A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou nesta quinta-feira números de safras passadas de soja do Brasil, o que resultou em um suprimento adicional de 4,2 milhões de toneladas para 2024 (ciclo 2023/24), permitindo que uma alta nas exportações impacte menos a oferta no maior produtor e exportador global da oleaginosa.
O volume da safra nacional de 23/24 praticamente não mudou, sendo estimado em 147,7 milhões de toneladas, mas o suprimento passou para 155,9 milhões de toneladas, de 151,7 milhões de toneladas.
A Conab afirmou que realizou ajustes nas áreas plantadas entre as safras 2019/20 e 2023/24, impactando números de colheita em Tocantins, Goiás, Maranhão e Mato Grosso do Sul. E a estatal ainda alertou que novas reavaliações do seu quadro e demanda podem ser feitos ainda neste ano.
“Ajustes adicionais de área e produção poderão ser realizados ainda em 2024, já que a Conab continua a aprimorar sua metodologia de análise de campo e análise de área por imagens de satélites”, disse a companhia em nota.
No mesmo relatório que elevou a previsão para o suprimento, a Conab aumentou sua projeção mensal de exportações de soja neste ano para 98 milhões de toneladas, de 92,4 milhões de toneladas, colocando o número atual em linha com o dado da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec).
Isso deixa o volume da exportação do Brasil em 2024 mais próximo do recorde de 101,86 milhões de toneladas de 2023, embora a safra deste ano tenha caído mais de 5%, por conta de intempéries.
Para a 2024/25 de soja, que está sendo plantada e será colhida em grande parte no primeiro trimestre do ano que vem, a Conab afirmou que as condições climáticas estão favoráveis, estimando-a em 166,14 milhões, com leve ajuste para cima ante a previsão de outubro, mas que resultará em um crescimento de 12,5% na colheita brasileira.
A área plantada com a oleaginosa deve crescer 2,6% em relação à temporada passada, para 47,35 milhões de hectares (ante 47,33 milhões de hectares vistos em outubro), enquanto a produtividade deve aumentar 9,6% na comparação anual, para 3.508 kg/ha (estável frente à previsão do mês anterior).
“As condições climáticas, nesse período inicial, vêm favorecendo as atividades de preparo do solo e a semeadura, que já atinge 66,1%, acima do percentual semeado na última safra no mesmo período”, afirmou o relatório, sobre a soja.
Em relação ao mercado para a oleaginosa, a Conab citou que os preços internos da soja registraram alta em outubro, impulsionados pela valorização do dólar e pela demanda aquecida.
Com as mudanças maiores nos volumes de exportação do que no suprimento, a Conab estimou o estoque final de soja em 2023/24 em 1,99 milhão de toneladas, versus 3,36 milhões na projeção de outubro. Isso significa que o Brasil passará com menos reservas para a nova temporada 2024/25.
MILHO E OUTROS
A estatal também fez ajuste para cima da estimativa da safra nova total de milho (2024/25), agora vista em 119,81 milhões de toneladas, contra 119,74 milhões estimados no mês passado, versus 115,7 milhões na temporada passada.
O grosso da produção de milho do Brasil vem na segunda safra, que será plantada apenas em 2025.
Com as estimativas para a soja e milho, os dois principais grãos do Brasil, a Conab estimou a safra total do país em 322,53 milhões de toneladas, aumento de 8,2% se comparado com o resultado obtido no último ciclo, o que representa cerca de 24,6 milhões de toneladas a mais a serem colhidas.
“O crescimento reflete uma estimativa de elevação na área plantada e uma expectativa de recuperação na produtividade média das lavouras no país”, disse a Conab.
O volume total considera outros produtos, como arroz, feijão, trigo, algodão, entre outros.
No geral, os agricultores deverão semear ao longo deste ciclo 81,4 milhões de hectares, ante os 79,9 milhões de hectares cultivados em 2023/24, segundo o 2º Levantamento de Grãos da Safra 2024/25, divulgado nesta quinta-feira.