O ministro de Agricultura, Carlos Fávaro, disse nesta terça-feira (30) que por ora não é necessário qualquer apoio à comercialização da safra de soja do Brasil, uma vez que os preços da oleaginosa ainda se encontram acima do valor mínimo estabelecido pelo governo para tais operações.
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“Momentaneamente, ainda não se faz necessário, o preço ainda nas regiões mais longínquas dos portos, ainda está acima do preço mínimo, não se faz necessário apoio à comercialização de soja”, disse Fávaro a jornalistas, após apresentar um cenário das dificuldades enfrentadas por produtores brasileiros ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O Brasil, em especial o Mato Grosso, principal produtor nacional de grãos e oleaginosas, enfrenta uma quebra de safra decorrente da seca no final do ano passado associada a altas temperaturas.
O preço mínimo da soja estabelecido pelo governo para a safra 2023/24 é de R$ 86,54 a saca, segundo portaria publicada em setembro de 2023.
Enquanto isso, os preços da soja em algumas áreas de Mato Grosso ainda se encontram acima do mínimo do governo, mas estão se aproximando daquele valor.
A média do Estado atingiu cerca de R$ 93 a saca na véspera, segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), ligado aos produtores.
Mas algumas praças mato-grossenses, como Canarana e Campos de Júlio, já registram valores abaixo de R$ 90 a saca.
Fávaro lembrou que o governo do Brasil realizou apoio à comercialização de soja apenas duas vezes, sendo uma delas no segundo governo Lula.
“Acho que precisa aguardar um pouco para dizer se vai ser necessário, por ora não precisa porque não está abaixo mínimo”, reafirmou.
Os preços da soja na bolsa de Chicago, referência global, estão oscilando perto de uma mínima de cerca de dois anos, refletindo um forte aumento da safra da Argentina, além de uma colheita ainda importante no Brasil, apesar dos problemas climáticos que reduziram fortemente o potencial.
Fávaro citou a Argentina e o Rio Grande do Sul, que foram atingidos pela seca na temporada passada, mas deverão ver grande recuperação na colheita este ano, enquanto a safra de Mato Grosso foi atingida negativamente pelo clima.
O ministro disse que foi apresentar cenários sobre o setor ao colega Haddad, com o objetivo de “antecipadamente evitar uma crise que possa acontecer” no agronegócio, em função da quebra de safra no maior Estado produtor, em conjuntura de preços deprimidos.
Ele citou que o governo deve decidir sobre o assunto após a Fazenda avaliar o caso e depois que o presidente Lula determinar o que será feito.
Assim poderia se evitar problemas como judicalização, recuperações judiciais e inadimplência de contratos.
Com base nas informações, a Fazenda poderá calcular questões relacionadas ao endividamento do setor e qual seria a necessidade de equalização de taxa de juros, em um eventual pacote de ajuda ao setor, segundo o ministro.