Estima-se, em nível mundial, que as pessoas passam mais de 80% do seu tempo em ambientes fechados, os quais respondem por cerca de 75% de toda a ingestão da massa de ar consumida. Nesse contexto, a preocupação com a qualidade do ar nesses espaços cresce amplamente em todo o mundo contemporâneo.
A qualidade do ar interno pode ser medida por diferentes indicadores, sendo os mais frequentes aqueles que avaliam os teores presentes de gás carbônico (CO2), amônia, Compostos Orgânicos Voláteis – COV (formaldeído, benzeno, tricloroetileno, tolueno, xileno e etilbenzeno, entre outros) e materiais particulados definidos como um conjunto de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido ou líquido que se mantém suspenso na atmosfera em decorrência de seu pequeno tamanho.
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Os efeitos dos poluentes do ar interno sobre a saúde de seres humanos incorporam problemas respiratórios, como asma, diferentes tipos de alergia, fadigas, dores de cabeça, vômitos e mal-estar geral, entre outros e, em casos de maior gravidade a morbidade por aumentar. Além de humanos, a qualidade inadequada dos ambientes é também nociva a animais e plantas domésticas.
Os estudos sobre o papel das plantas na purificação do ar interior adquiriram notabilidade internacional a partir das pesquisas realizadas pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), na década 1970 a 1980. Desde então, vem se multiplicando o número de pesquisas realizadas sobre o tema nos mais diversos países.
Os estudos originalmente conduzidos por pesquisadores no âmbito da NASA contemplaram 12 espécies de plantas bastante utilizadas, à época, em ambientes interiores. Atualmente, mais de 50 espécies vegetais de plantas ornamentais já foram testadas e comprovaram seus benefícios de fitorremediação do ar. Se a elas forem somadas às contribuições das associações entre solos, plantas e micróbios presentes na região das raízes (rizosfera) dos vasos das plantas ornamentais cultivadas, a listagem é acrescida significativamente.
Cabe destacar que as diferentes espécies vegetais estudadas possuem efeitos diferenciados segundo o poluente considerado. Assim, sabe-se que a hera (Hedera helix), o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii), o singônio (Syngonium podophyllum) e o cipó-uva ou hera-uva (Cissus rhombifolia) possuem ação na redução das concentrações de benzeno e tolueno no ar interno.
Por sua vez, o clorofito (Chlorophytum comosum) pode reduzir em até 50% a concentração de formaldeído. Aglonema (Aglaonema modestum), palmeira camedórea-elegante (Chamaedoreae elegans) e filodendro (Philodendron sp) contribuem para a redução dos teores de benzeno, tolueno, xileno e n-hexeno em ambientes internos.
Níveis altos de CO2 em ares interiores podem ser reduzidos na presença de espatifilum (Spathiphyllum floribundum), yucca (Yucca elephantipes), comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia amoena), fícus benjamina (Ficus benjamina), antúrio (Anthurium andreanum) e singônio (Syngonium podophyllum), entre outras plantas ornamentais.
Em âmbito institucional e comercial, destaca-se no Brasil o projeto “Plante Ar Puro”, concebido e conduzido pela Cooperativa Veiling Holambra – CVH, que se materializa no portal “Inspire Veiling”. O projeto tem foco na informação, sensibilização e educação dos consumidores a respeito do convívio com as plantas ornamentais e sobre a saúde e bem-estar proporcionado por essas práticas.
O conteúdo disponibilizado é composto por narrativas sobre experiências de pessoas, vídeos educativos e motivacionais, dicas, textos e matérias de cunho informativo, elaborados a partir de resultados de pesquisas científicas internacionais sobre os benefícios da presença das plantas ornamentais nos ambientes interiores, especialmente na purificação do ar. Além disso, explora o conhecimento sobre os efeitos das plantas na diminuição da ansiedade, do estresse e nos estímulos à harmonia, equilíbrio, concentração mental e melhoria da saúde em geral.
A cada dia, novas descobertas a respeito dos benefícios do convívio próximo das plantas acontecem. Hoje em dia, já sabemos pela ciência que elas contribuem com a disponibilização de hormônios de bem-estar, do sono e da alegria. Trabalhar com o solo que as sustenta pode gerar contatos com microrganismos altamente benéficos para a saúde intestinal humana, que, por sua vez, possui larga interferência no bom funcionamento do cérebro.
Então, não há por que não se beneficiar de todas essas potencialidades gentilmente fornecidas pela natureza e trazer plantas para viverem em nossa companhia. Saúde, bem-estar e alegrias para todos junto de suas plantas!
*Raquel Steltenpool é empresária do setor de flores e plantas Ornamentais. Filha de produtor rural, é diretora da empresa Steltenpool Flores e Plantas e também diretora de mercado pelo Ibraflor (Instituo Brasileiro de Floricultura). Tem pós-graduação em gestão de pessoas e é especialistas em funcionamento de equipes pela SBDG.
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