O primeiro projeto de créditos de carbono de remoção pela cultura de café, certificado com metodologia 100% nacional, chega ao mercado nesta semana. Ao todo, foram contabilizadas 1,9 mil toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma propriedade que cultiva 64 hectares de arábica, localizada no município de Monte Carmelo (MG).
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Pertencente à fazenda Santa Bárbara, a geração desses créditos de carbono é referente à remoção do carbono pela cultura em um período de nove anos, de 2015 a 2024, e seria suficiente para compensar as emissões de um grupo de cerca de 170 pessoas.
Trata-se do primeiro projeto de certificação e verificação de uma remoção de carbono na cultura cafeeira que se tem notícia no Brasil, de acordo com a Tero Carbon, a certificadora dos créditos. Também é resultado de um projeto de pesquisa que contou com a colaboração do LMF (Laboratório de Manejo Florestal) com o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Leia também:
- “O carbono no Brasil é um mercado boutique”, diz doutor da FGV-Rio
- Remoção de carbono precisa quadruplicar para atingir metas climáticas, diz relatório
- Fazendas e empresas se juntam para tornar realidade o mercado de carbono
Mudança de manejo
As atividades de uso e mudança do uso da terra na Fazenda Santa Bárbara começaram na década de 1970, com o cultivo de café, mas a partir da década de 1980 ela foi substituída pela bovinocultura de corte, leite e cereais. Em 2015, o proprietário retomou o cultivo de café a partir do plantio das variedades mundo novo e topázio, com foco em práticas
sustentáveis.
As mudanças no manejo da área resultou em inúmeras certificações de parceiros públicos e privados, tornando a fazenda Santa Bárbara sede de inúmeros experimentos. A produtividade do café na propriedade está associada a projetos que fortalecem a preservação da fauna e flora, favorecendo a estabilidade dos sistemas naturais essenciais para a produção do café, como tratamentos de resíduos, águas de cinzas e resíduos orgânicos, uso racional dos recursos hídricos e projetos de segurança alimentar, proteção de abelhas e produção de mel.
No caso da emissão do crédito de carbono, o projeto Eco Farm Santa Bárbara Coffee, verificado pela Tero Carbon, destaca-se por contemplar a atividade de remoção, método que considera a quantidade de carbono estocada e incrementada nos cafezais, explica Francisco Higuchi, CEO da certificadora e doutor em ecologia e manejo de florestas tropicais.
“A propriedade de Monte Carmelo transformou-se em mitigadora do impacto ambiental através da remoção de GEEs (gases de efeito estufa) da atmosfera. Isso ocorre porque o cultivo do café contribui para o sequestro de carbono atmosférico, auxiliando na redução das concentrações de CO 2 na atmosfera.” Higuchi destaca que além de remover e estocar o CO 2 , plantações de café sustentáveis também armazenam e emitem vapor de água para a atmosfera.
O projeto Santa Bárbara está sendo certificado com a metodologia TERO.004 (Estoque de Carbono em Sistema Agrossilvipastoril), dentro do setor Afolu (Agricultura, floresta e outros usos da terra), graças à sua abordagem inovadora.