O governo federal decidiu anular o leilão de arroz importado realizado na semana passada, em meio a suspeitas de conflito de interesse envolvendo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, que pediu demissão nesta terça-feira.
O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, também citaram nesta terça-feira, em entrevista a jornalistas, questionamentos sobre a capacidade técnica e financeira das empresas ganhadoras do leilão.
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Ao todo, a Conab viu quatro arrematantes se comprometerem no leilão com a venda de 263,37 mil toneladas de arroz importado, em uma operação de 1,3 bilhão de reais. O objetivo do governo é ampliar a oferta do cereal no país, garantindo o produto a custos baixos para a população, após as enchentes no Rio Grande do Sul.
A saída de Geller estaria ligada ao fato do ex-assessor Robson França ter representado, por meio da Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso, empresas vencedoras no leilão, conforme reportagens publicadas no jornal O Estado de S. Paulo e Valor Econômico.
Ainda segundo uma fonte ouvida pela Reuters, o filho de Geller, Marcelo, é sócio de França.
Fávaro disse que conversou com Neri Geller pela manhã. “Ele fez uma ponderação dizendo que quando o filho estabeleceu uma sociedade, ele não era secretario de Política Agrícola, a empresa não está operando, não participou do leilão, não há nenhum fato que desabone ou gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno”, disse Fávaro.
O ministro disse que aceitou o pedido de demissão de Geller.
Após anular a operação da semana passada, o governo realizará um novo leilão de arroz importado, com regras mais transparentes e que permitam às autoridades saberem quais empresas estão se habilitando para o certame.
Segundo o ministro, o objetivo é garantir que população brasileira tenha acesso a arroz a baixo custo, uma vez que a oferta ficou mais apertada no país após as enchentes que atingiram parte das lavouras no Rio Grande do Sul, o principal Estado produtor.
“O presidente Lula participou dessa decisão de anular e realizar um novo leilão, mais aperfeiçoado…”, disse o ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
O presidente da Conab afirmou ainda que, pelas regras atuais, as empresas participantes dos leilões são representadas por bolsas de mercadorias, e só depois o governo fica sabendo quem são os vencedores.
“Após o leilão, começou questionamento se teriam capacidade técnica e financeira de honrar compromissos de volume expressivo de dinheiro público”, disse Pretto.
“Com todas as informações que reunimos, decidimos anular o leilão e vamos revisitar os mecanismos estabelecidos para esses leilões”, disse.