O Brasil é o maior exportador global de proteína bovina e continua honrando essa posição sem perspectiva de perder o posto. Com o fechamento dos dados do mês de dezembro, as vendas de 2024, agora oficiais de carne in natura, industrializada e miúdos, foram de exatos US$ 12,826 bilhões (R$ 78,6 bilhões na cotação atual), um aumento de 21,7% na comparação com 2023, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa).
Em volume, o Brasil embarcou para 2,873 milhões de toneladas, o que equivale a um aumento de 25,5%. O crescimento do volume embarcado, abaixo dos dólares internalizados, significa que o preço por arroba caiu. A baixa foi da ordem de 3%.
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Do total exportado, a carne in natura (entre congelada e resfriada), onde está a maior demanda global, faturou foi de US$ 11,657 bilhões por 2,546 milhões de toneladas. O crescimento em valor foi de 22% e em volume 26,9%, na comparação com as exportações de 2023 dessa categoria.
Exportar mais é reflexo do aumento da produção interna de carne, que também foi recorde no ano passado. A agroindústria frigorífica deve fechar 2024 com processamento de 10,2 milhões de toneladas, segundo dados do governo. Isso significa que a maior parte da carne bovina fica mesmo na mesa do brasileiro.
Mas exportar é fundamental para a agroindústria. A China mantém seu primeiro lugar entre os principais importadores, com US$ 6 bilhões (R$ 36,7 bilhões). Estados Unidos e Emirados Árabes seguem, respectivamente, com US$ 942,7 milhões (R$ 5,7 bilhões) e US$ 596,8 milhões (R$ 3,6 bilhões).
Além do bloco da frente, vale destacar um grupo importante de países que vêm aumentando as compras de carne bovina brasileira. Entre eles estão Hong Kong (US$ 199,8 milhões ou R$ 1,2 bilhões), que destina praticamente toda a carne para o mercado chinês. Também são importantes a Rússia (US$ 45,7 milhões ou R$ 280 milhões) e o Egito (US$ 23,8 milhões ou R$ 145,6 milhões), mais o bloco dos países europeus. A União Europeia comprou do Brasil US$ 36,6 milhões em carne (R$ 224,3 milhões).
Em entrevista à Forbes Agro, Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), avaliou o cenário de tendências para o setor em 2025. Confira:
Quais são as expectativas e perspectivas para o setor em 2025?
Temos uma expectativa de crescimento da produção de carne bovina e do fornecimento para o mercado interno e externo. Haverá um aumento da demanda de novos mercados que se abrirão para o Brasil.
Com relação às tendências, em termos de sustentabilidade e inovação tecnológica, o que se pode esperar?
Em 2024, tivemos o lançamento do Plano Nacional de Rastreabilidade Individual, um grande marco. Com isso, vamos ter oportunidade de modernizar a cadeia e a produção, através dessa rastreabilidade, trazendo ainda mais sustentabilidade para a pecuária brasileira, o que vai atender a demanda de mercados mais exigentes.
Estou muito confiante que vamos conseguir, dentro desse processo que foi construído junto com o Ministério da Agricultura, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Abiec, chegar nessa questão do rastreamento individual. Além também da plataforma Agro Brasil+ Sustentável, que foi lançada pelo Ministério da Agricultura, e que vai agregar muito valor à nossa produção e tirar todas as restrições que possam haver sobre as exportações brasileiras.
Quais desafios a pecuária bovina deve enfrentar em 2025?
O desafio é a modernização da cadeia, a questão da sustentabilidade e da manutenção da sanidade. O Brasil, em 2025, será declarado pela Organização Mundial de Saúde Animal como um país todo livre de febre aftosa sem vacinação, o que representa um grande marco técnico-científico do Brasil. Temos desafios também na área da integração e modernização da cadeia, e em conseguir comprovar isso para os mercados, tanto nacionais quanto externos.
Mas estou animado com a perspectiva de incremento da produção e espero que a gente possa, cada vez mais, fornecer ao mercado interno, que representa cerca de 75% da nossa produção, e com cerca 25% restantes para o mercado externo, com qualidade, sanidade, e principalmente a sustentabilidade que é tão exigida hoje no exterior.
Sobre as exportações de carne bovina, há expectativas para abertura de novos mercados?
Sim, nós temos hoje quatro principais mercados que são os nossos alvos de negociação intensa, que são Japão, Turquia, Coreia do Sul e Vietnã. Esses países representam hoje quase 30% do mercado de proteína bovina global, e o Brasil ainda não tem acesso a eles.
Então, se abrirmos esses mercados, vamos conseguir abrir também uma nova janela de oportunidade para o setor agropecuário brasileiro, principalmente para indústria da carne, possibilitando ainda maiores volumes de exportações, de geração de riqueza para o Brasil e para o interior do país, onde a produção pecuária é pujante.
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