O CCC (Conselho do Café e do Cacau) da Costa do Marfim suspendeu cerca de 40 cooperativas suspeitas de estarem acumulando ilegalmente amêndoas de cacau para vendê-las a um preço mais alto aos exportadores que lidam para cumprir seus contratos, disseram duas fontes do órgão regulador na sexta-feira (17).
Os exportadores, que têm enfrentado escassez de oferta devido a doenças que atingem as lavouras e ao clima adverso, estão procurando maneiras de comprar amêndoas para honrar suas obrigações contratuais, e alguns fornecedores estão se aproveitando da situação, disseram as fontes.
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Cooperativas suspensas e compradores independentes estocaram mais de 60 mil toneladas métricas de cacau desde o início da safra intermediária no começo de abril, disseram as fontes da CCC à Reuters.
Embora não seja ilegal estocar grãos, no país é ilegal estocar para cobrar preços mais altos.
A suspensão, ordenada na semana passada para bloquear o comércio de algumas cooperativas e nesta semana para outras, tem como objetivo evitar o pagamento excessivo por parte de exportadores menores que estão tentando competir com compradores multinacionais de cacau.
Embora o preço de porteira de fazenda tenha sido fixado em 1.500 francos CFA (US$ 2,50) por kg para o período entre abril e setembro, algumas cooperativas e outros compradores estavam solicitando que as multinacionais pagassem entre 1.600 e 1.800 francos CFA nos portos de Abidjan e San Pedro.
“Fomos forçados a reagir vigorosamente e suspender cerca de 40 cooperativas e compradores para pôr fim a essa prática, que está desestabilizando o sistema de marketing doméstico e colocando alguns exportadores em dificuldades”, disse uma das fontes da CCC. Ambas pediram anonimato porque não estão autorizadas a falar com a mídia.
Os exportadores receberam bem a decisão do órgão regulador e disseram que, se os grãos não estivessem sendo estocados, as chegadas semanais seriam muito maiores do que as registradas desde o início da safra intermediária.
As chegadas de cacau aos portos do maior produtor mundial do principal ingrediente do chocolate caíram 29,3% em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Dois de meus fornecedores fazem parte das cooperativas suspensas. Eles me ofereceram cacau a 1.700 francos CFA por kg na última quinta-feira e nesta segunda-feira. Eu não aceitei”, disse à Reuters um gerente de uma empresa de exportação com sede em Abidjan. Ele também pediu anonimato.
“Isso tem que parar. Não há cacau suficiente este ano, portanto, devemos evitar complicar a situação já complicada”, disse outro exportador de cacau de San Pedro.
As duas fontes da CCC disseram que o órgão regulador estava fazendo um inventário dos estoques.
“As cooperativas e os compradores com contratos de entrega terão de entregar rapidamente, caso contrário, nós mesmos os encaminharemos a outros exportadores”, disse uma das fontes do órgão regulador do cacau.