A safra de café arábica do Brasil do próximo ano tem potencial de superar o volume colhido dessa variedade em 2023, com expectativas favoráveis no Sul de Minas Gerais e Zona da Mata, avaliou o analista de café do Rabobank Guilherme Morya, em entrevista à Reuters.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Ele considerou que essas regiões tradicionais de produção em Minas, maior produtor brasileiro, poderiam compensar uma possível queda na safra do Cerrado mineiro.
Leia também:
- Medicamentos para perda de peso não ameaçam negócio de café da Nestlé, diz presidente
- Importações de soja e milho do Brasil pela China aumentam em novembro
- O novo papel dos drones é contra as malditas ervas daninhas nas lavouras
“Ainda não temos números fechados, mas de maneira geral tem indícios de que o Sul de Minas e Zona da Mata têm potencial para produzir mais em 2024 do que em 2023. Por outro lado, vem sendo reportado que a situação no Cerrado é um pouco pior”, disse o analista.
Segundo ele, uma “produção menor” é esperada no Cerrado, devido à bianualidade negativa do arábica em 2024, após grande produção em 2023, além do tempo mais seco em novembro.
“De maneira geral, a gente acha que o Brasil pode superar (em 2024) as 42,7 milhões de sacas de arábica de 2023”, disse o analista.
Morya disse que ainda não há um número estimado para a próxima safra do maior produtor e exportador global. No caso do banco, uma estimativa será possível somente quando o Rabobank terminar de percorrer as regiões produtoras em seu “crop tour”, em fevereiro.
Uma safra maior de arábica, que respondeu por 65% da produção de café do Brasil em 2023, segundo números do Rabobank, poderia ajudar a compensar um recuo possível na produção de grãos canéforas (robusta e conilon).
A produção de canéforas, que somou 23,3 milhões de sacas em 2023 no Brasil, de acordo com o Rabobank, tem um viés “negativo” em 2024 principalmente pelo que vem sendo visto no clima em Rondônia e Bahia, que sofreram com o calor intenso e chuvas mais fracas.
No caso do Espírito Santo, principal produtor brasileiro de conilon, o analista não vê problemas, por ora.
Esta avaliação difere da visão da Cooabriel, principal cooperativa de produtores de conilon do país, que afirmou na semana passada que já seria possível considerar perdas de 15% a 25% na produção capixaba, por conta da seca e calor.
“No começo do desenvolvimento da lavoura, (estimar) uma quebra de 20% seria exagerada”, comentou Morya.
Essa avaliação se sustenta no fato de o Espírito Santo ser uma região “tecnificada”, que já está adotado variedades mais resistentes à seca” e ter grande parte das áreas irrigadas.
“No Espírito Santo, no nosso crop tour, 100% das amostras são irrigadas, é difícil achar lavoura sem irrigação”, disse. Uma expedição técnica ao Estado capixaba para a nova safra está prevista para o início do ano que vem.
Resultados preliminares de um “crop tour” no final de outubro por Rondônia, importante produtor de robusta, indicam uma queda na produção do Estado entre 5% a 10% (cerca de 200 mil sacas) em 2024 em comparação com 2023, disse o analista.
“Temos preocupação com o sul da Bahia, é parecido com Rondônia”, acrescentou.
De qualquer forma, ao não ver perdas por ora no Espírito Santo, o analista acredita que as lavouras capixabas poderiam eventualmente até compensar perdas em Rondônia.
O Espírito Santo tem uma produção muito maior do que Rondônia e Bahia, tendo colhido 17,3 milhões de sacas de grãos conilon em 2023, segundo o analista do Rabobank.