As usinas da região centro-sul do Brasil processaram 45,19 milhões de toneladas de cana na segunda quinzena de maio, uma queda de 3,36% em relação ao mesmo período do ano passado, informou nesta sexta-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
Em meio a chuvas que prejudicaram a moagem em algumas regiões, o total processado na principal área produtora de cana do Brasil veio abaixo das expectativas de uma pesquisa da S&P Global Commodity Insights, que apontava 46,6 milhões de toneladas. O total produzido de açúcar no período ficou 200 mil toneladas abaixo do esperado.
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Segundo diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, a retração foi registrada por uma condição climática desfavorável para colheita em algumas áreas no Paraná, Mato Grosso do Sul e na região de Assis em São Paulo.
“Esse movimento foi parcialmente compensado pelo clima seco que favoreceu a colheita em Minas Gerais, Goiás e na região central do Estado São Paulo”, disse Rodrigues em nota.
Com a queda na moagem, a produção de açúcar na segunda quinzena de maio totalizou 2,70 milhões de toneladas, registrando redução de 7,72% na comparação anual.
As usinas destinaram 48,28% da matéria-prima para a produção de açúcar e o restante para etanol, um percentual também abaixo do esperado, de 49,83%.
O “mix” de açúcar também ficou ligeiramente abaixo do índice de 48,65% registrado no mesmo período do ano passado.
Em relação à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na segunda quinzena de maio atingiu 129,85 kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar, variação negativa de 3,78% versus o mesmo período da safra passada.
Segundo Rodrigues, em uma avaliação detalhada por unidade produtora, é possível verificar certa “dispersão na dinâmica” de produção de açúcar.
“Isso porque um terço das empresas ampliou a produção do adoçante por tonelada de cana-de-açúcar processada na última quinzena e os outros dois terços reduziram esse índice na comparação com o valor observado na mesma quinzena da safra 2023/2024”, afirmou.
Ele citou ainda que a menor concentração de ATR, o baixo nível de pureza, o elevado teor de açúcares redutores e o maior teor de fibra como fatores negativos para produção de açúcar em várias unidades na segunda quinzena de maio.
“Esses elementos estão associados à moagem de cana bisada, de matéria-prima que não completou o ciclo de desenvolvimento e de lavoura com maturação prejudicada pelas condições climáticas”, disse.
No acumulado da safra, a fabricação do adoçante totalizou 7,84 milhões de toneladas, alta de 11,80% ante o ciclo anterior, após usinas terem tido um início mais forte na temporada.
ETANOL QUASE ESTÁVEL
Na segunda metade de maio, a fabricação de etanol pelas unidades do centro-sul atingiu 2,12 bilhões de litros, ligeiramente acima da expectativa e com uma queda de apenas 0,2% ante o mesmo período do ano passado.
Do total, o setor produziu 1,28 bilhão de litros de etanol hidratado (+6,49%) e 837,67 milhões de litros de anidro (-8,95%).
No acumulado desde o início do atual ciclo, a fabricação do biocombustível totalizou 6,46 bilhões de litros (+10,42%), sendo 4,32 bilhões de etanol hidratado (+24,97%) e 2,14 bilhões de anidro (-10,59%).
Do total de etanol obtido na segunda quinzena de maio, 16% foram fabricados a partir do milho. No acumulado da safra, a produção do combustível a partir do cereal atingiu 1,20 bilhão de litros, avanço de 28,83%.
A Unica informou ainda que as vendas de etanol pelas unidades produtoras totalizaram 2,97 bilhões de litros no mês de maio, alta de 22,51% em relação ao mesmo período da safra 2023/2024. As vendas de hidratado, usado diretamente nos veículos, saltaram 46,80% (1,93 bilhão de litros) e as de anidro, usado na mistura da gasolina, recuaram 6,36% (1,03 bilhão de litros).