A China importou 10,22 milhões de toneladas de soja em maio, segundo dados da alfândega divulgados nesta sexta-feira, abaixo dos níveis de um ano atrás, mas acima dos volumes de embarque de abril, já que as boas margens de esmagamento sustentaram a demanda por grãos brasileiros mais baratos.
As importações de maio pelo maior comprador mundial da oleaginosa caíram 15% em relação ao recorde de 12,02 milhões de toneladas em maio de 2023, e ficaram aquém das chegadas esperadas de 11 a 12 milhões de toneladas.
As importações nos primeiros cinco meses do ano totalizaram 37,37 milhões de toneladas, 5,4% a menos do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados da Administração Geral de Alfândega.
O aumento dos preços dos suínos no maior mercado de carne suína do mundo sustentou a demanda por soja, que é triturada e transformada em farelo de soja para ração animal.
As importações são, em grande parte, do Brasil, o maior produtor mundial da soja, que normalmente envia a maior parte de sua safra de março a junho.
Mas enchentes no Rio Grande do Sul interromperam a colheita do Brasil nesta temporada, reduzindo as estimativas de produção do Estado e afetando a entrega de soja recém-colhida às unidades de secagem e armazenamento.
“Os dados de importação de soja da alfândega, de 10,22 milhões de toneladas, estão um pouco abaixo de nossa estimativa de 12 milhões de toneladas, pois alguns navios podem ter chegado, mas (ainda) não concluíram o desembaraço alfandegário”, disse Rosa Wang, analista da JCI, agroconsultoria sediada em Xangai.
“Poderemos ver chegadas maiores nos dados de importação de junho, mas considerando o impacto das enchentes no Brasil, prevemos um número menor de cerca de 11 milhões de toneladas para junho.”
No terceiro produtor, a Argentina, os agricultores estão acelerando as vendas atrasadas de soja, segundo os últimos dados do governo, ajudados pelos preços globais mais altos e pelas melhores condições climáticas para a colheita em andamento.
A China recebeu 50.000 toneladas de soja brasileira livre de desmatamento e conversão (DCF) em 31 de maio e está procurando obter produtos mais sustentáveis, o que, segundo os agentes do setor, é um marco para um país que prioriza o preço em detrimento da sustentabilidade em suas importações agrícolas.
A primeira lei de segurança alimentar da China com o objetivo de alcançar a “autossuficiência absoluta” em grãos básicos entrou em vigor no sábado, reforçando os esforços para reduzir sua dependência de compras no exterior.