Finalmente, uma ação favorável à não obrigatoriedade da marca-fogo na face dos bovinos vacinados contra a brucelose. Em São Paulo, o governo lançou nesta quarta-feira (28) uma resolução que traz alternativas aos pecuaristas que vacinam os animais, mas não querem mais marcá-los a fogo na face.
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Agora será possível usar um identificador específico com cores, sendo as cores amarelo e azul para os tipos de vacina B19 e RB51 e o vermelho para os animais com diagnóstico positivo para brucelose e tuberculose. Esses identificadores são como pequenos brincos redondos que têm marcações específicas. Lembrando que a alternativa não é obrigatória, mas agora o pecuarista do Estado de São Paulo tem a opção de escolha.
A bandeira da redução da marca-fogo é extremamente importante, pois as pesquisas científicas mostram que a face é uma das partes mais doloridas do animal, por contar com o maior número de terminações nervosas. Também é uma marca difícil de ser feita, pois fica próximo aos olhos do animal, que precisa estar muito bem contido.
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Há risco de acidentes para as pessoas que executam esse tipo de manejo, como acidentes e exposição à inspiração dos vapores da queima. E existem relatos da dificuldade de leitura das marcas durante as atividades de fiscalização feita por parte dos agentes estaduais. A prática da marcação a fogo no Brasil existe para identificação do animal. Também é feita em outros países do mundo.
Porém, com acesso à tecnologia cada vez mais, é possível substituir essa forma de identificação por outras, menos invasivas, mais efetivas, tais como uso de brincos, botons eletrônicos, tatuagens. Com certeza, essa ação é um marco favorável diretamente ao bem- estar animal, como também à maior conscientização das pessoas, pois traz o tema para reflexão.
Além disso, iniciativas como esta permitem que o agronegócio seja visto como uma atividade preocupada com questões referentes à sustentabilidade, segurança do trabalho e facilitação do manejo. Espero que os outros estados tomem essa iniciativa para o fim da marcação a fogo na face dos bovinos.
*Carmen Perez é pecuarista e entusiasta das práticas do bem-estar animal na produção animal. Há 14 anos, trabalha intensivamente a pesquisa na fazenda Orvalho das Flores, no centro-oeste do Brasil, juntamente com o Grupo Etco, da Unesp de Jaboticabal e universidades internacionais. Foi presidente do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA) em 2017/2018.
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