A colheita de soja no Rio Grande do Sul avançou para 91% da área cultivada, seis pontos percentuais acima da semana anterior, mas ainda atrás da média histórica nesta época de 97% em meio às enchentes históricas que atingiram o Estado, afirmou nesta quinta-feira (23) relatório da Emater.
A empresa de assistência técnica ligada ao governo gaúcho afirmou que chuvas menos frequentes na última semana possibilitaram retomada da colheita de soja onde a operação estava mais atrasada, nas regiões sul, centro e oeste do Estado.
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“Na metade norte, onde a colheita estava próxima da finalização, houve comprometimento das lavouras devido às garoas e ao excesso de umidade. No entanto, mesmo nas regiões onde as precipitações foram menores, os solos permanecem saturados de umidade, prejudicando a atividade”, disse a Emater em relatório.
Segundo a Emater, nas lavouras implantadas tardiamente, cujo ciclo se encerrou há poucos dias, o índice de grãos avariados ou germinados é menor.
O Rio Grande do Sul estava caminhando para assumir a posição de segundo produtor brasileiro de soja, com uma produção recorde de mais de 22 milhões de toneladas. Mas a Emater disse que está reavaliando a produtividade projetada inicialmente.
O boletim semanal apontou ainda que nas áreas em colheita, além das perdas por grãos germinados, mofados e pela debulha natural, que aumentam a cada dia de atraso, os custos têm sido elevados em razão da realização da colheita em solo úmido, levando à utilização parcial dos graneleiros, em função do excesso de peso, para evitar danos na locomoção.
A entrega da soja nas unidades de secagem e armazenamento também foi impactada, disse a Emater, apontando a alta umidade dos grãos, muitas vezes próxima a 30%.
Para a armazenagem adequada, é necessário reduzir a umidade para cerca de 14%, “mas a capacidade dos secadores é limitada”.
Assim, as cooperativas com unidades de recebimento nas regiões Central e Campanha têm transportado os grãos para realizar a secagem nas sedes localizadas no Planalto Médio.
No milho, a colheita avançou 4 pontos percentuais para 92% da área cultivada. “Contudo, as lavouras por colher passam a apresentar senescência, fungos — com alto risco de desenvolvimento de micotoxinas — e germinação em espiga, o que gera certa urgência pela retirada da cultura do campo.”
Já a colheita de arroz foi retomada e se aproxima do final, com 95% das áreas colhidas, beneficiada pelo clima com poucas chuvas nas regiões sul, centro e oeste do Estado, disse a Emater.
“Contudo, as perdas provocadas pela submersão de cultivos maduros e pelo acamamento de plantas estão consolidadas, levando muitos produtores a abandonarem as áreas remanescentes devido à inviabilidade técnica e econômica para realizar a operação”, disse a Emater.
A colheita de arroz também estava avançada no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro do cereal, quando as inundações atingiram o Estado. Mas há preocupações também com o sistema de armazenagem. As perdas nos silos não são claras, embora existam relatos de que algumas estruturas foram atingidas.