A incessante alta do preço do café arábica continuou nesta terça-feira (04), com o mercado estabelecendo um novo recorde pela nona sessão consecutiva, já que os torrefadores se esforçaram para garantir o fornecimento e os agricultores permaneceram relutantes em vender.
Os contratos futuros do café arábica na bolsa ICE, usados como referência global de preços, atingiram o recorde de US$ 3,8990 (R$ 22,47) por libra-peso no início do pregão e subiam 2%, para US$ 3,887 (R$ 22,41) por libra-peso, por volta das 13h (horário de Brasília), elevando os ganhos do ano para cerca de 20% até o momento. No ano passado, os ganhos foram de 70%.
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Os negociantes disseram que os investidores especulativos estão se acumulando no mercado de café principalmente no lado da compra, levando os torrefadores a se envolverem em compras de pânico e os agricultores a reterem as vendas na esperança de que os preços possam subir ainda mais.
“A meta natural para esta semana é testar o limite de US$ 4 (R$ 23,06)”, disse um negociante.
O arábica tem sido apoiado por uma queda esperada na produção do Brasil, o maior produtor, nesta temporada, em parte devido à seca do ano passado, embora alguns especialistas digam que a nova safra pode não ser tão ruim quanto se temia inicialmente, graças às amplas chuvas recentes.
O café robusta, uma variedade geralmente mais barata usada principalmente para fazer café instantâneo, subia 2% no mesmo horário, para US$ 5,656 (R$ 32,60) a tonelada métrica, depois de atingir o pico de US$ 5,840 (R$ 33,66) na semana passada, o preço mais alto desde que o contrato começou a ser negociado em 2008.
“Quando os preços do café estão tão altos, os fundamentos começam a ter menos importância. Os especuladores especularão. Muitos se sentiriam atraídos pelo café depois do que aconteceu com o cacau e da alta que muitos deles perderam”, disse o Rabobank.
O Rabobank acrescentou que o mercado também está preocupado com a possibilidade de o presidente dos EUA, Donald Trump, impor tarifas comerciais aos países sul-americanos que são os principais produtores de café.
“A América Latina está no horizonte do presidente. A incerteza em relação às tarifas e às guerras comerciais é uma incerteza para o café”, disse.