Resíduos plásticos flutuando no oceano estão entre as amostras mais repugnantes de depredação do meio ambiente. Esta não é apenas uma preocupação estética: o lixo muitas vezes acaba no organismo de animais marinhos. Segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), um milhão deles morre todos os anos por causa da poluição plástica, incluindo golfinhos e baleias. Nos EUA, por exemplo, e também no mundo todo, incontáveis toneladas de plástico são descartadas em aterros sanitários, emitindo gases de efeito estufa (GEEs) à medida que se decompõem.
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Em muitas partes do mundo, hoje há uma corrida para criar alternativas ambientais, utilizando materiais de base vegetal para produzir recipientes e embalagens. Uma delas é a da holandesa Avantium e que está no bom caminho para produzir plástico renovável. A biotech anunciou que até o final deste ano abre sua primeira fábrica sediada nos Países Baixos. (No mundo, ainda há poucas iniciativas para a produção em escala).
A Avantium utiliza culturas agrícolas como trigo, milho, beterraba e cana-de-açúcar para substitutos ao plástico, que serão utilizados em diversos itens de consumo, como os têxteis. O produto pode ser facilmente reciclado e emite 80% menos dióxido de carbono do que os plásticos à base de petróleo.
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Como matéria-prima para vários tipos de recipientes, diz o CEO Tom van Aken, ele é mais leve e fino do que os plásticos tradicionais. Além disso, é mais durável. “Uma garrafa de suco de fruta dura seis meses”, diz van Aken. “A nossa, seis anos.” O maior prazo de validade leva, por exemplo, à redução no desperdício de alimentos.
Entre os concorrentes Avantium neste mercado estão a Stora Enso, empresa sueca-finlandesa de energias renováveis, embalagens, madeira e produtos químicos; nos EUA, a gigante agrícola Archer Daniels Midland (ADM) e a multinacional química Dupont, grande produtora tradicional de plásticos.
No entanto, nenhum deles é um produtor puro de plásticos renováveis. A Avantium, sim. E isso a torna um atrativo interessante para investidores em busca de diferenciação no mercado.
A biotecnologia, em geral, atravessou altos e baixos nos últimos anos, emergindo na pandemia e depois caindo por causa das taxas de juro mais elevadas, recentemente. O fundo negociado em bolsa iShares Biotech subiu apenas 0,7% do início deste ano até o final de maio, enquanto o índice S&P 500 de mercado amplo avançou 11,2%.
A Avantium, com uma capitalização de mercado na ordem de US$ 219 milhões (R$ 1,1 bilhão na cotação atual) não é uma exceção, caindo 8% em 2024. Mas na bolsa holandesa, onde ela é negociada, disparou 16,1%.
A biotech Avantium, assim como outras experiências desse tipo, continua a operar no vermelho, segundo o seu relatório anual. Embora a receita tenha aumentado 11% em 2023, para 19,7 milhões de euros (R$ 111,2 milhões). Mas as perdas se aprofundaram em 14,9%, para 34,1 milhões de euros (R$ 192,9 milhões).
Entre os futuros clientes que hoje investem na biotech estão a fabricante de bebidas AmBev, Carlsberg e LVMH. O que amenizou o atual déficit foi um aumento de capital, em fevereiro deste ano, da ordem de US$ 76,1 milhões (R$ 396 milhões).
A Avantium começou a operar em 2000, depois que a Royal Dutch Shell a desmembrou. No início, era uma empresa de pesquisa e desenvolvimento para produtos farmacêuticos e químicos, depois mudou para plásticos renováveis e abriu o capital em 2017. Seu produto ainda está em fase de projeto-piloto, mas a nova unidade de produção permitirá que ela produza o polímero para clientes corporativos.
*Larry Luz, é colaborador da Forbes EUA e editor de mercados no Chief Investment Officer. Também passou pela Business Week, Money, Wall Street Journal e CBS MoneyWatch. É autor do livro Taming the Beast.