas. Neste ano, a participação do agronegócio em relação às exportações totais brasileiras até outubro foi de 49,4%, quase dois pontos percentuais superiores a 2022.
De acordo com o relatório da entidade, isso “se deve a dois fatores principais: o aumento da demanda chinesa, que, pela primeira vez, recupera o seu rebanho suíno aos níveis pré surto de PSA em 2018, e à quebra de safra na Argentina. Outro destaque positivo foi o açúcar de cana, que registrou grande safra e destinou uma parcela maior para a produção de açúcar. Até outubro, foram exportadas 20,6 milhões de toneladas pelo montante de US$ 9,9 bilhões.”
A China permanece como o principal comprador do agronegócio brasileiro. O país importou US$ 51,1 bilhões até outubro, 133,% a mais em relação ao mesmo período do último ano. Mas o Brasil procura por mais mercados na Ásia, atualmente a principal região demandante do agro brasileiro. “A estimativa é de que o aumento das vendas venha de toda a Ásia”, disse Sueme Mori Andrade, diretora de relações internacionais da CNA, destacando produtos como soja, café e carnes, além da soja. A União Europeia segue como segundo principal destino das exportações em 2023, porém com uma forte queda na participação. Enquanto, em 2022, o bloco recebeu 16,1% de todo o montante vendido pelo Brasil, até outubro de 2023 a UE absorveu apenas 13,2% das exportações.
Outro grande destaque no ano foi o crescimento nas exportações para a Argentina, que passou a figurar entre os cinco principais destinos dos produtos brasileiros, atingindo a marca de US$ 3,3 bilhões. Em 2023, o país abriu 73 novos mercados, com destaque para carnes bovina e suína ao México, algodão para o Egito e bovinos vivos para a Argélia.