A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,48 bilhões (R$ 37,77 bilhões, na cotação atual) em março, segundo dados do governo divulgados nesta quinta-feira, com recuo significativo das exportações no mês.
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Também nesta quinta, o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) piorou sua projeção para o saldo comercial em 2024, passando de um resultado positivo de US$ 94,9 bilhões (R$ 479,2 bilhões) previsto em janeiro para um superávit de US$ 73,5 bilhões (R$ 371,1 bilhões).
Se confirmada a nova projeção, o ano será encerrado com um saldo comercial 25,7% abaixo do observado em 2023, quando ficou positivo em US$ 98,9 bilhões (R$ 499,4 bilhões).
De acordo com o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão, a revisão reflete um cenário de juros elevados globalmente, o que deprime a demanda, e fatores de risco como a crise na Argentina, mas tem como principal justificativa a queda nas cotações de produtos no mercado internacional.
“Os preços das mercadorias estão em queda, principalmente os bens agrícolas, o petróleo está com leve queda, o minério de ferro está com leve queda, são os três principais produtos que o Brasil exporta, então o preço é determinante”, disse.
A piora na perspectiva para este ano foi influenciada por uma previsão de exportações mais fracas, de US$ 332,6 bilhões (R$ 1,6 trilhão), contra US$ 348,2 bilhões (R$ 1,7 trilhão) estimados em janeiro.
Ao mesmo tempo, o MDIC vê US$ 259,1 bilhões (R$ 1,3 trilhão) em importações neste ano, acima dos US$ 253,8 bilhões (R$ 1,2 trilhão) previstos há três meses, revisão motivada pela expectativa de uma atividade mais aquecida e um aumento de renda dos trabalhadores no Brasil, segundo Brandão.
Para a corrente de comércio, que soma exportações e importações, a projeção foi revisada para US$ 591,7 bilhões (R$ 2,9 trilhões), contra estimativa anterior de US$ 602 bilhões (R$ 3 trilhões).
Brandão ressaltou que os preços das mercadorias são muito voláteis e o desempenho da balança também dependerá dos embarques da safra agrícola, que terão maior volume até o fim do semestre. Os dois fatores, segundo ele, podem determinar novas revisões das estimativas nos próximos meses.
Saldo de março
O saldo positivo de US$ 7,5 bilhões (R$ 37,8 bilhões) em março ficou acima da estimativa apontada em pesquisa da Reuters com economistas, que apontava expectativa de saldo positivo de 6,9 bilhões de dólares para o período.
O desempenho da balança comercial no mês passado foi 30,4% mais fraco do que os US$ 10,8 bilhões (R$ 54,5 bilhões) de saldo registrados em março de 2023. O valor das exportações caiu 14,8%, a US$ 27,9 bilhões (R$ 140,8 bilhões), enquanto as importações caíram 7,1%, a US$ 20,5 bilhões (R$ 103,5 bilhões).
Brandão afirmou que a comparação entre os saldos apresentou grande diferença porque março de 2023 registrou recorde histórico no valor dos embarques de produtos ao exterior.
No mês, houve queda nas exportações nas três grandes áreas acompanhadas, com recuo de 23,9% na indústria extrativa, puxado por perdas nas vendas de petróleo, 20,8% na agropecuária, que reduziu as vendas de soja, e 6,2% na indústria de transformação.
Os dados da pasta mostraram ainda que o saldo comercial acumulado no primeiro trimestre foi de US$ 19,1 bilhões (R$ 96,4 bilhões), 22,2% maior que o observado no mesmo período de 2023. O desempenho foi resultado de exportações de US$ 78,2 bilhões (R$ 394,9 bilhões) e importações de US$ 59,2 bilhões (R$ 298,9 bilhões).