A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) estima crescimento de 23,1% do setor de seguro rural em 2024, versus previsão de alta de 5% este ano, à medida que produtores buscam mais proteção contra os efeitos climáticos, que, por outro lado, foram menos intensos na safra recorde de 2022/23, reduzindo pagamentos de indenizações.
O setor do seguro rural teve aumento de 4,5% no acumulado do ano até setembro, atingindo arrecadação de R$ 11,1 bilhões, segundo comunicado divulgado pela CNseg.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
“O seguro agrícola tem desempenhado o seu papel de amparo a este setor, que tanto tem sofrido com os eventos climáticos”, disse o presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Joaquim Neto, em nota.
Em termos de retorno aos produtores na forma de indenizações, no acumulado do ano até setembro, foram pagos R$ 3,5 bilhões, queda de 63,9% ante o mesmo período de 2022, devido à influência de eventos climáticos severos ocorridos no ano passado, principalmente no Sul do Brasil.
Na safra 2022/23 colhida neste ano, o Sul sofreu menos com intempéres climáticas, com exceção do Rio Grande do Sul, ainda atingido por uma seca, mas com menor intensidade ante 2022 em meio ao fenômeno La Niña.
Para 2023/24, com a safra de grãos sendo plantada, as perspectivas são melhores no Sul, diante de chuvas trazidas pelo El Niño, enquanto ao norte do país, incluindo Mato Grosso, as lavouras vêm sofrendo com chuvas irregulares.
De maneira geral, considerando todos os setores atendidos por seguros, a CNseg estima crescimento de 11,7% do setor segurador do Brasil em 2024, levando em conta uma projeção de alta do Produto Interno Bruto de 2,5%.
O seguro agrícola registrou, entre abril de 2012 e setembro de 2023, pagamento de R$ 26,6 bilhões em indenizações e arrecadou R$ 32 bilhões, segundo dados do setor.
Registro nacional
Seca, granizo e geada foram responsáveis por 87% de sinistros no seguro agrícola em pouco mais de 11 anos, segundo levantamento divulgado pela confederação.
Esses eventos totalizaram mais de 122.698 ocorrências de um total de 141.354 cadastradas no Registro Nacional de Sinistros (RNS) Rural.
A ferramenta, desenvolvida pela CNseg, analisa série histórica de dados de abril de 2012 a novembro de 2023, considerando os registros de oito seguradoras.
Para o chefe da Diretoria de Serviços às Associadas da CNseg, André Vasco, a troca de informações sobre as ocorrências no seguro agrícola é fundamental para melhorar o processo de contratação de seguros e coberturas, assim como a regulação do sinistro no mercado segurador.
“Isso faz com que a seguradora tenha uma visão de coincidências de sinistros que aconteceram em outras congêneres, por exemplo. Desta forma, ela pode identificar um sinistro já ocorrido com o segurado e não comunicado pelo próprio”, explicou ele, em nota.
Ao longo do período analisado, o sistema identificou 11 diferentes eventos que impactaram diretamente os pagamentos de indenizações na modalidade. Com 72.293 casos, a seca foi a principal causa de sinistros, seguida pelo granizo, com 30.509 ocorrências, e geada, com 19.896.
O Sul registrou a maior incidência de sinistros, contabilizando 27.923 casos, destacando-se, principalmente, pela ocorrência de seca (19.671), geada (3.597) e granizo (2.216).
No Centro-Oeste, 94% dos 5.051 registros estão relacionados à seca (3.748), chuva excessiva (643) e geada (379).
O RNS Rural possibilita a integração dos dados das ocorrências cobertas nas apólices, possibilitando a tomada de decisão sobre aceitação de risco, regulação de sinistros e uma melhor estrutura de precificação.