O abate de bovinos no Brasil avançou 24,6% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, marcando um novo recorde trimestral da série histórica iniciada em 1997, enquanto os volumes da exportação seguem firmes e a pecuária vive um ciclo de maior oferta, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Brasil registrou nos primeiros três meses do ano abates de 9,30 milhões de cabeças bovinas, de acordo com dados que consideram algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Na comparação com o quatro trimestre de 2023, o crescimento foi de 1,6%.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Com os preços da arroba bovina encerrando o primeiro trimestre cerca de 20% abaixo do mesmo período do ano passado, produtores elevaram o abate de fêmeas, que aumentou 28,2% em relação ao primeiro trimestre de 2023, apresentando o resultado mais elevado de toda a série histórica para a categoria.
“Estamos num período de ampla oferta de animais para o abate, esses animais são provenientes de um ciclo de maior retenção de fêmeas observado entre 2019 e 2022, quando o preço dos bezerros estava em alta e a atividade reprodutiva das fêmeas tornou-se atrativa para os pecuaristas”, destacou o supervisor da pesquisa, Bernardo Viscardi, em nota.
“A partir de meados de 2022”, acrescentou ele, “observamos o ciclo inverso, o preço dos bezerros caiu e as fêmeas passaram a ser destinadas ao abate com maior intensidade, além dos animais criados no ciclo anterior de alta que chegaram à idade de abate neste ano.”
A conjuntura tem beneficiado empresas como a JBS, Marfrig e Minerva.
Na mesma comparação, o abate de machos subiu 21,7% e atingiu o maior resultado para um primeiro trimestre, notou o IBGE.
Conforme dados do centro de estudos Cepea, da Esalq/USP, os preços nominais da arroba terminaram o trimestre na faixa de 230 reais, bem abaixo dos quase 300 reais registrados ao final do mesmo período do ano passado.
Os preços atuais, em torno de 216 reais/arroba, estão nos menores níveis desde setembro do ano passado, segundo números do Cepea para o Estado de São Paulo.
As desvalorizações recentes na arroba estão ligadas ainda às condições das pastagens, ao final da chamada safra e ao “tradicional efeito manada” de produtores, que entregam seus animais temendo maiores quedas de preços, avaliou o Cepea recentemente.
O centro da Esalq notou também que as exportações seguem em ritmo crescente, impedindo quedas ainda maiores nos preços da carne no mercado interno.
Segundo o IBGE, janeiro foi o mês de maior atividade do trimestre, com um abate total de 3,15 milhões de cabeças, variação positiva de 23,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O abate de 1,84 milhão de cabeças de bovinos a mais no 1º trimestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano anterior, foi impulsionado por aumentos em 23 das 27 unidades da federação (UFs).
Foram registrados incrementos mais significativos em Mato Grosso (+420,07 mil cabeças), Goiás (+263,41 mil cabeças), São Paulo (+219,41 mil cabeças), Minas Gerais (+206,49 mil cabeças), Pará (+180,04 mil cabeças), Rondônia (+155,75 mil cabeças), Mato Grosso do Sul (+110,36 mil cabeças), Bahia (+58,08 mil cabeças) e Paraná (+46,73 mil cabeças). Em contrapartida, a variação negativa mais expressiva ocorreu no Rio Grande do Sul (-34,41 mil cabeças).
Mato Grosso continua liderando o abate de bovinos, com 18,3% da participação nacional, seguido por Goiás (10,8%) e São Paulo (10,0%).
NO FRANGO, SEGUNDO MELHOR
No segmento de frangos, o IBGE apontou 1,59 bilhão de cabeças, representando queda de 1,2% em relação ao mesmo período de 2023 e aumento de 4,0% na comparação com o quarto trimestre de 2023.
Este resultado é o segundo maior na série histórica da pesquisa, superado apenas pelo resultado alcançado no primeiro trimestre de 2023 (1,61 bilhão de cabeças), disse o IBGE em relatório.
“A queda no abate de frangos é provavelmente ocasionada por uma regulação na oferta de carne pelo setor. A carne bovina, proteína substituta ao frango, desvalorizou bastante nos últimos meses, o que dificulta o repasse de custos da cadeia produtiva da avicultura de corte ao consumidor final”, disse Viscardi.
O Paraná lidera amplamente o abate de frangos, com 34,6% da participação nacional, seguido por Santa Catarina (13,6%) e Rio Grande do Sul (11,9%).
O Brasil registrou no primeiro trimestre abates de 13,95 milhões de cabeças de suínos, representando quedas de 1,6% em relação ao mesmo período de 2023 e de 1,4% na comparação com o quarto trimestre de 2023, com o aumento da oferta de carne bovina influenciando.
“A desvalorização da carne bovina também afeta o escoamento da carne suína no mercado interno”, concluiu Viscardi.
Santa Catarina continua liderando o abate de suínos, com 29,8% da participação nacional, seguido por Paraná (22,3%) e Rio Grande do Sul (17,1%).